Cotidiano
Vivian Burato sofreu acidente ao tentar embarcar na balsa com sua bicicleta, foi socorrida por outro usuário do serviço e afirma não ter recebido assistência dos funcionários do equipamento
Vivian sofreu alguns ferimentos leves durante o acidente / Arquivo Pessoal
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A atendente Vivian Burato, moradora de Guarujá, teve uma experiência pra lá de aterrorizante na última quinta-feira (31). Ao tentar desembarcar da balsa FB-14 da Travessia Santos-Guarujá com sua bicicleta, por volta das 18h40, a mulher caiu na água, passou alguns minutos pedindo socorro até que um dos usuários do transporte arriscou-se para salvá-la.
A ciclista, que utiliza a travessia todos os dias para ir ao trabalho em Santos, esperou a balsa encostar e todos os processos de segurança serem feitos para poder desembarcar. Antes dela, outras bicicletas conseguiram passar. "Quando eu fui colocar o pé no degrau, a balsa andou para trás e abriu um vão de, mais ou menos, um metro. Eu sei que em vez de eu pisar no chão de terra firme, eu pisei no ar", explica Vivian.
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Nos poucos minutos do ocorrido, Vivian viu tudo passar pela cabeça no momento de desespero. "Comecei a gritar e a afundar naquela água escura e suja. Então, comecei a ficar presa embaixo da balsa", relembra Vivian, que afirma ter apelado para sua fé cristã para sair viva do acidente. "Eu falei 'meu Deus, é aqui que eu vou morrer?' Quando eu falei isso, eu senti uma força como se alguém tivesse me pegado pelos pés e me puxado. Uma força muito grande foi me arrastando que eu pensei 'é o motor da balsa, agora eu vou ser picada em mil pedacinhos'. Mas, na verdade, quando aquela força me puxou me jogou para fora, porque eu estava embaixo da balsa, e eu consegui colocar a cabeça para fora e gritar por socorro de novo".
Foi neste momento que o anjo da história apareceu: Agamenon. Um dos usuários da balsa, mesmo com medo de também ser afogado, pulou para salvar Vivian. "Ele já estava saindo, virando para pegar a rua, quando ouviu a gritaria. Ele voltou, olhou e pensou: 'meu Deus, se eu pular ela pode me matar, vai morrer eu e ela. Mas ele me disse que enquanto estava pensando já tava pulando. Ele conseguiu ver meu cabelo e minha blusa, me arrastou, me colocou grudada no paredão do atracadouro e as pessoas jogaram a bóia conseguindo me puxar para cima", completa.
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Segundo Vivian, as pessoas que a salvaram foram os próprios trabalhadores e usuários da travessia. Após o grande susto, a gratidão e o sentimento de desamparo lhe consomem. "Graças a Deus e a este homem, Agamenon, que foi um anjo em minha vida, fui salva e serei eternamente grata a ele. Nenhum funcionário do local se dispôs a me ajudar naquele momento de desespero e aflição. O despreparo da equipe foi gritante, ninguém ajudou", confirma. Durante o acidente, Vivian perdeu a bicicleta e o celular. Até a noite desta sexta-feira (1°), o Departamenão tinha entrado em contato para ressarcimento.
A reportagem do Diário do Litoral entrou em contato com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do Estado, responsável pela Travessia Santos-Guarujá, para mais detalhes do acidente. "A Semil informa que, na noite desta quinta-feira (31), registrou incidente no atracadouro misto da embarcação FB-14, do lado Guarujá, onde uma ciclista caiu no mar. As equipes do Departamento Hidroviário (DH) seguiram os protocolos de atuação previstos na NORMAM 02/DPC da Marinha do Brasil (que inclui o lançamento obrigatório de bóia circular próximo a quem está na água, como no caso) e imediatamente auxiliaram no socorro à vítima, que foi resgatada com segurança e atendida pela equipe operacional. O prejuízo da usuária será ressarcido", garante.
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