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“Em um reino tão distante vivia uma princesa linda chamada Saúde. Certo dia, ela resolveu passear pelo jardim do mercado e conheceu um príncipe charmoso chamado Lanchinho. Foi amor à primeira vista. Eles viveriam felizes para sempre se não fosse pelas maldades de um terrível vilão: o Açúcar. Doce e acolhedor, o vilão possuiu o Lanchinho, que acabou magoando o coração da Saúde”.
A história está em formato de conto de fadas, daqueles contados para as crianças na hora de dormir. Mas, trazendo para a realidade e o cotidiano entre mães e filhos, o problema é mais que real. Cada dia mais, alimentos com grande quantidade de açúcar são incluídos na alimentação diária da criança. Um estudo internacional sobre obesidade infantil, desenvolvido em 2014 em vários países, apontou que 39% das crianças brasileiras são obesas. Esta taxa foi considerada pelos pesquisadores como “extremamente alta”.
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Este assunto é complexo e as questões são muitas. Você sabe exatamente do que é feito o biscoito doce que seu filho adora? E os ingredientes daquele salgadinho que sua sobrinha vive pedindo? Conhece a composição do suco de caixinha que vai na lancheira dos pequenos? Pode não parecer, mas ler e entender os rótulos dos produtos que consumimos é tão importante quanto nos preocuparmos com a saúde nutricional. E esse cuidado é uma das reflexões do Dia Mundial da Alimentação, celebrado hoje.
Essa tarefa, a princípio, pode parecer tão complicada quanto compreender uma bula de remédio. Mas, com certeza, fará toda a diferença na vida de quem busca uma alimentação saudável e, especialmente, aos que têm restrições a certos ingredientes. “As mães colocam bolacha recheada, achocolatado instantâneo, bolinhos prontos para a merenda do filho. Algumas escolas proíbem isso e já trabalham com nutricionistas dentro das instituições, mas outras não. Não quero dizer que seu filho jamais poderá comer este tipo de alimento, mas ele não pode ser rotina na alimentação de uma criança”, comenta a nutricionista Nathália Guedes.
Um dos principais vilões desta história é mesmo o açúcar. Na maioria das bolachas recheadas, por exemplo, o ingrediente é o segundo na composição. No caso do composto alimentar sabor chocolate, conhecido também como achocolatado instantâneo, o açúcar ocupa a mesma posição na escala de ingredientes. “Uma caixinha dessa na merenda do seu filho e ele está comendo sete colheres de sopa de açúcar de uma vez só”, comenta a jornalista especializada em alimentação infantil e criadora da página Chefe de Papinha, Nathália Donato.
E não basta apenas conferir a data de vencimento do produto. É preciso decifrar as chamadas informações nutricionais, o que pode nos levar a pegadinhas. “O primeiro ingrediente descrito no rótulo é aquele que está em maior quantidade no produto e o último, em menor quantidade. Alguns sucos de caixinha têm açúcar e água em maior quantidade que a fruta”, explica Nathália Donato.
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Há dois anos, Nathália assumiu o desafio de orientar e alertar mães, pais e escolas sobre a qualidade dos alimentos apresentados aos bebês e às crianças. Em cursos para grupos, oficinas temáticas e consultorias individuais sobre alimentação saudável, a jornalista especializada em alimentação infantil, cozinheira profissional e culinarista decifra os segredos dos rótulos, sempre com o suporte técnico da nutricionista Nathália Guedes.
E os riscos do excesso de sódio nos preparos, adverte Nathália Donato, devem ser um dos motivos para a leitura atenta dessas informações. Ela lembra que a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que os adultos consumam menos de 2 gramas de sódio — o equivalente a menos de 5 gramas de sal. “Na hora de ler a quantidade de sódio e o porcentual em relação ao recomendado no rótulo, fique de olho na porção à que se refere”.
Outro cuidado é prestar atenção aos nomes descritos nos rótulos. Eles indicam a presença de aditivos químicos, ou seja, os temidos antes: estabilizantes, corantes e conservantes. “Numa linguagem mais clara, os estabilizantes mantêm a estrutura do produto. No biscoito, o deixa crocante. Alguns deles são goma xantana, carragena, goma aguar e jataí”, detalha ela.
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Já os conservantes são usados para aumentar a vida útil dos alimentos e evitar a ação dos micro-organismos. “Grande parte desses aditivos usados em produtos alimentícios prontos é obtida a partir de processos químicos, como o ácido benzóico, dióxido de enxofre e nitratos e nitritos”, enumera Nathália Donato.
Até insetos
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Para realçar as cores, o corante carmim cochonilha, que confere uma cor próxima ao vermelho, é obtido a partir da maceração de uma espécie de inseto chamada Dactylopius coccus. Isso mesmo, um inseto! Ele está presente no iogurte, na bolacha recheada e até em medicamentos. “O melhor mesmo é fugir de alimentos coloridos demais e com cores muito artificiais”.
