Novo presidente da Câmara de Praia Grande fala de TV Legislativa e planos de sua gestão

Roberto Andrade e Silva, o Betinho (PMDB), começou a despachar no último dia 5 como presidente da Câmara de Praia Grande. Vereador em primeiro mandato, ele tem 15 anos de vida pública — foi assessor parlamentar e chegou a ser chefe de gabinete do prefeito Alberto Mourão (PSDB). Apesar dessa proximidade, Betinho garante que fará uma gestão independente do Poder Executivo. Confira a entrevista concedida ontem, quando ele visitou o Diário do Litoral:

DL - O senhor é vereador em primeiro mandato. Se sente preparado para presidir a Câmara de Praia Grande no biênio 2015-2016?

Betinho – Me sinto preparado por dois motivos: primeiro, por gostar do que faço; e segundo porque, apesar de estar em meu primeiro mandato, tenho 15 anos de vida pública, assessorando políticos. Comecei em 2001 como assessor na Câmara, em 2005 fui trabalhar com o Alberto Mourão, cheguei a ser chefe de gabinete, depois em 2009 atuei na Secretaria de Educação como secretário-executivo. Tive a oportunidade de presenciar questões políticas e também a experiência administrativa na Secretaria de Educação.

DL – O senhor, então, deve ter o diagnóstico do Poder Legislativo em mãos. Qual é hoje o principal desafio na Casa?

Betinho – Fiz questão de despachar já no dia 5 de janeiro. Entendo que um dos principais desafios do Legislativo é estreitar seu relacionamento com a comunidade. Não que os vereadores não façam isso. Na individualidade, fazem esse papel. A Câmara precisa criar esse estreitamento.

DL – As sessões da Câmara eram às 10 horas, e hoje são às 19 horas. Isso resultou em uma maior participação popular?

Betinho – Isso proporcionou para as pessoas a oportunidade delas acompanharem, mas estranhamente não aumentou a presença nas galerias.

DL – Como o senhor explica isso?

Betinho – Falta de interesse. Nossa meta é buscar pelas redes sociais todas as ferramentas para nos aproximar da população. Já temos a transmissão das sessões ao vivo pela web, mas precisamos ampliar a divulgação. Meu maior desafio será o de fazer as pessoas entenderem a importância do Poder Legislativo para a democracia. Nossa função é mostrar a função de um vereador, suas atribuições, como se votam as leis. E isso a gente só consegue com transparência. Quanto mais se mostra a Casa, vai se desmistificando ideias como a de que “os projetos são aprovados na calada da noite” ou “vereador se aposenta depois de dois mandatos”. São mitos que, se não for dada a informação correta, persistem.

DL – É difícil montar em dois anos uma TV Legislativa local?

Betinho – Não é difícil. É desafiador. Vou precisar contar com toda equipe que tenho na Câmara para conseguir colocar isso o quanto antes. Esse é um dos caminhos: passar o máximo de informação para as pessoas. Hoje não dá para negar a capacidade de as pessoas trocarem informação em tempo real. É preciso modernizar. Os poderes executivos (prefeituras, estados e União) estão conseguindo fazer isso, estão um passo à frente na questão da transparência de informação. Os poderes legislativos precisam estar nesse mesmo ritmo.

DL – Há no site da Câmara uma ferramenta para mostrar os gastos. Ela está sendo muito procurada?

Betinho – Não muito. Porque as pessoas precisam saber que essa informação é pública e elas têm mais do que o dever e o direito de acessá-la. Precisa uma divulgação maior. Também quero deixar como marca da minha gestão uma maior aproximação com os órgãos de imprensa, com entidades de classe, entidades filantrópicas e outras.

DL – Há a percepção de que boa parte das reivindicações feitas em plenário é da área de Segurança Pública. A cobrança nos gabinetes tem sido mesmo grande?

Betinho – Esse é um dos maiores desafios. O problema é brasileiro, não apenas na nossa cidade. Temos problemas localizados em cada município onde o desafio do homem público é resolver essa demanda. O desafio em Praia Grande é na área de Segurança, conseguir fazer com que toda estrutura que temos atue na área preventiva. Não é por falta de câmeras, não é por falta de efetivo, temos uma Guarda armada e bem equipada, com veículos novos. O prefeito colocou até carros elétricos para circular na praia, aumentando a capacidade de circulação dos guardas. Sentimos muito essa cobrança. Entendo quando o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, fala da “sensação de segurança”, quando sabemos de alguém que foi assaltado ficamos temerosos. O Governo do Estado tem de entender que a Segurança deve ser prioridade e direcionar sua política para efetivamente ter resultados. E os resultados só virão através de investimentos.

DL – Que outro problema de Praia Grande a Câmara pode ajudar a resolver?

Betinho – Outra questão que enfrentamentos está na área da Educação, com relação às escolas estaduais. Elas precisam de melhorias na infraestrutura. Isso depende exclusivamente do Estado. Quanto mais distante está do dia-a-dia da Cidade, mais difícil fica para resolver isso. A população não distingue escola do Estado ou do Município.

DL – Como o senhor garante que fará uma gestão independente do Executivo, pelo fato de o senhor ter sido chefe de gabinete do prefeito Alberto Mourão (PSDB)?

Betinho – Não tenho vergonha nenhuma de dizer que sou uma pessoa próxima ao prefeito. Mas de uma maneira muito tranquila, quando pensei na possibilidade de ser presidente da Câmara, em uma das conversas com ele busquei deixar claro a ele que entendo que o Poder Legislativo tem a necessidade de ter sua autonomia até para benefício de uma boa política. A partir do momento em que o Poder Legislativo é um poder subordinado ao Executivo, não se exerce uma boa política. Eu nunca atuei para barrar criação de comissões na Câmara, mesmo nas comissões de inquérito. Quero preservar a autonomia do poder. E ele entendeu. O Mourão é prefeito, mas já passou pelo Legislativo. Ele foi vereador e deputado. Ele sabe da importância do parlamento e da importância de ter um Poder Legislativo com sua autonomia.