Cotidiano
A aeronave, de uma empresa que foi fundada por ele e tem como sócio o filho do senador, foi apreendida há duas semanas pela Polícia Federal no interior do Espírito Santo
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O senador Zezé Perrella (PDT-MG) saiu em defesa do filho, o deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), no escândalo da apreensão pela Polícia Federal de um helicóptero que transportava 443 quilos de cocaína. A aeronave, de uma empresa que foi fundada por ele e tem como sócio o filho do senador, foi apreendida há duas semanas pela Polícia Federal no interior do Espírito Santo.
No seu primeiro discurso após a divulgação do caso, o pedetista acusou a imprensa de querer atingir sua família a qualquer custo no episódio e disse jamais ter passado "um período mais difícil" na sua vida. "Eu não preciso de política", afirmou ele, ex-presidente do Cruzeiro e que assumiu em definitivo o mandato após a morte, em meados de 2011, do senador Itamar Franco.
O senador mineiro afirmou que seu filho autorizou o piloto do helicóptero a fazer um frete, pelo qual receberia R$ 12 mil, de um voo que sairia de Minas Gerais para São Paulo. Contudo, Perrella disse que o piloto não comunicou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que o voo iria para o Espírito Santo. Foi lá que, segundo o pedetista, a Polícia Federal "capturou esses bandidos", que estavam sendo monitorados pelo órgão.
Em defesa de Gustavo, Zezé Perrella disse que o piloto, ao depor na PF, disse que seu filho não sabia de "absolutamente nada" sobre o que estava sendo transportado na aeronave. Ele afirmou ainda que o piloto, que foi exonerado do gabinete do deputado estadual, foi cooptado pelo copiloto, que não era funcionário da empresa da família. Os dois rateariam, segundo ele, R$ 104 mil, dos quais R$ 60 mil ficariam com o piloto e o restante com o copiloto.
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O senador do PDT ressaltou ainda que o delegado que conduz as investigações do caso disse que seu filho "não constava sequer como suspeito". Mas, segundo Perrella, reportagens começaram a explorar ligações contra o deputado e até ele próprio. "A imprensa quando não quer entender, quer ver sangue, quer massacrar", criticou, ao dizer que jamais imaginaria que iria à tribuna para tratar de um assunto que o deixasse "tão triste".
Sem citar os veículos, Zezé Perrella disse que chegaram a sugerir que o "voo maldito" pode ter sido abastecido com recursos da cota parlamentar do seu filho. Ele defendeu-o, dizendo que Gustavo usou em todo o ano R$ 14 mil e que o último ressarcimento da verba indenizatória ocorreu em outubro, portanto, antes da apreensão da droga. O pedetista afirmou que ele poderia usar até R$ 20 mil por mês. "Se está errado, que se mude o regimento. Quando eu vejo tudo isso, dá vontade de largar a política", disse.
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O senador mineiro ainda chamou de "sacanagem" a tentativa de explorar politicamente o episódio, mencionando a manifestação de 50 pessoas na porta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Perrella disse que fuma e seu filho nem sequer bebe e que ambos já se empenharam em campanhas antidrogas quando ele presidiu o Cruzeiro. "Eu descobri que não vale a pena (a atividade política) e, mais uma vez eu repito, que meu filho não vai ser investigado", queixou-se.
Zezé Perrella, que só foi aparteado rapidamente pelo senador Magno Malta (PR-ES), defendeu que "os cabeças" da organização apodreçam na cadeia. Ele disse que o piloto do helicóptero tinha "cara de gente boa" e, perto do fim do episódio, fez uma analogia com a situação por que passa sua família. "É como você emprestar seu carro para alguém comprar um pão e esse carro é usado para traficar droga ou cometer um assassinato", disse. "Eu não posso aceitar isso."
Ao final do discurso, o senador do PDT foi questionado por jornalistas se iria se pronunciar sobre a investigação aberta pela Anac para realizar fretamento. O órgão informou que o helicóptero não tinha autorização para prestar esse tipo de serviço. Ele não quis comentar, dizendo que tudo o que tinha a falar foi dito da tribuna.
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