Cotidiano

Papo de Domingo: ‘Carnaval 2015 será o da superação’

Presidente da Liga Independente, Heldir Lopes Penha, vê falta de recursos como problema e tem esperança de voltar a ver festa como “uma das melhores do País”

Publicado em 08/02/2015 às 11:08

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Heldir Lopes Penha nasceu e cresceu no samba. São praticamente os 57 anos de vida dedicados à causa. Aos 18 anos, já se tornou presidente da União Imperial, uma das escolas mais tradicionais de Santos.

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Há 6 anos é o presidente da Liga Independente e Cultural das Escolas de Samba de Santos (Licess). Mas participou de várias entidades que comandavam a Festa de Momo no município.

Em seu último ano de mandato, Aldinho, como é conhecido, vê como grande conquista a consolidação do Carnaval na Cidade, com a realização do desfile das escolas e das entidades carnavalescas.

Sob o comando da Licess teve que enfrentar o momento mais triste da história recente dos desfiles, quando quatro pessoas morreram após um acidente com um carro alegórico da escola de samba Sangue Jovem. Num futuro próximo, sonha em ter uma Cidade do Samba em Santos, como a existente no Rio de Janeiro. A defesa do samba lhe rendeu uma homenagem, neste ano, realizada pela Banda da Lazinha.

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Neste “Papo de Domingo”, Aldinho fala sobre a realização do Carnaval deste ano, as lições aprendidas nesses anos e as esperanças para o futuro do carnaval santista. Confira.

Diário do Litoral - Como está a preparação para odesfile de Carnaval deste ano?

Aldinho - O sambódromo está pronto, faltam apenas detalhes. Este ano terá ensaio técnico e passagem de som, que ainda não tinham, para agregar e ajudar as agremiações. Estamos esperando só a hora. Agora é a definição. As escolas estão em um trabalho. Tenho certeza que será um belo Carnaval.

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DL - Existem novidades em relação ao ano passado? Quantas sobem e quantas caem para o grupo de acesso?

Aldinho - As novidades são as duas pleiteantes, que são a “Mãos Entrelaçadas” e a “Unidos da Baixada”. Elas vão ser avaliadas. Para chegar a pleiteante, elas tiveram que provar 3 anos de serviços prestados ao Carnaval, 3 anos registradas como escola de samba, para poder, agora, ter acesso ao grupo de acesso. Este ano, a última colocada deste grupo cairá para pleiteante. Neste ano, no grupo Especial, caem duas e sobe uma, para termos, em 2017, oito agremiações no primeiro grupo.

DL - Tem acompanhado o clima nas escolas? A esperança é de um carnaval melhor em relação ao ano passado?

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Aldinho - Nós prevíamos que iria demorar quatro ou cinco anos para termos um Carnaval melhor depois da volta, em 2006. Mas as escolas se superam. A verba ainda é mesma, até por dificuldade financeira da administração. A superação é enorme, isso eu tenho certeza absoluta. Fiquei dentro da União Imperial a vida inteira, conheço a realidade do barracão, subindo para São Paulo e descendo sempre. Eu sei o trabalho que é esse. Hoje estou meio fora, estou só na Liga, tenho que ter uma postura de idoneidade, respeito pelas 17 afiliadas. As pessoas precisam entender o que é a Liga, que cuida da estrutura do Carnaval.


“ Já tiveram conversas sobre o Carnaval metropolitano, mas todas as prefeituras precisam colaborar. Num futuro, pode ser" (Foto: Luiz Torres/DL)

DL - Qual a diferença da Liga para o Conselho do Samba?

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Aldinho - Criamos, este ano, o Conselho do Samba. Devolvemos ao sambista o poder de cuidar do samba. O Carnaval elege Rei Momo, Rainha, Princesa, Musa e Lorde.O samba elege cabo, tia, cidadão, marechal. Tem uma diferença. Esse conselho, que é agregado a Liga, cuida disso. O presidente é o (João Henrique) Makumba, o vice-presidente é o Simonal e outros conselheiros que cuidam de tudo referente ao samba. A Liga cuida do lado administrativo, de estrutura, captação de dinheiro.

DL - Em 2013 foi o Carnaval de luto, em 2014 foi a superação por causa dos problemas do ano anterior. O de 2015, vai ser o Carnaval do que?

Aldinho - As escolas sempre se superam. Eu acredito que, sem dinheiro, é complicado. Mas acredito que novamente será da superação. Eu espero que a coisa mude, que as escolas tenham uma situação melhor para poder cobrar belos espetáculos. Quando a situação não é boa, você fica só esperando a superação das agremiações e não é bom isso. O bom seria ter um foco maior e dizer que será um bom Carnaval. Tomara Deus que sim.

