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Final da tarde da última sexta-feira. Dois dias após a apuração que decidiu a campeã do carnaval santista, a Reportagem chega à quadra da X-9, no Macuco. Em uma mesa, diretores da escola de samba ainda conversam sobre a conquista do título e já discutem um enredo para o próximo ano. Alegorias ainda estão espalhadas. No rastro da folia e da comemoração, o pavilhão da escola e o cobiçado troféu de 2015 estão lá intactos.
Na X-9 desde os 10 anos, Joelmir Alves, o Mi, de 36 anos, é o atual — e o mais jovem — presidente da primeira escola de samba de Santos. Ainda sob o efeito da conquista do título, o morador do Macuco, que cresceu na agremiação, recebeu a equipe do Diário do Litoral. Falou sobre os desafios que enfrentaram este ano e as expectativas para o próximo Carnaval. Não quis revelar o possível enredo de 2016, mas anunciou que uma atração surpresa do Rio de Janeiro abrilhantará a festa da vitória, ainda sem data marcada.
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Diário do Litoral - Como foi ver a X-9 novamente campeã do Grupo Especial de Santos?
Joelmir Alves (Mi) - Ainda não caiu a ficha. A gente não acreditava pelas dificuldades que tivemos na escola. Muita briga interna. As fantasias são feitas todas aqui e a duas semanas do Carnaval não tinha nada pronto. Faltavam a comissão de frente e algumas alas. Faltava dinheiro. Mas com muita fé em Deus conseguimos colocar o carnaval na rua.
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DL - Quais as principais dificuldades enfrentadas pela X-9 para colocar o carnaval na avenida?
Mi - As dificuldades financeiras. Principalmente a financeira. A verba que a Prefeitura passa para as escolas não dá nem para começar o carnaval da X-9. R$ 150 mil gastos — R$ 80 mil no barracão e R$ 60 mil nas alas. Temos R$ 120 mil em dívidas. Com a premiação, vai dar uma aliviada para a gente e os eventos que vamos fazer durante o ano também. A briga interna também prejudicou bastante, o que é normal nas escolas, mas aqui é demais.
DL - Em meio à comemoração do título, em frente ao Teatro Guarany, você disse ‘agora vão ter que me engolir’, por que?
Mi - Ninguém acreditava na gente. Alguns diretores que estavam do nosso lado se afastaram dizendo que seria muito alto o gasto com o carnaval. Duvidaram da gente dizendo que não conseguiríamos colocar o carnaval na rua. Nós conseguimos.
DL - O que você achou do carnaval santista este ano? Está faltando algo?
Mi - Está faltando muita coisa, principalmente organizar o presidente da liga para buscar recursos para as escolas de samba. Não a Prefeitura, a Liga. Você vê no Rio de Janeiro e em São Paulo quem faz o carnaval não é a Prefeitura é a Liga. Está faltando isso aqui: formar uma diretoria administrativa da Liga e tocar o barco.
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DL - A X-9 vai brigar por essa organização que você está colocando?
Mi - Sim. Nós temos até um candidato para presidir a Liga, o Fabiano Paes, o Dentinho, nosso ex-presidente. Em abril tem nova eleição da Liga. Quem faz o carnaval somos nós, as escolas de samba, que dependem da Liga com recurso da Prefeitura.
DL - A Uniao Imperial protestou contra o resultado. Disse que a escolha dos jurados, que é feita pela Liga, teria prejudicado as escolas. O que você acha desta declaração?
Mi - O perdedor fala o que quer. No ano passado fomos prejudicados e brigamos entre nós de forma interna. Não demonstramos para o público. Quem escolheu os jurados foram os presiden- tes e não foi a Liga. Quem botou os votos foram os presidentes das escolas. E se houve algum erro foi algum presidente que votou nesse jurado. Esse ano, vetamos dois jurados do ano passado que deram nota mínima para a gente. Daí fomos lá e votamos contra eles. Todos os presidentes estavam cientes.
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DL - Vocês fizeram um carnaval para vencer? Percebemos que durante a apuração, a torcida da X-9 estava tímida, inclusive não levou a bateria. Vocês não acreditavam na vitória?
Mi - Não é que não acreditava. A gente briga todo ano pelo carnaval. Infelizmente fomos penalizados com coisas pequenas na escola, que não tomamos cuidado na avenida, e fez a gente perder ponto. A X-9 vai todo ano para ganhar o carnaval, mas, infelizmente, no ano passado nós perdemos ponto. E detalhe, nós nunca iríamos perceber que teria sido por conta de uma garrafa de água, que estava em cima do carro alegórico. Perdemos ponto e perdemos o carnaval. A comissão de frente também deixou cair o costeiro. Esse ano, mesmo com dificuldades, apostamos bastante para ganhar o carnaval.
DL - O que você achou das outras escolas, sobre o que elas apresentaram na avenida?
Mi - Cada ano vai crescendo o Carnaval de Santos. O ano passado quem evoluiu bastante foi a Unidos do Morros, que conseguiu a vitória. Pena que a Sangue Jovem caiu agora. Foi uma fatalidade.
DL - Quais são os principais desafios para o próximo carnaval?
Mi - Conquistar o bicampeonato. Já estamos até discutindo sobre o enredo do carnaval de 2016, mas é segredo ainda.
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DL - Você tem algum agradecimento especial?
Mi - Agradecer a molecada do barracão que me ajudou. São os meus braços, o Leandro, o Panela, o Mano, muita gente. Sou muito esquecido. Quero até pedir desculpas para aqueles que eu não disse o nome. Sem a comunidade não somos nada na escola. Sem ela não conseguiríamos fazer nada.