Continua depois da publicidade
O anúncio de fechamento do pronto-socorro obstétrico da Casa de Saúde de Santos, responsável por 1 mil atendimentos a mulheres por mês, gerou preocupação não somente nas gestantes pacientes do hospital, mas também em instituições como o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), a Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp) e da Secretaria Municipal de Saúde de Santos.
O conselheiro responsável do Cremesp, Luiz Flávio Florenzano, afirmou que o Conselho está acompanhando as negociações, porém não tem como intervir com uma resolução. Ele disse que está participando para que haja um resultado satisfatório à população. “É uma decisão administrativa. É necessário adequar o repasse dos convênios para os hospitais. Os convênios não pagam o suficiente”, afirmou o médico que alega também que os hospitais não conseguem manter suas estruturas com a atual forma de repasse dos planos de saúde. “Eu tenho certeza que nenhum hospital deixaria de ter o serviço de pronto atendimento se houver condições financeiras”.
A preocupação do Cremesp, responsável por supervisionar as ações e atendimentos médicos, é com a adequação desse novo modelo que a Casa de Saúde pretende adotar, de atendimentos e partos agendados, por cesárea, e não urgentes e de risco. O conselho vai avaliá-lo e caso não seja o ideal, atuará por “um exercício humanizado e ético nos hospitais”, afirmou Luiz Flávio.
Sérgio Floriano de Toledo, médico e presidente da Sogesp de Santos e Região, também afirma que é uma decisão administrativa e afirma que é necessário “uma melhoria na remuneração para os hospitais”. A preocupação de Sérgio reflete no possível cenário de caos no atendimento das maternidades locais e de uma superlotação nos hospitais que irão manter os atendimentos de pronto-socorro em pleno funcionamento. Ele defende achar um meio termo na negociação entre a Casa de Saúde, os planos conveniados e demais hospitais. “A Sogesp vai trabalhar para tentar evitar um caos na obstetrícia, na Baixada Santista. Mas é necessário manter um atendimento digno, como mantém a Casa de Saúde, para isso é necessário melhorar o repasse dos convênios para os hospitais”, disse.
Continua depois da publicidade
Sérgio Floriano afirmou que existem algumas medidas protocolares no Ministério Público, mas descartou a possibilidade da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo entrar com alguma ação direta no MP, pois por enquanto não há motivação para isso, já que o fechamento do pronto-socorro da Casa de Saúde será oficializado em 1º de maio. “Caso a Casa de Saúde venha encerrar todos os serviços de maternidade, que não acreditamos que vá, o próprio MP irá intervir”.
Negociação com os planos
Continua depois da publicidade
Florenzano explicou que o conselho tem procurado negociar um valor com os planos de saúde em busca de um percentual que seja possível aos hospitais em manter o serviço administrativamente. Ele informou que em 7 de abril haverá uma paralisação nacional contra os convênios de saúde. “A população precisa saber o quanto antes como os planos tratam os conveniados, os hospitais, e o quanto eles repassam do valor que recebem”.
Falta de atendimento
No domingo, 23, Nilson Regalado afirma que sua esposa, Maeve Sartori, grávida de 38 semanas, teve atendimento negado na Casa de Saúde, mesmo sentindo fortes dores. Apesar do hospital afirmar que o atendimento do pronto-socorro encerrará suas atividades em 1º de maio, Maeve não foi atendida com a justificativa que para casos direcionados ao PS não atenderia.
Continua depois da publicidade
Maeve procurou então a Santa Casa, onde após esperar não pode ser atendida, pois somente uma médica residente efetuava os atendimentos que, segundo Regalado, justificou que a médica responsável estava em horário de almoço às 16h30 do domingo. “É uma vergonha para Santos este fato. Você tem plano de saúde e não é atendido. O atendimento foi negado na Casa de Saúde, e na Santa Casa só tinha uma residente atendendo”, afirmou Nilson.
Procuramos a Secretaria de Saúde de Santos e o secretário Marcos Estevão Calvo afirmou que entrou em contato com a direção do hospital para saber de possíveis reclamações e do fato registrado por nossa equipe. Ele afirmou que nada foi relatado e que os médicos estavam de plantão. Porém afirmou que é necessário apurar este caso.
A respeito do fechamento do pronto-socorro da Casa de Saúde, Calvo declarou que “a maternidade do hospital é de fundamental importância para a saúde de Santos” e que conversará com um representante da Casa de Saúde hoje e que a Prefeitura e a Secretaria estão à disposição para ajudar a Casa a manter o atendimento. “Vamos fazer um apelo para sensibilizar a maternidade e se preciso atuaremos como mediadores no caso. Estamos aqui para ajudar no que podermos”, afirmou.
Continua depois da publicidade
O secretário de Saúde, Marcos Estevão, em entrevista à nossa equipe, ainda afirmou que ontem teve a confirmação por parte do Hospital São Lucas que declarou ao secretário que já teve uma resolução na negociação com a Unimed e que não fechará seu pronto-socorro obstétrico, independente do fechamento do PS da Casa de Saúde. “A população precisa ter segurança em ser atendida em caso de urgência. Vamos lutar para isso acontecer. É hora de conversar e negociar um meio termo que seja bom para todos”, finalizou.
O caso
Na última sexta-feira, a Casa de Saúde de Santos anunciou que pretende fechar o pronto-socorro obstétrico, a partir de 1º de maio, por motivos financeiros e administrativos. Em dezembro passado, a Sociedade Portuguesa de Beneficência encerrou os serviços de maternidade pelos mesmos motivos.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade