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O índice que mede o volume de água armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira registrou novo recorde negativo nesta sexta-feira, 7, atingindo apenas 15,8% da capacidade total das reservas. Trata-se do menor nível desde que o complexo de abastecimento começou a funcionar, em 1974. Nessa quinta, o nível observado era de 16%, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Também nessa quinta-feira, o governador Geraldo Alckmin anunciou que a concessionária cumprirá a medida determinada pelas agências reguladoras que prevê a diminuição da vazão máxima de captação do Cantareira de 31 metros cúbicos (m3) por segundo para 27,9 m3/s. O corte representa uma redução de 10% na retirada máxima de água a qual a Sabesp tem direito, mas fica acima da vazão de captação primária, de 24,8 m?/s.
A determinação da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) entra em vigor na segunda-feira, dia 10, e visa conter a contínua queda no volume de água armazenado no sistema.
Na avaliação do coordenador de projetos do Consórcio PCJ (que representa as demais cidades que dividem a outorga do Cantareira com a Sabesp), José Cezar Saad, aliada a um volume de chuvas dentro da média nos próximos meses, a redução até pode estabilizar os níveis, mas é insuficiente para promover a recuperação dos mananciais. "O corte é um alento, aumenta o prazo de sobrevida do reservatório, mas não recupera", afirmou.
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Para Saad, se chover, a medida pode garantir uma situação regularizada no abastecimento pelos próximos 60 dias, prazo em que a Sabesp deve concluir as obras para início da captação do volume morto do sistema. A companhia informou, na última semana, que investiu R$ 80 milhões na compra de equipamentos para a exploração da reserva adicional de 400 milhões de m³.
Racionamento. Para manter o abastecimento após a redução, a Sabesp irá transferir o abastecimento de 1,8 milhão dos 8,8 milhões de consumidores atendidos pelo Cantareira para os Sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. A expectativa de técnicos do setor é de que a estratégia afaste o risco de um racionamento de água imediato na Grande São Paulo, mas os especialistas alertam para a limitação técnica da alternativa.
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Embora o governo estadual, acionista majoritário da Sabesp, negue enfaticamente a necessidade de um corte no abastecimento, esse cenário está sendo tratado reservadamente como uma hipótese caso não chova até domingo no Cantareira. Segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), de quinta até sábado deve chover de 40 a 100 milímetros (mm) no leste e nordeste do Estado, atingindo a região dos reservatórios. No entanto, ontem a concessionária registrou apenas 0,1 mm de chuvas sobre o sistema.