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O novo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, que tomou posse hoje, já foi investigado pelo governo dos Estados Unidos por suposto envolvimento com lavagem de dinheiro, contrabando de cigarros e tráfico de drogas. O empresário, de 57 anos, construiu sua fortuna com um conglomerado que vai de bancos a fabricantes de cigarro, refrigerantes e mesmo times de futebol.
Usando a faixa presidencial, Cartes jurou hoje que seu governo vai "servir de exemplo" para o país. Novato na política, ele nunca tinha nem votado para presidente antes de se candidatar pelo Partido Colorado. Com um jeito jovial e empreendedor, ele venceu as eleições realizadas em abril com 46% dos votos.
O contrabando, a corrupção e a evasão tributária são problemas endêmicos no Paraguai, um país com 6,2 milhões de habitantes onde 39% da população vive na pobreza. Segundo a Transparência Internacional, o Paraguai está em 150º no ranking de 176 países sobre combate à corrupção. O Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA disse em um relatório de 2010 que "a corrupção é um grande impedimento para a consolidação das instituições democráticas" no país.
As acusações envolvendo Cartes vieram a público em 2010, quando o Wikileaks divulgou um documento do Departamento de Estado dos EUA que o classificava como o líder de uma quadrilha de narcotraficantes. Ele nega as acusações. "Eu não iria querer ser presidente se tivesse ligações com narcotraficantes. Podem pesquisar as decisões judiciais. Não há uma única acusação contra mim. Há anos eu sou uma figura pública, mas assim que entrei para a política surgiram essas histórias, veiculadas por pessoas mal intencionadas", afirmou ele recentemente em uma entrevista para a imprensa estrangeira.
Ele ficou preso por dois meses em 1986 durante uma investigações sobre fraude cambial, mas o caso acabou sendo arquivado. Para o ex-agente da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA Frank Holder, a carreira política de Cartes é um esforço para comprar uma espécie de seguro político contra interferências nos seus negócios. "Ele não tinha nenhum envolvimento com a política até 2008, quando começaram as investigações dos EUA sobre suas atividades", comenta.
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