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A Prefeitura de Peruíbe garantiu na última sexta-feira (17) que está empenhada na construção de um novo e moderno Hospital Municipal, cujo processo encontra-se em fase de finalização. As obras de construção serão iniciadas em 20 dias — em 7 de agosto próximo. E a promessa vem em bom tempo, pois a distância para conseguir atendimento médico decente e a sobrecarga da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) está revoltando a população da Cidade.
A situação se tornou evidente com o recente falecimento de uma menina de apenas 10 anos que, segundo desabafo de uma tia (a mãe estaria sem condições psicológicas de se manifestar), morreu no Hospital Irmã Dulce (em Praia Grande) em função do atraso do diagnóstico na UPA, que fica no bairro Parque Davila. Em um relato por escrito, enviado às autoridades e principais redações de jornais da Região pela tia da criança, um médico que atendeu a menina acabou revelando que J.R.S. era a sexta criança a morrer no hospital vinda da UPA de Peruíbe, ‘já sem condições de salvação’.
Na última quinta-feira (16), o Diário do Litoral esteve na UPA e constatou que ela estava relativamente vazia. Porém, ao conversar com alguns usuários do sistema, só ouviu reclamações, como a do barbeiro Michel Barbosa Dionízio, que segurava uma seringa no braço enquanto aguardava atendimento. “É muito ruim. Os médicos somem, faltam, enfim. O dinheiro dos impostos vai para onde? Estou aguardando o soro”, disse, justificando a seringa.
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O aposentado Cláudio Paes foi enfático. “A situação é feia. Tempos atrás, não tinha sequer uma cadeira de rodas decente. Eu uma vez tive que ajudar a carregar uma senhora. Era muita gente para ser atendida e o local vivia sujo. Cheguei a ver um idoso deitado no chão. Agora, melhorou um pouco. Peruíbe deveria ter um hospital”, revela.
A dona de casa Rosa Maria de Paula já estava há três horas aguardando a presença de um pediatra e o ajudante geral Carlos Eduardo do Nascimento, que é pai de três crianças, confirmou que o profissional é raro na UPA. “Ontem (quarta-feira) minha filha passou muito mal e eu sequer pude preencher a ficha de atendimento porque não tinha pediatra. Minha esposa está aí dentro (da UPA) aguardando ser atendida”, revelou, alertando que é comum errarem o diagnóstico, bem como, ter que recorrer a hospitais longe da Cidade, como o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos.
A comerciante Vani Oliveira Santos, mesmo não estando na UPA, testemunhou a situação difícil a qual a área de saúde de Peruíbe se encontra. “É um descaso total. Existem imensas filas na UPA, independente da idade do paciente. É triste. Se você precisar tem que recorrer a Santos ou São Paulo. Caso contrário, morre em Peruíbe. Muitas mortes sequer são divulgadas. Não há opção: é UPA ou cemitério”.
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Secretária despreparada
Durante uma das entrevistas, a Reportagem foi interrompida de forma inesperada pela secretária de Saúde do Município, a advogada Michele Luis Santos que, ao invés de trazer respostas sobre o atendimento da UPA, se preocupou em retirar a equipe do equipamento público, pago com os impostos da população. A secretária ameaçou até usar a força física contra a equipe do DL, auxiliada pela Guarda Municipal e Polícia Militar.
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Mais tarde, a assessoria de imprensa da Prefeitura enviou nota a respeito da situação, informando que a Cidade, assim como todas da Baixada Santista, depende de autorização da Central de Vagas do Estado para encaminhar os casos que necessitem de cirurgias ou urgências de maior complexidade.
Segundo a Administração, o Município tem feito a sua parte por meio dos profissionais da saúde que atendem diariamente na UPA cerca de 500 pacientes e que todos os procedimentos possíveis estão disponibilizados à população na UPA.
A Administração Ana Preto finaliza alertando que para agregar mais qualidade aos serviços prestados à saúde, a Prefeitura deu início a um processo licitatório para abertura de um concurso público, visando a contratação de médicos, enfermeiros e agentes de saúde.
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