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A atuação de um motoboy gera produção de 3 toneladas de CO 2 por ano. Se as entregas feitas por esse profissional fossem feitas de bicicleta ou por scooters elétricas, a poluição seria zero. O dado é destacado pelo empresário Raphael Almeida Gil, sócio da Carbono Zero Courier.
A empresa atua há cerca de um mês e meio na Baixada Santista e há quase em cinco na Capital fazendo entregas por bicicletas e por scooters elétricas, sem a emissão de carbono (elemento poluente) no ar. Advogado de formação, com 30 anos de idade, Raphael Almeida Gil conversou com o Diário do Litoral para explicar o funcionamento da empresa e avaliou a malha cicloviária local.
A Carbono Zero Courier pode ser acessada pelo site www.carbonozerocourier. com.br onde o interessado, após um rápido cadastro, informa onde a mercadoria tem de ser levada e a partir de que local. E ele pode acompanhar o ciclista através de um sistema de GPS.
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Diário do Litoral – Como surgiu a ideia de criar uma empresa para fazer entregas usando apenas bicicletas e scooters elétricas?
Raphael Almeida Gil – A ideia surgiu de dois fundadores, que queriam algo sustentável e contribuir com o meio ambiente, usando principalmente as bicicletas para fazer as entregas.
DL – Quanto tempo a empresa atua na Capital e na Baixada Santista?
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Gil – Na Capital completará 5 anos em novembro. Na Baixada, há cerca de um mês e meio.
DL – Como foi a aceitação dos clientes ao contratarem esse serviço?
Gil – Todos os clientes gostaram da agilidade, da rapidez. Falaram muito que é mais rápido do que os motoboys. O tratamento também um diferencial. Ocorre muito de os motoboys se estressarem com trânsito ou com a procura de vagas para estacionar. Com a bicicleta não tem isso. Usa a ciclovia e consegue estacionar mais facilmente. É bem mais prático.
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DL – A empresa treina os bikers. Como é feito esse treinamento?
Gil – É mais para dar atenção às necessidades do cliente. Também são dados cursos de mecânica para as bicicletas. Damos treinamento para eles estarem com as bicicletas sempre em dia e não terem tanto desgaste do material. O treinamento é rápido, feito uma vez por mês.
DL – Há algum comparativo quanto à média de atendimento por bicicleta, comparando com a entrega por moto?
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Gil – Para curtas distâncias, até 5 ou 10 km, é o mesmo tempo. Em São Paulo é feito um desafio de modal, separando carro, moto, transporte público, táxi, em um percurso de 10 km, saindo da Praça da Sé até o Viaduto do Chá para ver quem chega primeiro. A bicicleta, no ano passado, ganhou da moto, chegando um minuto e pouco antes da moto. A moto tem sempre a questão de ligar, parar, desviar de carro, fazer conversão.
DL – E, em dias de chuva, atrapalha muito a entrega?
Gil – Coloca-se a capa e pedala. As bicicletas usadas em São Paulo têm um bagageiro atrás, fornecido pela empresa. Aqui em Santos ainda não implantamos isso. Estamos pensando trazer para a Baixada Santista a scooter elétrica para longas distâncias e produtos pesados, até 20 quilos. A bicicleta leva até 6 quilos.
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DL – Quais os tipos de entregas feitos?
Gil – A maior procura é por documentos. Entregamos para cartórios, bancos e outros. Mas entregamos pequenos produtos, como cartuchos de impressora e flores. Comida começamos a entregar em São Paulo também.
DL – Fale um pouco da diferença de atuação da empresa na Capital e aqui na Baixada.
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Gil - A vantagem de Santos é que tudo muito perto. Em São Paulo, se pedala 15 km, 20 km para se fazer uma entrega. Em Santos, no máximo, 5 km. Tivemos também entrega em São Vicente. A ideia é expandir para outras cidades, como Guarujá, Cubatão e outras.
DL – Há também entregas feitas à noite?
Gil – Sim. Poderemos fazer também, com uma operação diferente. Hoje, atendemos das 8 às 19 horas. Mas se o cliente tiver necessidade de fazer uma entrega, das 19 horas até meia-noite, conseguiremos.
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DL – A empresa nasceu na Capital. E estão sendo feitas muitas críticas à política de implantação de ciclovias por parte do prefeito Fernando Haddad (PT). Como vê essas críticas?
Gil – As críticas que chegam pelos funcionários são quanto à falta de planejamento de algumas ciclovias, algumas estão esburacadas. As ciclovias cresceram muito rapidamente na Capital. Algumas foram mal planejadas. Umas não ligam uma ciclovia à outra. Outra fica na contramão dos veículos, o que é muito perigoso. As críticas não são constantes. Há ciclovias bem feitas, como a da Avenida Paulista. A discussão da ciclovia da Paulista é quanto ao que foi gasto na obra, mas é útil.
DL – Os bikers têm de usar capacete para trabalharem na Carbono Zero?
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Gil – Sim. Obrigatoriamente. Em São Paulo, alguns usam capacete da empresa, outros usam capacete próprio. Muitos usam luvas também, que ajudam em casos de queda.
DL – Qual sua avaliação das ciclovias de Santos?
Gil – Acho muito boas. As principais avenidas têm ciclovia. A orla inteira tem. Dá para ligar Santos a outras cidades. Precisaria de uma na Avenida Conselheiro Nébias, que não tem. Liga o Centro à praia e corta as principais avenidas, como Pedro Lessa, Afonso Pena e Epitácio Pessoa. Não sei se há espaço suficiente para criar uma ciclovia na Conselheiro, mas seria interessante. A Pedro Lessa não conta com uma, mas tem uma na Afonso Pena, que é próxima.
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