Cotidiano

Pais pedem transporte escolar em Cubatão

Alunos andam quase dois quilômetros entre os Bolsões 7 e 9 para estudar. Mães pedem mais segurança, pois denunciam que traficantes estão aliciando seus filhos

Publicado em 12/02/2014 às 10:35

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A dona de casa Vanuzia Rezende gasta quase uma hora no trajeto a pé para levar sua filha Joana, de apenas quatro anos, na escola. Na volta, a mesma coisa, quando vai buscar a menina. Mas, para ela, o pior não é fazer a caminhada debaixo do sol e calor intenso diariamente. O problema maior é deixar seu outro filho, José Henrique, que sofre de paralisia cerebral, sozinho em casa.

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“Eu não tenho condições de levar ele (o filho) junto”, justifica Vanuzia. Por causa da doença, José Henrique não consegue andar e só se locomove com a ajuda da mãe em uma cadeira de rodas. Até a escola de Joana são quase dois quilômetros de distância.

Moradora do Bolsão 7, em Cubatão, Vanuzia só conseguiu matricular Joana na Escola Estadual Parque dos Sonhos, que fica no Bolsão 9, e não na Escola Estadual Vila Harmonia, no próprio Bolsão 7. Foi a alternativa que a Secretaria da Educação do Estado deu.

Por isso, a dona de casa, que levaria cerca de 10 minutos para fazer o trajeto de sua casa até a unidade estadual no Bolsão 7, enfrenta a caminhada diária de quase duas horas, somadas ida e volta, até o Bolsão 9.

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Mães reivindicam refrigeração nas salas  de aula e transporte para  os filhos até a escola (Foto: Matheus Tagé/DL)

A mesma realidade de Vanuzia é vivida por diversas outras mães dos dois bairros de Cubatão. Ontem, elas se reuniram para protestar.

Próximo à escola Vila Harmonia, cerca de 50 pessoas gritavam, com cartazes em punho, reivindicando por melhorias nas duas unidades e transporte aos alunos.

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O inverso de Vanuzia acontece com a diarista Deilda Souza Silva. Ela mora no Bolsão 9 e tem o filho matriculado na escola do Bolsão 7. “O governo acha que a gente é trouxa. Eu trago meu filho todos os dias para a escola e venho buscar, sendo que tem uma escola estadual do lado da minha casa”, diz, revoltada.
Deilda conta que o filho já chegou a passar mal na escola por causa do calor. “Ele chega todo suado e a escola já não tem refrigeração nas salas de aula”.

Nem ventilador, nem ar-condicionado

A reivindicação dos pais e alunos pedia mais. Sob o calor que tem feito durante todo o mês de janeiro e fevereiro, uma média de 35°C diariamente, depois da caminhada até a escola, os estudantes ainda enfrentam as salas de aula quentes, sem nenhum tipo de refrigeração. Eles contam que as unidades não contam com ventilador, muito menos ar-condicionado.

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“A situação é um problema de saúde pública”, diz a dona de casa Josiane Maria Barbosa, que tem três filhos matriculados nas escolas estaduais, e também estava protestando na manhã de ontem.

Prefeitura

Por mais que as escolas sejam de responsabilidade do Governo do Estado, mães e pais de alunos pedem que a própria Prefeitura de Cubatão ofereça o transporte escolar para os estudantes.

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Em nota, a Prefeitura responde às reivindicações. De acordo com a Administração, a competência pelo transporte de alunos das escolas estaduais, bem como a definição da distância mínima para a concessão do benefício, é da Diretoria de Ensino da Região de Santos (DRES).

A Secretaria Municipal de Educação (Seduc) recebeu as reclamações dos pais de alunos das escolas estaduais do bairro e afirma que encaminhou as reivindicações para a DRES, solicitando a resolução do problema.

Estado

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A Diretoria Regional de Ensino de Santos, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria da Educação do Estado, explica que as escolas localizadas nos Bolsões 7 e 9 atendem a comunidade local de maneira dividida. “Os ciclos de ensino, seguindo as diretrizes pedagógicas, são divididos sendo atendidas crianças do 1º ao 3º anos em uma unidade e nas outras alunos do 4º ao 9º, além do Ensino Médio”, diz em nota.

Sobre o transporte, a administração regional se limitou a dizer que segue integralmente a resolução SE-27, que estabelece as normas para a oferta dos veículos. Ou seja, o transporte somente é oferecido para alunos que moram em zona rural ou em local onde haja barreira física, como rodovia ou ferrovia sem passarela, trilhas em matas, rios, lagos, entre outros obstáculos.

Em relação a falta de refrigeração nas salas de aula, a pasta diz que as unidades de ensino foram vítimas de vandalismo e estão sendo providenciados mais ventiladores.

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Entre as melhorias, mais segurança

“Queremos vigilância patrimonial já!!!” estava escrito em um dos cartazes que as próprias crianças seguravam durante a manifestação. Segundo as mães, as escolas não têm câmeras de monitoramento e nenhum tipo de segurança para alunos e professores.

“Têm traficantes aliciando nossos filhos para usar drogas. Eles ficam na porta das escolas oferecendo as drogas para eles (os alunos)”, denuncia uma das mães, que não vai ter o nome revelado.  Segundo ela, falta a presença da Polícia Militar nos bolsões e equipamentos de segurança para garantir maior segurança aos moradores e estudantes.

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A Reportagem do Diário do Litoral entrou em contato com o batalhão de polícia responsável pela Baixada para questionar a falta de policiamento nos bairros de Cubatão. Até o fechamento desta edição, o DL não obteve resposta.

Já a Secretaria da Educação do Estado afirma que as unidades de ensino já contam com o apoio da ronda escolar, apesar dos relatos dos pais de alunos negando a existência do serviço. Reforço foi solicitado pela pasta.

A diretoria regional de ensino ressalta que equipamentos de videomonitoramento serão instalados ainda no primeiro semestre do ano nas escolas.

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