Cotidiano

ONS prevê chuvas acima da média histórica no Sudeste em agosto

A primeira projeção de agosto indica que a Energia Natural Afluente (ENA) na região Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento de água do País

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 31/07/2015 às 13:54

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Após um mês de julho positivo em termos de chuva, as previsões do Operador Nacional do Sistema (ONS) elétrico para agosto são igualmente favoráveis. O Informe do Programa Mensal de Operação (IPMO) divulgado nesta sexta-feira, 31, pelo operador aponta que a afluência do próximo mês ficará acima da média histórica para meses de agosto, o que, conciliado a uma demanda mais fraca por energia, deve contribuir para a preservação de água nos reservatórios.

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A primeira projeção de agosto indica que a Energia Natural Afluente (ENA) na região Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento de água do País, será equivalente a 101% da média de longo termo (MLT). Confirmada tal projeção, o volume de água armazenada nos reservatórios chegará ao dia 31 de agosto com o equivalente a 36,6% da capacidade de reservação.

O número sugere uma quase estabilidade em relação ao volume atual, de 37,46%, segundo dados divulgados pelo ONS referentes a quinta-feira, 30. A projeção do operador também indica que a situação dos reservatórios do Sudeste, ao final de agosto, será mais favorável do que aquela registrada no mesmo período do ano passado. Em agosto de 2014, os reservatórios atingiram 30,26% de capacidade de armazenamento.

Térmicas

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Os dados divulgados nesta sexta-feira, 31, corroboram a teoria de que o ONS poderá desligar algumas térmicas consideradas mais caras até o final do ano. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, o atual nível de geração térmica do sistema elétrico nacional, de aproximadamente 15 GW, poderia cair para aproximadamente 12 GW no final do ano.

Em agosto de 2014, os reservatórios atingiram 30,26% de capacidade de armazenamento (Foto: Matheus Tagé/DL)

A redução da geração térmica a partir dos desligamentos das usinas mais caras pode contribuir para que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) altere a cor do sistema de bandeiras tarifárias em vigor desde o início do ano. Na última quarta-feira, 29, o Broadcast noticiou que a equipe de análise do Santander já começa a considerar a possibilidade de a bandeira vermelha migrar para a amarela até o final do ano.

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Embora este não seja o cenário base considerado pelo banco, a continuidade de um volume mais forte de chuvas e de um menor consumo de energia pode antecipar o desligamento de térmicas. A substituição da bandeira vermelha para a amarela provocaria uma redução média de 7% nas tarifas de energia, segundo a analista do Santander, Maria Carolina Carneiro.

Quando a bandeira vermelha está acionada, a tarifa de energia sofre acréscimo de R$ 5,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Na bandeira amarela, o valor estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de R$ 2,50 para cada 100 kWh. Desde o início do ano o sistema de bandeiras é representado pela cor vermelha, condição que permanecerá em agosto.

Preocupação

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Apesar de os números divulgados hoje pelo ONS reforçarem a possibilidade de antecipação no desligamento das térmicas, o Sistema Interligado Nacional (SIN) ainda enfrenta um risco relevante com origem no submercado do Nordeste. As afluências previstas para agosto equivalem a 54% da média histórica mensal. Com isso, o nível dos reservatórios deve chegar ao final de agosto em 18,5% da capacidade de armazenamento. Em agosto do ano passado, quando a situação já era preocupante, os reservatórios terminaram o mês com 27,25%. Hoje esses reservatórios operam com 22,61% da capacidade.

A situação do Nordeste contrasta com a região Sul, onde fortes chuvas provocaram estragos recentes em diversos municípios. O ONS projeta que a ENA será equivalente a 132% da MLT. Com isso, os reservatórios devem terminar o mês com o equivalente a 97,1% da capacidade de armazenamento. Ontem, o indicador estava em 96 89%, o que revela que o nível dos reservatórios continua a subir em pleno inverno, um período historicamente mais seco.

No Norte, a ENA prevista é de 82% da média histórica em agosto. Os reservatórios devem chegar ao dia 31 de agosto com o equivalente a 67,3% de capacidade. Dados de ontem apontam que a região opera com 75,80% das reservas.

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Demanda

Chama atenção, além do volume de chuvas além do esperado, a queda do consumo de energia no País. O ONS projeta que a carga de energia em agosto, indicador que dimensiona a expectativa de demanda elétrica, apresentará queda de 3,3% em relação a agosto de 2014. A carga no mês deve atingir 61.068 MW médios.

A variação negativa é influenciada pela queda esperada de 5% no submercado Sudeste/Centro-Oeste e de 4% no Sul. Nas regiões Nordeste e Norte, a carga deve crescer 1,2% e 1,5%, respectivamente.

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A retração da demanda nas regiões Sudeste e Sul já foi dimensionada pelo governo, e por isso a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) reduziu a previsão de consumo de energia elétrica em 2015. A projeção anual foi revisada de -0,5% para -1 6%.

No primeiro semestre, o consumo já encolheu 1,1%. De acordo com a EPE, a queda decorre do aumento das tarifas de energia elétrica, da reprogramação de investimentos setoriais, da redução da confiança dos consumidores e da diminuição observada do poder aquisitivo do brasileiro.

CMO

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A retração da demanda e as melhores perspectivas em relação à afluência também já se refletem no Custo Marginal de Operação (CMO) determinado pelo ONS, indicador que baliza o preço de liquidação das diferenças (PLD) do mercado spot de energia. Nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Norte, o indicador foi reduzido em 35%, para R$ 111,57/MWh. O CMO da região Sul ficou no mesmo patamar, o que, por outro lado, representa uma expansão de 41,4% sobre o indicador da semana passada.

O custo mais elevado permanece na região Nordeste, com um preço de R$ 251,18/MWh válido para a semana entre 1º e 8 de agosto. Na semana anterior, o CMO havia sido definido em R$ 379,26/MWh.
 

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