Cotidiano

O pão nosso de cada dia

Em Santos, a Associação dos Cortiços do Centro trabalha há 13 anos para a erradicação da pobreza e melhoria das condições de vida da população carente, que, através de mutirões, aprendem a gerar renda e constroem suas próprias casas

Publicado em 03/06/2011 às 15:43

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Nem só de pão viverá o homem, disse Jesus Cristo, e assim tem sido por toda a história da humanidade. Na luta pela sobrevivência e pela realização dos sonhos, o homem busca o alimento, a casa e o conhecimento por meio do trabalho, para vencer a miséria e a pobreza. Nesta semana, a presidente da República, Dilma Rousseff, anunciou um plano para tirar ao menos 16 milhões de pessoas da miséria até 2014.

Em Santos, uma comunidade humilde luta há mais de uma década por moradia e geração de renda, através da união e de projetos sociais. No Centro da Cidade, a pobreza pode estar com os dias contados, porque a força do trabalho e o esforço conjunto de muitas famílias pela sobrevivência estão transformando um cenário de miséria e carência em prosperidade.

Essa comunidade é formada por pessoas associadas à Associação dos Cortiços do Centro (ACC) que, através de mutirões e muito trabalho, estão construindo uma vida melhor tijolo por tijolo, a cada fornada de pão, a cada colar confeccionado e a cada livro lido. É assim mesmo, aos poucos.

A ACC foi a primeira entidade no país a assinar contrato com o Governo Federal para o Programa Minha Casa, Minha Vida. O conjunto habitacional que beneficiará 68 famílias moradoras dos cortiços de Santos será erguido na Rua General Câmara, 410, em área cedida pela Secretaria do Patrimônio da União. Neste mesmo endereço já está sendo construído, pela própria comunidade, outro conjunto habitacional com mais 113 apartamentos financiados também pelo Ministério das Cidades, com contrapartida do Governo do Estado, denominado Vanguarda, pelo programa Crédito Solidário.

Essas conquistas resultam do sonho e da obstinação de Samara Margareth Conceição Faustino, que há pelos 13 anos à frente da ACC, luta por melhores moradias para sua comunidade.

O projeto habitacional rendeu à Associação dos Cortiços do Centro, o Prêmio Melhores Práticas em Gestão Local, da Caixa, que foi recebido por Samara, em 2009. O prêmio entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no valor de R$ 25 mil foi investido na área de lazer do conjunto habitacional. 

A ACC foi premiada novamente, agora em Dubai, concorrendo com os melhores projetos sociais do mundo. De acordo com Samara, desta vez o prêmio internacional Melhores Práticas em Gestão Local foi o reconhecimento do trabalho social da ACC.

As famílias que serão contempladas com os apartamentos dedicam uma carga horária trabalhando na construção do conjunto habitacional que será revertida no valor da entrada do imóvel que estão financiando. Parte dessas famílias pôde dedicar essa mesma carga horária dando expediente na Padaria Comunitária Um Só Coração, que é outro projeto social da ACC realizado em parceria com o Instituto Elos, Associação Comunidade de Mãos Dadas (ACMD) e comunidade empresarial. Mas, Samara ressalta que para trabalhar na padaria é preciso dedicar pelo menos um dia de voluntariado também.

A padaria que completará um ano em agosto, ainda não pode ser considerada ‘o ganha pão’ de quem nela trabalha, pois as atendentes não são remuneradas. Entretanto, a padaria é como uma escola. Um padeiro, também morador da comunidade, foi contratado para ensinar as mulheres da comunidade a fazerem pães, bolos, entre outros alimentos.

Além disso, elas também estão aprendendo a administrar o livro caixa da padaria. Segundo a coordenadora da Padaria Comunitária, Joaquina Socorro Lima, a Jô, as voluntárias controlam o dinheiro das vendas que é investido novamente na padaria na compra dos ingredientes, material de limpeza, pagamento da conta de luz, etc. “Cerca de 10 mulheres trabalham voluntariamente na Padaria Comunitária, mas que poderão receber uma ajuda de custo em breve”, afirmou Jô. 

A Padaria Comunitária fica na Rua Dr. Cochrane, 154, onde também existe uma biblioteca, no piso superior. Nos fundos será erguida uma creche comunitária para as crianças da comunidade de 6 meses a 5 anos, que também utilizarão a biblioteca, de acordo com Samara.

Segundo Samara, na creche serão realizadas ainda atividades de teatro, cinema e cultura para as crianças. “Nós não fazemos nada sozinhos, graças aos nossos parceiros que reconhecem a seriedade dos nossos projetos sociais e que nos apóiam estamos realizando tudo isso”, afirmou Samara.

Samara ressaltou que o reconhecimento da ACC e as melhorias para a comunidade foram conquistados. ”Nós não fomos pedir dinheiro de porta em porta, nós fizemos os projetos sociais e convidamos os empresários para um café da manhã e assim conseguimos apoio. É muita luta, muitas emoções colega”, disse Samara.

Sobre o programa Sem Miséria, anunciado pela presidente Dilma, a líder comunitária que sente na pele a luta pela sobrevivência, afirmou que só é possível sair da miséria e da pobreza, trabalhando muito.

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