Cotidiano

Obama pede 'exame de consciência' após caso Trayvon

O presidente também disse que seus pensamentos e orações estão com a família de Martin

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 19/07/2013 às 17:50

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O presidente Barack Obama fez suas primeiras declarações públicas sobre o veredicto da morte de Trayvon Martin, discorrendo sobre a questão racial nos Estados Unidos e as razões pelas quais os disparos contra o adolescente negro ressoaram tão profundamente entre os afro-americanos.

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Em declarações não agendadas na tarde desta sexta-feira, Obama disse que o julgamento de George Zimmerman, no qual ele foi absolvido das acusações sobre a morte de Martin, foi conduzido de uma forma profissional e que o júri emitiu seu veredicto, que é "como o sistema funciona". O presidente disse que seus pensamentos e orações estão com a família de Martin.

Obama, o primeiro presidente negro da história do país, rapidamente passou a fazer declarações de cunho mais pessoais a respeito do caso e do veredicto, que afetou os afro-americanos por causa de suas próprias experiências. O veredicto provocou manifestações em cidades de todo o país.

"Quando Trayvon Martin foi alvejado, eu disse que poderia ter acontecido com meu filho", disse Obama. "Outra forma de dizer que Trayvon Martin poderia ter sido eu 35 anos atrás."

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Obama disse que o julgamento de George Zimmerman foi conduzido de uma forma profissional (Foto: Associated Press)

Obama disse que é difícil encontrar um afro-americano nos Estados Unidos que não tenha sido seguido por seguranças de uma loja de departamentos ou ouvido as travas dos carros serem acionadas quando andam pelas ruas. Ele se incluiu no grupo de pessoas que passam por essas experiências.

O presidente disse que a comunidade norte-americana não é "ingênua" e está ciente de que homens afro-americanos "são desproporcionalmente vítimas e autores da violência". Ele disse que os Estados Unidos precisam analisar sua lei criminal e sobre armas para assegurar que elas não encorajem a violência.

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No que diz respeito às leis de "defesa do território", Obama disse que o país precisa se perguntar se tais leis encorajam a violência. Ele pediu às pessoas que considerem o que aconteceria se Martin tivesse atirado em Zimmerman em vez do contrário.

"Realmente achamos que haveria justificativa em atirar em Zimmerman, que o seguiu num carro, porque se sentiu ameaçado?", disse o presidente. "E se a resposta a esta questão é no mínimo ambígua, me parece que devemos examinar esse tipo de lei."

Ele também convocou uma ampla conversa sobre raça, mas disse que ela não deve ser liderada pelos políticos, mas pelas famílias, líderes religiosos e outros integrantes da sociedade.

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"Eu não vejo como particularmente produtivo quando políticos tentam organizar as conversações. Elas acabam empoladas e politizadas e as pessoas se mantém nas posições que já estão", disse Obama.

Essas declarações de Obama foram as mais amplas sobre raça desde o discurso que ele fez na Filadélfia durante campanha presidencial em 2008. O discurso de Obama na época ocorreu após uma onda de publicidade negativa sobre comentários explosivos de seu ex-pastor, reverendo Jeremiah Wright Jr., que ameaçaram o suporte entre os eleitores brancos.

"O assunto que surgiu nas últimas semanas reflete a complexidade de raça em nosso país, que realmente nunca foram trabalhadas", afirmou ele, e tornou o assunto pessoal. "Não posso renegá-lo (Rev. Wright) porque não posso renegar a comunidade negra. Não posso renegá-lo pelo mesmo motivo pelo qual não posso renegar minha avó branca ... que em mais de uma ocasião pronunciou estereótipos raciais ou étnicos que me fizeram estremecer."

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Trayvon Martin voltava de loja de conveniência quando Zimmerman começou a segui-lo. Minutos depois, os dois iniciaram uma brigar e Zimmerman sacou sua arma.

Segundo Zimmerman, o tiro foi dado em legítima defesa. Ele disse à polícia que Martin o havia atacado depois que ele havia desistido de perseguir o adolescente e estava retornando para seu veículo.

O caso reavivou tensões raciais no subúrbio de Orlando. Grupos de direitos civis fizeram manifestações na Flórida e em Nova York, pedindo por justiça.

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