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DL - Quais lições a Liga pode tirar do que ocorreu em 2013?

Aldinho - Doeu, machucou. Esse Governo estava há 40 dias no comando. Fomos avaliar e nem o sambódromo tinha o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). Foram situações que fizeram, tanto eu quanto o prefeito, chorar muito. Lidamos com vidas. As pessoas que estavam empurrando o carro nem deveriam estar ali por causa de problemas na Justiça, mas estavam ali para arrumar um dinheiro porque tinham filhos pequenos. Hoje, a exigência é maior, não tem mais jeitinho brasileiro. A Liga botou uma equipe na dispersão, arrumamos o terreno. Agora as escolas saem pelo lado direito, vão todos para o terreno. Os carros não andam mais na Avenida (Nossa Senhora de Fátima), não passam pela da área do Cemitério da Areia Branca, a fiação foi levantada. Foram várias atitudes tomadas para aquilo nunca mais acontecer.

DL - Esse é o 10º desfile de Carnaval de Santos desde o retorno, em 2006. Como você vê a evolução dos desfiles?

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Aldinho - Os cinco anos parados desestruturou todas as escolas em equipamento e povo, que é a matéria- prima do Carnaval. As escolas se estruturaram de novo, se equiparam. Agora, a tendência é só crescer.

DL - Já foi possível recuperar o tempo perdido pelos 4 anos sem desfile que a cidade ficou, entre 2001 e 2005?

Aldinho - É difícil dizer isso. Mas acho que já passou. Vai ficar na lembrança o mau feito que fizeram com o samba. Vai ficar na história o que passamos na mão de maus administradores, que não respeitaram a cultura. Queira ou não, o Carnaval é uma cultura brasileira.

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DL - O que falta ainda para o desfile das escolas de samba na Cidade?

Aldinho - Dinheiro (risos). Falta, com certeza. Se der o dinheiro nas mãos das escolas que levam a sério, tenho certeza que vão fazer um grande Carnaval. Hoje, o dólar aumenta e a maioria do material é importado. Taiwan, China e Coréia, hoje, dão um baile em Americana, que era a maior produtora de tecidos para o Carnaval. Era tudo feito lá. Hoje é mais barato, mas se torna caro porque as escolas não possuem verba suficiente. As coisas aumentam e o cachê não aumenta. Vai das agremiações fazerem festas e outras ações para arrecadar dinheiro e superar isso.


Na avaliação de Aldinho, o Carnaval tem tudo para crescer (Foto: Luiz Torres/DL)

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DL - Santos ainda tem chance de recuperar o posto de um dos melhores carnavais do País?

Aldinho - Eu enxergo que sim. Tudo depende de estrutura. Foi feita uma primeira etapa no sambódromo. Está na mão do prefeito a oficialização. Estamos arriscados ainda porque ali virou um pool imobiliário. As partes 2 e 3 que contam com cabines de jurados, imprensa e arquibancadas fixas possam vir futuramente. Com toda estrutura você tem um campo para jogo e aí é mais fácil. As coisas andam normalmente. Se politicamente as coisas forem corretas e levarem o Carnaval a sério, enxergarem que é a única mega festa que a Cidade tem, eu acredito em um futuro melhor.

DL - Hoje, o desfile de Santos já abriga a Amazonense, de Guarujá. O Carnaval metropolitano seria uma saída para a região e para Santos? Qual sua opinião sobre isso?

Aldinho - Sim, desde que todas as prefeituras entrem com o dinheiro. Não adianta fazer o que a Praia Grande e fez e só a Administração de lá arcar. Vou fazer aqui, que tem o sambódromo, e só Santos vai pagar? Tem que ver com a Agem, que é um órgão metropolitano, para tomar uma atitude. Seria ideal. Talvez as campeãs de cada município após o desfile municipal. Fazer um dia separado. Já tiveram conversas sobre o Carnaval metropolitano, mas todas as prefeituras precisam colaborar. Num futuro, pode ser.

Ordem dos desfiles em Santos

Local: Passarela do Samba Dráusio da Cruz
Abertura: todos os dias às 21h, com a Corte Carnavalesca

Sábado (14) – Pleiteantes e Grupo de Acesso

Mãos Entrelaçadas
Unidos da Baixada
Camisa Alvinegra
Dragões do Castelo
Unidos da Zona Noroeste
Império da Vila
Mocidade Dependente do Samba

Domingo (15) – 1º dia Grupo Especial

Bandeirantes do Saboó
Real Mocidade Santista
Mocidade Amazonense
União Imperial
Padre Paulo

Segunda-feira (16) – 2º dia Grupo Especial

Vila Mathias
Sangue Jovem
Unidos dos Morros
Brasil
X-9

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