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Um conjunto do programa Minha Casa Minha Vida, em São Vicente, foi alvo de operação do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), na manhã de ontem. Durante a blitz, os fiscais identificaram a venda irregular de um dos apartamentos dos 380 existentes no empreendimento entregue há um ano. De acordo com as regras do programa, que é destinado a famílias de baixa renda, os imóveis não podem ser vendidos ou locados pelo período de 10 anos.
“Recebemos denúncias de que está havendo comercialização dos imóveis. Existe um convênio entre o Cofeci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis) e a Caixa para que os Crecis façam a fiscalização desses empreendimentos. Foi constatada a venda de um imóvel. Vamos encaminhar a ocorrência por ofício à Caixa que tomará as providências necessárias”, disse Julio Cesar Rios Fernandes, gestor de fiscalização do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP).
A operação de ontem contou com o apoio de 57 fiscais do Creci-SP. A Polícia Militar acompanhou o trabalho dos agentes. Segundo Fernandes, a fiscalização dos conjuntos do programa Minha Casa Minha Vida está ocorrendo em todo o Estado. “Já estivemos em conjuntos de Araçatuba e da Capital. Em São Vicente é a primeira vez”. O Município conta com outro conjunto do programa. O empreendimento também fica na Área Continental e abriga 500 famílias.
Para a moradora Rosana Maria Gomes Ferreira, a fiscalização é necessária, no entanto muitas famílias não têm condições de arcar com as despesas do condomínio. Ela também reclama da falta de infraestrutura no local. “O problema é que muitas famílias vieram de áreas de remoção e não têm renda nenhuma. Morar aqui ganhando menos de R$ 700,00 é praticamente impossível. Tem gente que não tem nem o que comer. Temos muita inadimplência de condomínio. Construíram um conjunto, mas não dão infraestrutura. Falta transporte, segurança, as ruas todas esburacas, muito mato, lixo”, reclamou.
Providências
Em nota a Caixa Econômica Federal informou que ainda não recebeu os resultados da vistoria realizada pelo Creci-SP no São Vicente II. Assim que a entidade formalizar o trabalho, o banco irá tomar as providências necessárias.
Segundo a Caixa, a fiscalização do Creci é permitida devido a ampliação de convênio que vise o auxílio na fiscalização de eventuais comercializações irregulares de imóveis da faixa 1 do programa, inclusive no que se refere à atuação de corretores e imobiliárias.
A Caixa informou ainda que a comercialização do imóvel do programa, sem a respectiva quitação, é nula e não tem valor legal. Quem vende fica obrigado a restituir integralmente os subsídios recebidos e não participará de mais nenhum programa social com recursos federais. Já quem adquire irregularmente perderá o imóvel. Esta condição é informada ao beneficiário por ocasião da assinatura do contrato.
Ainda de acordo com o banco, quando há denúncia do descumprimento desta regra, os moradores são notificados para que comprovem a ocupação regular do imóvel. Caso fique comprovada a venda do imóvel para terceiros, a Caixa protocola notícia-crime na Polícia Federal e adota medidas judiciais cabíveis, no sentido de buscar a rescisão do contrato e a reintegração de posse do imóvel.
Não sabia
Questionada sobre a fiscalização do Creci-SP e as denúncias de comercialização de imóveis, a Prefeitura de São Vicente informou que não tinha conhecimento de que a blitz seria realizada e que cabe à Caixa Econômica Federal checar se as pessoas que estão morando são as mesmas que foram sorteadas.
A Administração Municipal informou ainda que sempre que há uma denúncia de venda ou aluguel de unidade, sendo comprovado, a Caixa Econômica Federal (CEF) é comunicada para que as devidas providências sejam tomadas.
Um equipe da Secretaria de Habitação (Sehab) realizou levantamento no condomínio de todas as famílias. A listagem foi protocolada na Caixa Econômica Federal, que é o órgão responsável pelo empreendimento. De acordo com a Administração Municipal, após a identificação da compra e venda do imóvel quando comprovada, a CEF entra com pedido de Reintegração de Posse.
Sbore a reclamação da falta de estrutura no entorno do conjunto e das condições socioeconômicas dos moradores, a Prefeitura informou que frequentemente a equipe social da Sehab comparece nas reuniões do condomínio e procura atender, sempre que possível, as reivindicações dos moradores, buscando soluções junto a outras secretarias.
O conjunto São Vicente II foi entregue há um ano. Os apartamentos possuem dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. O empreendimento foi viabilizado com recursos da Caixa Econômica Federal por meio do programa Minha Casa Minha Vida e destinado a famílias com renda de até R$ 1.600,00 cadastradas nos programas habitacionais do Município. Os imóveis não podem ser vendidos ou locados pelo prazo de 10 anos, período em que as prestações das unidades são pagas. O valor das prestações corresponde a 5% da renda mensal familiar.
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