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Oficialmente sem a pretensão de mediar um eventual novo diálogo de paz entre israelenses e palestinos, mas com a intenção de ajudar a pôr fim nas "eternas negociações" sobre o conflito na Terra Santa, o papa Francisco deve promover hoje no Vaticano um encontro sem precedentes. Vossa Santidade pretende rezar pela paz com os presidentes de Israel, Shimon Peres, e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
Fruto de um convite feito de surpresa pelo pontífice durante sua visita a Cisjordânia e Israel no mês passado, o encontro pretende reunir os líderes rivais por aproximadamente duas horas, em que os livros sagrados do judaísmo, do cristianismo e do islamismo serão lidos pelos rabinos, sacerdotes cristãos e imãs.
Nos jardins do Vaticano, Francisco, Peres e Abbas deverão entoar invocações pela paz n, apertar as mãos e plantar uma oliveira. O patriarca Bartolomeu, líder da Igreja Ortodoxa, também deverá estar presente no encontro - que é considerado uma das mais corajosas manobras políticas do papa desde sua eleição, em março de 2013.
"Este é um momento para pedir a Deus pelo presente da paz. É uma pausa na política", declarou na sexta-feira o padre Pierbattista Pizzaballa, sacerdote responsável por cuidar dos locais de peregrinação católica na Terra Santa e um dos principais organizadores do encontro marcado para hoje.
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O religioso afirmou que o evento "é também um convite aos políticos a fazer uma pausa e levantar os olhos ao céu". "Todos querem que algo aconteça, que algo mude. Todos estão cansados dessas eternas negociações que nunca terminam", disse Pizzaballa.
"O santo padre não quer entrar nas questões políticas do conflito israelense-palestino - que todos nós conhecemos até o mais mínimo detalhe, de 'A' a 'Z'. O papa Francisco nunca se envolverá em discussões sobre fronteiras ou assentamentos, mas sua intenção é ajudar a criar o clima social e religioso em que a paz possa surgir."
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Retomadas em agosto após três anos congeladas, com a intermediação do governo dos EUA, as negociações entre israelenses e palestinos foram suspensas novamente em abril - após as facções palestinas Fatah, que governa a Cisjordânia, e Hamas, que controla a Faixa de Gaza anunciarem sua reconciliação. Considerado terrorista por Israel, EUA e outros países, o islamista Hamas não reconhece o Estado israelense.