Cotidiano

Mulher volta para casa a pé com a neta no colo

Apesar de ter o dinheiro da passagem, Maria Miriam de Jesus andou da Santa Casa ao Morro Santa Maria porque o motorista se recusou a aceitar o pagamento

Publicado em 07/06/2013 às 09:34

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Alguém tinha alguma dúvida que histórias como essa não iriam acontecer? Por só ter dinheiro e não o cartão transporte, uma senhora, com a neta K.V.A.J. (de pouco mais de um ano) no colo e de madrugada, foi obrigada, na última terça-feira, a caminhar quilômetros do Pronto-Socorro da Santa Casa de Santos até o Morro Santa Maria, onde mora, em Santos.

O motorista do ônibus municipal recusou-se a levar a passageira. O caso foi encaminhado ao Ministério Público (MP) pelo Conselho Tutelar.

Maria Miriam de Jesus conta que se sentiu humilhada. “Onde já se viu ter dinheiro e ter que andar a pé? Minha neta sequer foi atendida porque estava cheio (Pronto-Socorro). Eu perdi a perua e fui pegar um ônibus para o terminal para, depois, pegar outro para minha casa. Mas o motorista não deixou porque eu não tinha o cartão transporte, só dinheiro”, desabafou ontem, com a neta nos braços.

“Onde já se viu ter dinheiro e ter que andar a pé?”, disse passageira impedida de embarcar num ônibus de Santos (Foto: Matheus Tagé/DL)

O conselheiro Márcio Roberto de Oliveira Barbosa disse ontem que esse tipo de situação é insustentável, porque é um caso típico de violação dos direitos da criança e do adolescente. “A situação foi testemunhada por outras pessoas. Era por volta da 0h30 de terça-feira. Isso afronta os direitos das crianças com relação à saúde, à vida, de ir e vir, enfim, uma situação lamentável e estou pedindo providências ao MP”, explica.

Barbosa revelou que há outros casos de crianças e adolescentes, como o de uma mãe que também teve que brigar com o motorista para levar a filha ao hospital. “Em outra situação, um adolescente de 16 anos relata que foi humilhado pelo motorista ao ser chamado de desorganizado e imprudente. Pessoas que são mais esclarecidas chamam a polícia. Outras, com vergonha, assimilam a humilhação. Isso tem que acabar”, afirma.

O conselheiro diz ter medo de muitas crianças perderem atendimento médico pelos pais não possuírem o cartão. “Essas crianças podem ser negligenciadas e o Conselho Tutelar pode ficar sem saber. Isso é muito ruim. Eu exijo que a Prefeitura e a Piracicabana não permitam mais que isso ocorra”, finaliza.

Piracicabana

A Viação Piracicabana, responsável pelo transporte público de Santos, informou ontem, por meio da assessoria de imprensa, que todos os motoristas estão sendo orientados a liberar o embarque normalmente, em casos excepcionais, que o usuário ainda apresente dinheiro.

Caso algum usuário tenha ou presencie problemas no embarque, a empresa solicita que entre em contato Central de Atendimento ao Passageiro (0800 771 7778 ou no site www.santosonibus.com.br – Ouvidoria Online) e informe o dia, horário, linha, prefixo do ônibus e registre a reclamação para que o problema seja verificado.

Prefeitura

A Prefeitura de Santos afirma que os motoristas da Piracicabana estão sendo orientados a liberar o embarque dos passageiros que ainda pagam em dinheiro. Na última segunda-feira, os motoristas assinaram um termo comprometendo-se a não recusar a passagem dos usuários que pagam em moeda.

Vale esclarecer que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre Prefeitura, CET, Ministério Público e Viação Piracicabana tem justamente o objetivo de prever a excepcionalidade do pagamento em dinheiro durante seis meses.

A Prefeitura completa informando que, no caso citado, é preciso saber o prefixo do ônibus, data e horário da ocorrência, pois situações como a mencionada não poderão ocorrer.
 Ocorrências devem ser comunicadas ao SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) da CET pelo telefone 0800.7719194 (opção 2), em horário comercial, para que a Companhia possa apurá-las com rigor.

A CET-Santos esclareceu ainda, por meio da assessoria de imprensa, que “vale informar que no interior da Santa Casa, há uma lanchonete credenciada pela Viação Piracicabana para a venda de cartões, com funcionamento 24 horas”.

Cartão Transporte

Desde o dia 23, os ônibus municipais não aceitam mais pagamento das passagens em dinheiro. O passageiro tem que usar um cartão transporte, adquirido antecipadamente em postos da Piracicabana ou via internet.

Segundo a Prefeitura, 81% dos passageiros já usam o cartão para pagar suas passagens. A medida visa evitar assaltos, agilizar o embarque e acabar com a dupla função dos motoristas.

Postos itinerantes circulam por bairros de Santos para a entrega de cartões. Ao todo, são 261 pontos de venda ou recarga espalhados pela Cidade, sendo que 33 vão funcionar 24h, incluindo hospitais e prontos-socorros. Para quem optar por fazer o cadastro pela internet, o cartão chega em 24h. O primeiro cartão é gratuito. Já a partir do segundo, o usuário é obrigado a pagar uma taxa.

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