Cotidiano

Obras do metrô no Rio descobrem milhares de peças arqueológicas

Esta é a segunda vez que milhares de peças são encontradas pela equipe de arqueologia contratada pelo Consórcio Linha 4 Sul

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 10/09/2014 às 19:39

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Milhares de artefatos do final do século 19 e início do 20 foram encontrados em Ipanema e no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, durante escavações do Metro da Linha 4 que ligará a Barra da Tijuca, zona oeste, à Tijuca, zona norte. Esta é a segunda vez que milhares de peças são encontradas pela equipe de arqueologia contratada pelo Consórcio Linha 4 Sul. A primeira foi no ano passado ao lado da antiga estação da Leopoldina, centro da capital fluminense.

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As cerca de 1.800 peças incluem porcelanas, pratos, tigelas, talheres, moedas, vidro e trilhos do bonde que funcionou nos bairros a partir de 1902. O coordenador da equipe que investiga a existência de artigos históricos no local, Cláudio Prado de Mello, explicou que os artefatos ajudarão a revelar detalhes desse período de ocupação da região, quando os bairros tinham cerca de 100 chácaras, de acordo com documentos históricos.

O trabalho arqueológico começou em janeiro de 2013 e tem a fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e  Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH). “O trabalho arqueológico continua até a inauguração do metrô, em 2016. Hoje mesmo estávamos dando uma entrevista quando encontraram um outro sistema do bonde”, disse.

Alguns utensílios estão intactos como peças de louça, porcelana e frascos de vidro. Até penicos foram encontrados, alguns com matéria orgânica no interior. Eles serão encaminhados para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para que passem por análise de paleoparasitologia.

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As cerca de 1.800 peças incluem porcelanas, pratos, tigelas, talheres, moedas e vidro (Foto: Agência Brasil)

“Vamos tentar descobrir as doenças que esse povo de 100, 200 anos atrás tinha”, disse o arqueólogo. “Será mais uma contribuição da ciência arqueológica para a médica. Isso pode engradecer e muito o conhecimento da parasitologia”, completou.

Outra curiosidade é uma ampola de vidro com líquido translúcido ainda não identificado. Todo o material recolhido está acondicionado e será estudado e exposto em  trabalhos de educação patrimonial para a comunidade, como orienta o licenciamento ambiental, instituído pela Lei 6.938/81 e pela Resolução do Conama n° 237 de 19 de dezembro de 1997. Além disso, as peças serão organizadas e fotografadas para a produção de um catálogo.

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O arqueólogo explicou que o aprofundamento da origem dos artefatos pode ajudar a estabelecer explicações para contatos entre sociedades diferentes, relações de comércio antes desconhecidas, Prado de Mello ainda tem esperanças de encontrar vestígios pré-coloniais na área. “Um sepultamento indígena, um acampamento indígena, do século 8, pois viviam ali as tribos Jaboracyá e Kariané”, explicou o arqueólogo.

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