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Organizações sociais de todo o mundo aprovaram a encíclica sobre meio ambiente que o Vaticano divulgou oficialmente hoje (18). No documento pontifício - espécie de carta aos bispos, fiéis e a toda a população interessada -, o Papa Francisco lembra que a poluição atmosférica provoca milhões de mortes prematuras, particularmente entre os mais pobres.
Na encíclica, o Papa concorda com os estudos científicos que apontam a ação humana como maior causadora do aquecimento global e reforça a tese de que, se nada for feito, o desabastecimento e o controle d´água por grandes empresas se transformará em uma das principais fontes de conflitos das próximas décadas.
Para o Greenpeace, organização não governamental (ONG) de proteção ambiental, a divulgação do documento papal a menos de seis meses da 21ª Conferência das Partes da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, a COP-21, é um forte sinal de que o mundo precisa de um acordo relevante,para evitar que o meio ambiente continue sendo degradado. A organização aponta ainda que os líderes mundiais precisam dar uma resposta à altura do desafio climático. A conferência está agendada para dezembro, em Paris, na França.
Em nota, o Greenpeace diz que considera “extremamente valiosa” a intervenção do Papa Francisco e que a encíclica é “clara e franca” ao tratar da necessidade de mudanças políticas mundiais.
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“As palavras do Papa devem servir para afastar os governantes de seu comportamento apático. Elas são um incentivo para que os líderes aprovem legislações severas de proteção ao clima em seus países. E para que, em Paris, no final do ano, cheguem a um sólido acordo sobre o clima”, diz a nota do Greenpeace. A organização ambiental cobra do Brasil o fim do desmatamento e mais investimentos para expandir o uso de fontes de energia renováveis, como a solar.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também se pronunciou sobre o assunto. Durante entrevista coletiva em Brasília, esta tarde, o presidente da instituição religiosa e arcebispo de Brasília, Dom Sergio da Rocha, destacou que, no texto, o papa Francisco conciliou a crença mística com o rigor científico, embasando sua argumentação em dados de pesquisas recentes e em sua própria fé.
Já o vice-presidente da CNBB, Dom Murilo Krieger, destacou o realismo, a proatividade e a coragem da encíclica. “Esta encíclica aborda a atual situação mundial em termos de meio ambiente, mas não fica apenas nisso, na crítica. Ela aponta caminhos, dá esperança de que é possível mudar a situação. E é corajosa ao propor que é necessário uma mudança de mentalidade”, afirmou.
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Na encíclica, entre outras coisas, o Papa Francisco afirma que, além de a sociedade ainda não dispor da “cultura” necessária para enfrentar a crise ambiental, faltam lideranças capazes de apontar novos caminhos para satisfazer as necessidades das gerações atuais, sem prejudicar as gerações futuras.
O Papa é taxativo ao manifestar sua preocupação com a “fraqueza da reação política internacional” ao problema. Segundo ele, a submissão da política à tecnologia e à economia pode ser constatada na “falência” das cúpulas mundiais sobre o meio ambiente, cujos resultados são sempre inferiores às expectativas.
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“Há demasiados interesses particulares e, com muita facilidade, o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum e manipular as informações para não ver afetados seus projetos”, destaca a encíclica.
“Cresceu a sensibilidade ecológica das populações, mas é ainda insuficiente para mudar os hábitos nocivos de consumo, que não parecem diminuir […] Entretanto, os poderes econômicos continuam a justificar o sistema mundial atual, onde predomina a especulação e a busca de receitas financeiras que tendem a ignorar todo o contexto e os efeitos sobre a dignidade humana e sobre o meio ambiente”, diz o texto.
O subsecretário-geral da ONU e diretor-executivo do Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, divulgou nota em que compara o apelo do papa Francisco por mudanças que detenham a degradação ambiental a um “toque de clarim que ressoa, não só para os católicos, mas para todos os povos da Terra”.
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“Não devemos esquecer que os mais pobres e vulneráveis são os que mais sofrem com as mudanças que estamos vivenciando. A gestão ambiental dos seres humanos para o planeta deve reconhecer os interesses, tanto das gerações atuais, como das futuras”, afirma Steiner, reforçando que a busca por respostas aos atuais problemas é um imperativo moral.
“Diante do que sabemos hoje, tanto sobre o estado do nosso planeta quanto sobre as escolhas que podemos fazer, não pode haver dúvidas ante o risco de sofrermos graves consequências. Todos devemos reconhecer a necessidade de reduzir o nosso impacto ambiental, além de consumir e produzir de forma sustentável”, disse o subsecretário-geral da ONU. Ele se mostrou esperançoso de que um acordo sobre o clima, durante a COP-21, traga oportunidades de “alterarmos positivamente o curso da história, criando um mundo melhor e mais justo para todos”.
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