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Durante os vários anos em que vivia escondido, Osama bin Laden pedia a seus seguidores que se concentrassem em atacar os norte-americanos e escrevia cartas agridoces para uma de suas mulheres e seus filhos, segundo documentos divulgados nesta quarta-feira por funcionários de inteligência dos Estados Unidos.
Os documentos foram apreendidos no local onde vivia o líder da Al-Qaeda, na operação em que Bin Laden foi morto. Mais de 100 deles foram publicados. A documentação conta com um questionário para os aspirantes ao terrorismo, incluindo questões sobre a educação e os hobbies, além da questão sobre se "você gostaria de executar uma operação suicida?".
No total, os 103 papéis e vídeos acrescentam novas camadas à figura mundial do cérebro dos ataques terroristas de 11 de setembro, muitas delas com as próprias palavras dele. O material inclui vídeos e imagens de cartas em árabe, com as traduções em inglês dos agentes de inteligência.
O material foi recolhido em maio de 2011, no local onde Bin Laden vivia em Abbottabad, no Paquistão, segundo o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional. Tudo só foi divulgado após uma rigorosa revisão pelas agências do governo, como exigido por uma lei de 2014.
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Autoridades norte-americanas disseram na ocasião da morte que acreditavam que Bin Laden havia ficado tão isolado em seu esconderijo que já não exercia o nível de controle sobre as operações da Al-Qaeda que havia tido no passado.
Em uma carta, Bin Laden pede a um de seus vices para informar "nossos irmãos" para que mantenham o foco em enfrentar os norte-americanos. Em outra, o líder extremista ironiza a "guerra ao terror" do então presidente norte-americano George W. Bush, dizendo que não havia estabilidade nem no Iraque nem no Afeganistão e questionando se as tropas dos EUA estavam "buscando o fantasma perdido" - as armas de destruição em massa no Iraque. Não há data na tradução para o inglês.
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Em uma carta registrada em vídeo para uma de suas viúvas, Bin Laden falou sobre seu "último desejo". "Saiba que você preenche meu coração com amor, memórias bonitas e seu prolongado sofrimento em situações tensas a fim de me agradar e ser boa para mim", escreveu.
No formulário para aspirantes ao terror, é pedido que o candidato "por favor escreva claramente e de maneira legível". São feitas perguntas convencionais, como se o candidato foi condenado por algum crime, antes de questioná-lo sobre "quais objetivos você gostaria de alcançar no caminho da jihad?". Também se questiona se o candidato deseja executar uma missão suicida. E, por fim: "Quem nós devemos contatar, no caso de você se tornar um mártir?".