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Uma vida próspera, sem dívidas, com casa própria, automóvel e dinheiro no banco para desfrutar de uma aposentaria tranqüila. É um sonho possível para qualquer pessoa. O segredo? Deixar de ser um ‘analfabeto’ financeiro, tornando-se um gerente de finanças pessoais. Quem explica é o presidente do Instituto Brasileiro de Finanças, Perícias e Cálculos (Ibrafin), professor Anísio Costa Castelo Branco.
Em entrevista ao DL, o professor Castelo Branco dá dicas de como gastar seu dinheiro, trocando o saldo negativo de sua conta bancária pela liquidez. Ele garante que um assalariado pode pagar todas as contas do mês e ainda ficar com dinheiro em caixa para aplicações rentáveis.
No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média mensal do trabalhador, de janeiro e agosto, foi de R$ 1.233,02. Já a expectativa de vida apontada pelo IBGE subiu para 72,7 anos de idade, em 2007. Com base nessa receita e na expectativa de vida, pedimos ao professor que simulasse as despesas e quanto esse trabalhador conseguiria poupar, por mês, para fazer sua previdência particular.
O personagem tem 25 anos de idade e uma expectativa de vida de 75 anos. O cálculo apontou que poupando R$ 20,74 por mês de seu salário, durante os próximos 40 anos, com taxa de juros média estimada de 1% ao mês, esse trabalhador acumularia, no final do período, o montante de R$ 246.391,35. Aos 65 anos de idade, ele poderia iniciar sua aposentadoria, com um saque mensal de R$ 3.500, nos dez anos seguintes.
A principal causa dos endividamentos dos brasileiros é a falta de conhecimento em finanças. Segundo Castelo Branco, 90% dos brasileiros possuem algum tipo de dívida e 100% pagam juros indevidos a bancos, financeiras de cartões de crédito, etc. “A melhor forma de inclusão social é a educação financeira. A educação financeira deveria ser uma das disciplinas do ensino básico. As crianças deveriam ter aulas de finanças pessoais”.
Desse modo, o dinheiro não se concentraria nas mãos de poucos como acontece hoje no Brasil”, afirma o professor Castelo Branco, complementando que o País carece também de cultura financeira. “Nos Estados Unidos, desde pequena a pessoa é orientada pela mãe a juntar dinheiro para comprar o que deseja, no Brasil, a mãe ensina a ser honesto, por exemplo”.
Gastos na ponta do lápis
O professor explica que para evitar dívidas é preciso fazer um planejamento dos gastos. Elaborar uma planilha de custos com previsão de receita e despesas fixas e variáveis mensais.
O primeiro passo é pegar um caderno e fazer a lista de todos os gastos (contas de água, luz, telefone, barzinhos, supermercado, etc). O segundo passo é classificar os gastos do mês em custos fixos e custos variáveis. Os custos fixos são as despesas de primeira necessidade (alimentação, contas de luz, água, etc).
Já os custos variáveis são o barzinho, roupas, etc). O terceiro passo é apontar os valores de cada gasto. A previsão de receita orçamentária também deve ser classificada. “É preciso classificar também a receita fixa (remuneração/salário) e a receita variável (trabalhos extras)”. Com a previsão de receita e os custos na ponta do lápis é possível gerenciar as contas e saber onde cortar gastos.
O segredo é o choque de realidade. É preciso sofrer o choque para mudar o perfil de vida”, diz o professor, complementando que se nem conhecendo o tamanho do rombo a pessoa tomar providências e a ‘bola de neve’ da dívida continuar crescendo, o jeito é “entregar pra Deus”.
Derreter a ‘bola de neve’
Castelo Branco afirma que todo mundo pode equacionar aquela dívida enorme da fatura do cartão do crédito ou do cheque especial. Para isso, o professor explica como renegociar a dívida, como derreter a ‘bola de neve’.
Por exemplo, quando o consumidor já não consegue pagar o total da fatura do cartão de crédito e paga só o mínimo, e assim faz mês a mês, “a primeira coisa é pegar todas as faturas e somar os custos dos encargos. Só os encargos. Calcula o montante e pede desconto de 70% desse valor à financeira do cartão de crédito.
É quase 100% de chance de a financeira aceitar o acordo e financiar o restante da dívida para o cliente”, orienta Castelo Branco, dizendo que as pessoas não sabem negociar suas dívidas. Ele acrescenta que o mesmo pode ser feito em relação aos juros do cheque especial. “O cliente pode tentar negociar com o gerente do banco o desconto de 70% do valor dos juros acumulados e pagar o restante da dívida, em parcelas fixas”.
“As pessoas não conhecem seus direitos (consumidor) e não sabem fazer contas”, alerta o professor, que também é autor do livro ‘Código de Defesa do Consumidor: ao alcance de todos’.
Aposentadoria particular
Todo mundo deve saber que se aplicar o dinheiro ganha dobrado. “Se a pessoa aplicar R$ 50, na verdade estará ganhando R$ 100”, diz o professor Castelo Branco. Segundo ele quanto maior o risco, maior o retorno financeiro da aplicação, e quanto menor o risco, menor a rentabilidade.
Porém, todo o investidor deve ter em mente que o retorno será a longo prazo, tanto para quem investe em ações da Bolsa de Valores (risco e rentabilidade maiores) quanto para quem investe na poupança ou fundos de renda fixa (risco e rentabilidade menores).
A poupança rende cerca de 0,67% ao mês. Os fundos de renda fixa rendem um pouco mais, porém não alcançam 1% ao mês, mas recolhem imposto de renda e taxas bancárias. Qualquer tipo de investimento, porém, garantirá um bom fundo de previdência, diz o professor. “Com R$ 200 mil no banco já é possível viver bem na aposentadoria”.
O primeiro milhão ($)
“Se você economizar um cafezinho por dia, faz R$ 1 milhão em 40 anos. Se você economizar um maço de cigarro por dia, acumula R$ 1 milhão, em 20 anos. Se você deixar de comprar uma bijuteria, acumula R$ 1 milhão, em 25 anos, e assim vai”, exemplificou Castelo Branco, enfatizando que qualquer pessoa pode conseguir o seu primeiro milhão.
O cálculo para ganhar o primeiro milhão está disponível no site do Instituto de Finanças, Perícias e Cálculos www.ibrafin.com.br. Mas, Castelo Branco ressalta que ninguém precisa de R$ 1 milhão para viver bem.
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