Mas, se não for possível ter esse cuidado na hora de ir às compras, o ideal é preparar as refeições com ingredientes frescos e da época, sempre oferecendo aos pequenos um cardápio variado e equilibrado. “Se houver dificuldades na fase de introduzir alimentos aos bebês, a Chefe de Papinha oferece workshops que incluem o preparo de uma papinha, com todas as dicas e orientações básicas”, diz a culinarista.
Você está bebendo leite?
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A alimentação dos bebês exige uma atenção ainda maior. Na hora de escolher o leite em pó para fazer a mamadeira, você sabe diferenciar o que é leite de verdade e o que não é? Sim, existem leites que não são leites, mas sim compostos lácteos cheios de aditivos que, à primeira vista, só fará bem à saúde da criança. Mas nem sempre é assim.
“O bom é que os ingredientes sejam os mais naturais possíveis. O composto lácteo é cheio de ingredientes desconhecidos. Mas as embalagens são muito parecidas e a disposição delas no mercado confunde o consumidor. Para quem não está atento, a troca é natural”, comenta Donato.
Chefe de Papinha
A Chefe de Papinha realiza cursos sobre o preparo de lancheiras, como melhorar a alimentação familiar e como driblar a dificuldade na aceitação de alimentos saudáveis. “Vamos até essa família e orientamos como podem ser melhoradas as refeições em família ou os lanches escolares. As pessoas descobrem que não é impossível comer bem”, explica Donato.
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A novidade agora é a consultoria nas escolas, para alinhar as preocupações de pais e gestores escolares no quesito alimentação. “Meu ideal é despertar a chefe de papinha que existe dentro de cada mãe. Acredito que qualquer pessoa é capaz de preparar a comida do seu próprio filho e ser firme na alimentação saudável, sem precisar se tornar neurótica”, resume ela.
Vale lembrar que a empresa mantém uma linha de papinhas, sopas e refeições preparadas sem conservantes e sem óleos vegetais e que podem ser congeladas. Outra opção são os lanchinhos saudáveis, preparados diariamente e entregues nas escolas, e o kit para festa escolar, que segue a mesma preocupação nutricional.
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Atividades em Santos marcam o Dia da Alimentação
Trabalho, filhos, estudo, lazer e descanso. A rotina da maioria das pessoas é tão corrida que a preocupação com as refeições fica em segundo plano. E é justamente essa reflexão, sobre o que comemos, que o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Santos (Comsea) leva à Praça Mauá, hoje, das 10 às 14 horas, para comemorar o Dia Mundial da Alimentação.
A iniciativa levará informação aos participantes, que terão sete tendas com prestação de serviços gratuitos, como pesagem e medição de altura para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), orientação nutricional, receitas para reaproveitar alimentos, apresentação do Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014 e avaliação nutricional. Os produtos da feira de orgânicos do Jardim Botânico e os do curso de panificação do Fundo Social de Solidariedade também estarão expostos.
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A missão de reforçar a necessidade de refeições balanceadas para os brasileiros também fica a cargo de Nathália Donato, jornalista especializada em alimentação infantil, cozinheira profissional e culinarista, criadora da Chefe de Papinha.
Ela e a nutricionista Nathália Guedes comandam a atividade batizada de “O que eu comi ontem”, por meio do jogo chamado “Meu dia alimentar”, em que a pessoa preenche um quebra-cabeça com as peças referentes aos alimentos que consumiu na véspera. “Ao término do jogo, a pessoa visualiza como anda a alimentação. Se está comendo muito de algum grupo alimentar e se algum nutriente está faltando”, explica Nathália Donato.
Entre dicas sobre os riscos do consumo excessivo de açúcar e sal, por exemplo, a dupla envolverá as crianças em uma brincadeira que também testa os conhecimentos dos pequenos. Neste desafio, eles separam os alimentos (de brinquedo) que fazem bem e os que fazem mal. Tudo pincelado com mensagens didáticas e em uma linguagem própria para o público mirim.
“Vamos aproveitar o Dia Mundial da Alimentação para pensar sobre o que a gente come, os nutrientes presentes na nossa refeição. É também o momento de mostrar para as crianças quais alimentos fazem bem e quais eles deveriam comer menos”, resume a Chefe de Papinha.
A programação nas tendas será desenvolvida por alunos e representantes da Universidade Paulista (Unip), do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e da Universidade Católica de Santos (UniSantos), por integrantes do Grupo Técnico de Nutricionistas da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) e do Comsea. As atividades são abertas ao público e serão acompanhadas por alunos da rede municipal de Santos e universitários.
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