Cotidiano

Nova estratégia de Haddad contra Cracolândia dá comida, casa e emprego

Os dependentes que circulam pela região, mas não moram nas barracas, não estão incluídos no programa, por enquanto

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 14/01/2014 às 22:01

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A gestão Fernando Haddad (PT) pôs nas ruas sua estratégia para enfrentar a Cracolândia, região no centro paulistano ocupada por dependentes químicos que já passou por seis prefeitos e resistiu a todos. Sem participação direta da polícia e avisando que "não pretende acabar com o vício", três secretarias da Prefeitura vão oferecer comida, moradia, emprego (remunerado) e tratamento médico. As cerca de 300 pessoas que viviam na favela surgida ali há 90 dias começaram ontem a desmontar barracos.

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Os dependentes que circulam pela região, mas não moram nas barracas, não estão incluídos no programa, por enquanto. "O trabalho se desenvolverá sob uma ótica de redução de danos", diz o material da Operação Braços Abertos, como foi chamada a ação, distribuído ontem. A proposta, segundo a secretária de Assistência Social, Luciana Temer, é combater a vulnerabilidade social dos dependentes - não o crack.

Embora estivesse marcada para começar apenas hoje, a retirada dos barracos teve início ontem por iniciativa dos moradores da área. Desmontar o próprio barraco foi um pedido da Prefeitura. O material que os moradores não queriam mais foi recolhido pela Secretaria de Coordenação das Subprefeituras. "Dos cerca de 200 barracos erguidos, apenas dois não tiveram interesse no programa", diz a secretária Temer.

A Prefeitura, no entanto, espera problemas na retirada da maior parte dos moradores,que ficam ao lado dos dependentes que somente circulam pela região - as vezes apenas por alguns dias. Isso porque não há certeza de como os dependentes, fora de si por causa do uso das pedras de crack, vão reagir à presença de repórteres e agentes de saúde hoje, ainda mais sem ver apoio policial.

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A nova estratégia de Fernando Haddad contra Cracolândia dá comida, casa e emprego (Foto: Divulgação)

Programa

Os que aderiram ao programa serão acomodados em quatro hotéis do bairro, com as diárias pagas pela Prefeitura, sem prazo para permanecer ali. As pessoas foram acomodadas de acordo com o relacionamento entre si: famílias, casais ou apenas amigos. No último caso, os quartos poderão ser compartilhados por até quatro pessoas.

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Para morar nesses quartos, os dependentes terão de trabalhar para a Prefeitura na varrição de dez praças da região, contratados pelas prestadoras de serviços encarregadas da zeladoria urbana. O salário será de R$ 15 por ida, pago uma vez por semana. Além das quatro horas de trabalho, terão de cumprir jornada diária de duas horas fazendo cursos de capacitação oferecidos pela Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego. Eles usarão uniformes diferentes dos garis da cidade. "Isso é para atender exigências legais, senão teríamos de fazer concursos", diz o secretário de Segurança Urbana, Roberto Porto.

Saúde

Na área da saúde, não haverá mudanças em relação aos tratamentos que já são oferecidos atualmente aos dependentes. "Os programas de tratamento, em parceria com o governo do Estado, vão continuar. O que fizemos foi aumentar a quantidade de leitos de internação na nossa rede já existente, nos 18 hospitais da cidade", disse o secretário de Saúde, José di Filippi Junior.

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O pagamento do salário será feito enquanto o dependente estiver no programa. "Se um dia ele não for no trabalho porque não tiver condições, por causa do uso, mas for procurar ajuda na rede de saúde, vai receber o salário normalmente", disse a secretária Luciana.

Uma entidade privada escolhida pela Prefeitura para acompanhar a operação, a ONG União Social Brasil Gigante, vai manter um agente monitorando cada grupo de 20 atendidos pelo programa. Se foi observado que a pessoa não tem mais interesse em participar, ela terá de sair dos quartos de hotel.

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