Cotidiano
Empresa criou comissão interna para dimensionar situação de comunidades. Apesar de constatar a recuperação da água, Cetesb ainda não concluiu o estudo sobre a qualidade do pescado para consumo
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A sexta reunião da Comissão Especial de Vereadores (CEV) que discute os desdobramentos do incêndio ocorrido na Alemoa, em Santos, debateu ontem as medidas tomadas pela Ultracargo, dois meses após o acidente, para amenizar os danos ambientais e sociais causados aos pescadores que atuam na região do Rio Casqueiro.
O gerente executivo da Ultracargo, Fernando Coutinho, e o advogado da empresa, Luiz Flávio D’Urso, explicaram que foi instalada uma comissão interna para dimensionar a situação, a qual realizou uma série de visitas às comunidades pesqueiras. Os profissionais da Ultracargo conversaram com as principais lideranças comunitárias a fim de realizar um diagnóstico mais profundo acerca dos problemas enfrentados pelos pescadores após o incêndio nos tanques.
Os representantes da Ultracargo ainda comentaram sobre a informação divulgada recentemente pela Companhia Ambiental do Estado (Cetesb) de que a água do canal do estuário não está mais contaminada com combustíveis e de que o índice de oxigênio já voltou ao normal. Apesar de constatar a recuperação da água, a Cetesb ainda não concluiu o estudo sobre a qualidade do pescado para consumo. Dessa forma, continua o impasse sobre a venda do pescado na região.
O presidente da OAB-Cubatão, Luiz Marcelo Moreira, questionou a distribuição de cestas básicas realizada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Ele contou que os alimentos estavam em Bauru, mas que o órgão federal não tinha como transportá-los para o escritório regional do MPA. Moreira disse que só algumas cestas foram entregues porque muitos pescadores estão sem a documentação comprobatória relativa ao ofício profissional.
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Marli do Santos, presidente da Associação dos Pescadores, disse que esse imbróglio causou um clima desagradável na comunidade pesqueira, uma vez que alguns receberam as cestas e outros não. Ela também explicou que o transporte dos alimentos só foi possível por conta da ajuda da Ultracargo, que disponibilizou o caminhão.
Marli afirmou também que sua entidade ainda não pediu indenização à Ultracargo na Justiça porque não dispõe dos laudos conclusivos e do resultado final da investigação policial. Marli considera possível um acordo entre a empresa e os pescadores.
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Por outro lado, o advogado Fabio Ribeiro Dib, coordenador da Comissão de Meio Ambiente da OAB/Cubatão, disse que já solicitou o relatório da auditoria ambiental, conforme prevê a resolução CONAMA n°306/2002, à Ultracargo, mas que até hoje a empresa não entregou a cópia do documento.
Em 23 de abril, em reunião da CEV, Herbert Passos Filho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e de Fertilizantes da Baixada Santista, disse que a Ultracargo já tinha sido alertada pelo sindicato sobre incidentes e falhas operacionais no transporte, manuseio e armazenamento de líquidos perigosos.
A Ultracargo ficou de providenciar os documentos solicitados pela comissão. O relatório final da CEV será enviado ao Ministério Público do Estado.
O presidente da CEV, vereador Severino Tarcício (PSB), o Doda, lamentou a ausência dos representantes da Cetesb e da Prefeitura. “Eles foram convidados, mas demonstraram, mais uma vez, descaso com o Legislativo”.
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O presidente da Câmara, Aguinaldo Araújo (PDT), vereador Ivan Hildebrando (PDT), e o gerente regional do CIESP, Valmir Ramos Ruiz, também participaram da reunião da CEV.
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