22 de Setembro de 2024 • 14:38
Um projeto que busca um novo acesso para desafogar os acessos à Baixada Santista e, especialmente, ao Porto de Santos, é preparado por uma construtora que participou do projeto do Rodoanel.
Criado pela Contern Construções e batizado de Via Mar, o projeto contempla uma rodovia, soluções modais e plataformas para alavancar uma nova dinâmica no sistema viário e no fluxo de cargas que entra e sai do Porto.
“A carga está descendo pela Anchieta. Continua o acesso ao Porto de Santos sendo feito por uma rodovia que foi projetada em 1943. Pelo amor de Deus. O Porto, naquela época, recebia caminhão de saca de café. Agora, é contêiner, é tudo”, comentou Wagner Leite Ferreira, ex-professor da Unesp, consultor da Contern nas áreas de conceito do eixo rodoviário, plataformas logísticas e de intermodal.
De acordo com a proposta, a primeira fase contempla a rodovia, que terá uma extensão de 36 quilômetros e ligará Suzano, a partir do Rodoanel Leste, até Santos. O trajeto inclui um trecho principal de túnel contínuo, com extensão entre 21 e 23 quilômetros no meio do parque estadual da Serra do Mar.
O trajeto parte de uma interligação onde se localizam o trecho leste do Rodoanel Mario Covas, a Estrada dos Fernandes e a Rodovia Índio Tibiriçá. Na Baixada Santista, ela cruzará a Rodovia Cônego DomEnico Rangoni, próximo ao acesso à Ilha Barnabé, e seguirá ao nível do solo até entrar em um túnel submerso que atravessará o canal do Porto e fará a ligação com a avenida portuária. A nova rodovia contará com 2 pistas de 3 faixas de trânsito por sentido e velocidade diretriz de 120 km/h. A expectativa é de que 15 mil caminhões/dia passem pela rodovia.
Para Leite Ferreira, a principal dificuldade dentro do projeto é o trecho que atravessa o parque estadual. “A maior complexidade da obra está no parque estadual da Serra do Mar. A engenharia, hoje, resolve qualquer coisa com qualquer método construtivo, mas quando você entra numa área complicada como essa você tem que evitar ‘machucar’ essa área. Por isso, toda a área que atravessa o parque tem que ser por túnel”.
Ele também destacou a importância da construção do túnel submerso que atravessará o canal do Porto. “Se você está imaginando que esse porto, daqui a 10 anos, estará operando com 200 milhões de toneladas, toda obra que você fizer será complementar a outra. Esse túnel tem um fator maior de integração do porto com o porto. Se você pegar qualquer porto europeu ou em Cingapura, as margens são interligadas por túneis de operação do porto. Agora, o túnel que querem fazer mais para o meio da cidade, é uma ligação absolutamente necessária entre Santos e Guarujá, que já necessária há 50 anos. Fazer uma obra não inviabiliza outra. As duas têm que ser feitas”.
Na segunda fase há a possibilidade de serem incluídas composições de trens sendo ainda possível, de acordo com a construtora, a instalação de dutos com alta capacidade para conduzir produtos líquidos e combustíveis em suas variadas formas.
“O eixo dará o espaço para a ferrovia, não irá construí-la. Depois vai se chamar as concessionárias que queiram fazer a ferrovia e já fica o espaço reservado”, destacou Wagner, que ainda ressaltou que a rodovia promoverá a integração das áreas continental e insular de Santos. “Falta como chegar lá, arrumar aquilo. Daria a oportunidade de puxar o Porto para lá”.
O Via Mar tem um custo aproximado de até R$ 8 bilhões. Por isso, o consultor explicou que é necessária a parceria com a iniciativa privada. “Vai ter que jogar a iniciativa privada nisso até porque o governo tem prioridade na área social, na saúde, na educação, na segurança. É evidente que infraestrutura e transportes é tão importante quanto, mas você está num lugar que falta dinheiro, primeiro você precisa comer. O aspecto social não pode ser descartado. Por isso, que esse é um chamamento para a iniciativa privada fazer junto com o Governo”.
Plataformas
O projeto também inclui três plataformas, sendo uma no planalto e duas na Baixada Santista. A Plataforma Nava, na região do planalto e antes da descida da serra, terá acesso pelo Rodoanel e uma estrutura que inclui pátio para estacionamento de caminhões, com conveniências para caminhoneiros e postos de abastecimento e manutenção de veículos; áreas para carga, descarga e armazenagem de mercadorias; suporte alfandegário; condomínio industrial, para instalações; além de edifícios comerciais com uma ampla rede de apoio.
De acordo com Leite Ferreira, seria a forma de “transferir parte de operação do Porto diretamente para o planalto”.
Na Baixada Santista, as plataformas logísticas Marine 1 e 2 distribuirão os produtos para o carregamento de balsas e navios. A Plataforma Marine 1 terá todos os recursos da Plataforma Nava, mas fará o carregamento e o descarregamento de balsas transportando contêineres. Essas balsas irão navegar pelo canal indo ao encontro de navios atracados em dolfins.
A Plataforma Marine 2 servirá para armazenar e transportar grãos e minérios. Por meio de um sistema de esteiras rolantes, os produtos sairão automaticamente dos armazéns e silos carregando os navios atracados em dolfins.
“Essas bases são acessórias do projeto principal. Elas não entram. É chamar a iniciativa privada para construir e ocupar essas bases. É como num plano diretor municipal. Tem um plano diretor de uso e ocupação do solo que diz que ali se pode fazer um shopping, mas não quer dizer que a prefeitura irá construir, nem o governo. Temos que deixar a ideia montada e costurada para que ali sejam plataformas. Deixar o espaço e com certeza a iniciativa privada virá”, concluiu Wagner.
Brasil
A loja-conceito, que ainda trará Inteligência Artificial, deve ser aberta até março de 2025
Diário Mais
Primeira edição do popular evento da Disney acontecerá pela primeira vez no Brasil em novembro deste ano