Cotidiano

Ocupação fotográfica de Biga Appes comemora 35 anos de carreira

Os visitantes poderão ver obras mais recentes e antigas, coloridas e em preto e branco, exibidas em quadros, tecidos, monóculos, mostruários, álbuns artesanais e coladas na parede, em formato de lambe-lambe

Da Reportagem

Publicado em 10/04/2025 às 19:14

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

O início de seu trabalho no jornalismo foi fundamental para que ela apurasse melhor o olhar / Divulgação

Continua depois da publicidade

A fotógrafa Biga Appes comemora 35 anos de carreira com uma exposição no Museu da Imagem e do Som de Santos (MISS), que se estenderá até 30 de abril. Intitulada “O tempo em mim”, a mostra – que a fotógrafa prefere chamar de ocupação fotográfica - apresenta fotografias em diferentes tamanhos e expostas em suportes variados.

Os visitantes poderão ver obras mais recentes e antigas, coloridas e em preto e branco, exibidas em quadros, tecidos, monóculos, mostruários, álbuns artesanais e coladas na parede, em formato de lambe-lambe. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

O trabalho de Biga Appes tem um olhar atento e afetuoso para as pessoas, em especial mulheres e crianças, assim como para os territórios e as forças da natureza. “A fotografia me ensinou que a beleza tem várias formas. Eu brinco que saio pra catar gente porque é uma amizade que acontece ali. E quando elas se sentem à vontade com a minha câmera, a sessão de fotos se transforma em uma troca, é como um abraço”. 

Nesse sentido, a fotógrafa vê o momento do clique como algo misterioso. “Quando aciono o disparador da máquina, aquele milésimo de segundo me dá a sensação de um mergulho no mar e a volta para a superfície com alguma descoberta. É fascinante quando aquilo que você imaginou se concretiza em uma imagem fotográfica”.   

Continua depois da publicidade

O início de seu trabalho no jornalismo foi fundamental para que ela apurasse melhor o olhar. “Na imprensa, comecei com filmes em preto e branco, que depois eram revelados em laboratório. Saía com duas ou três pautas com um filme de 36 poses. Tinha que pensar muito cada ângulo, cada movimento, o melhor cenário. Mesmo com a minha transição para as máquinas digitais, esse olhar mais criterioso permaneceu”.            

Carreira

Biga Appes começou a trabalhar como repórter fotográfica em 1990, numa época em que eram raras as mulheres que atuavam no fotojornalismo, especialmente em Santos. 

Continua depois da publicidade

Nesse período, teve fotos publicadas pela agência de notícias de O Estado de S. Paulo e nos jornais O Globo e Diário do Litoral.

 Como fotógrafa contratada pela Casa de Cultura da Mulher Negra, realizou a cobertura da vinda de Nelson Mandela ao Brasil. 

Posteriormente, dedicou-se mais a captar imagens envolvendo questões sociais e culturais.  Registrou as atividades em Santos do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua e da ONG espanhola Médicos del Mundo com adolescentes em situação de vulnerabilidade social e documentou intervenções do projeto internacional “Guerreiros sem Armas” em comunidades carentes. 

Continua depois da publicidade

Produziu fotos para material promocional de dezenas de artistas plásticos, grupos de teatro, bandas de música, companhias de dança e produtores de vídeo, entre elas a capa do CD “Audácia”, da rapper Preta Rara. 

Biga também fotografou muitas edições da Bienal de Dança de Santos e participou dos encontros de Cultura Caiçara realizados em São Vicente, Santos e Parati. Coordenou várias oficinas de fotografia organizadas em associações, espaços culturais, universidades e órgãos públicos da região.

O seu ensaio fotográfico “Flores Loucas”, sobre pacientes psiquiátricas da periferia de São Vicente, foi exibido em 1998 no Encontro Internacional de Mulheres, realizado em Cuba. 
Em 1999, foi a única representante da América do Sul selecionada para a II Mostra Internacional de Fotografia Humanitária Luis Valtueña, com uma foto sobre catadores do lixão de São Vicente.  As fotos selecionadas foram publicadas em livro na Espanha e a mostra percorreu alguns países da Europa. 

Continua depois da publicidade

Outro livro que tem a participação de Biga Appes foi lançado durante a exposição “África em Nós”, organizada pelo Museu África Brasil, em São Paulo. Biga fez ainda as fotos que ilustraram o livro “Direitos Humanos – Aqui e Agora”, editado em 2003 pela Câmara Municipal e a Universidade Católica de Santos.
    
Ela foi convidada a fotografar a festa dos 500 anos da cidade de Caravelas, na Bahia, e a programação comemorativa dos 20 anos de atuação do IBAMA no Santuário Ecológico de Abrolhos. 

Em parceria com o escultor Chico Melo, montou uma instalação na Cadeia Velha, em alusão aos 40 anos da ditadura militar, que acabou por envolver vários grupos artísticos em seu lançamento.  
    
Por mais de cinco anos trabalhou para a Secretaria de Saúde de São Bernardo do Campo e foi responsável pelas centenas de fotos de pessoas da comunidade que decoraram as paredes de todas as unidades básicas de saúde, UPAs, centros de especialidades e hospitais daquele município, numa estratégia de pertencimento dos moradores a esses equipamentos de saúde.

Nos últimos anos, voltou-se principalmente para a documentação fotográfica de produções audiovisuais, tais como o processo de filmagem da websérie “Nossa voz ecoa”, apresentado pela cantora Preta Rara. Suas fotos com personagens negros foram mapeadas em projeções no espetáculo “Ida”, do grupo de teatro Coletivo Negro, da Capital, que circulou em temporada por diversas cidades do estado de São Paulo.

Continua depois da publicidade

Em 2019 idealizou o projeto "Vou sair pra catar gente", contemplado no Facult, que consistiu na colagem de fotos da artista em diferentes pontos da cidade. O projeto incluiu ainda um documentário, dirigido por Cibele Appes, filha da fotógrafa, que foi premiado em 2020 no 3º Concurso de Documentários da TV Câmara e exibido nacionalmente pela emissora.

Em 2021, Biga Appes foi uma das 61 artistas selecionadas - entre mais de 350 artistas da Baixada Santista - para integrar a exposição PORTOS, promovida pelo Sesc. 

Mais recentemente, fez a documentação fotográfica das filmagens do doc “Salga, uma expedição alimentar litorânea”, que aborda a alimentação dos povos tradicionais, e que vem sendo exibido em eventos sobre alimentação em universidades e associações da Baixada Santista.

Continua depois da publicidade

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software