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De um câncer, nasceu a vontade de ajudar os outros. Tratamento agressivo, três meses de radioterapia e outros dois fazendo quimioterapia foi tempo suficiente para a vereadora da Câmara de Santos, Fernanda Vannucci (PPS), perceber a diferença no atendimento aos pacientes com planos de saúde para os que dependiam do Sistema Único de Saúde (SUS). Foi quando ela se envolveu com o projeto ‘Santa Casa e você contra o câncer’ e levou até o atual prefeito de Santos, na época deputado estadual, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), as necessidades do hospital para o atendimento de pacientes com a doença. A partir daí, Fernanda resolveu entrar para a carreira política.
Nas eleições de 2012, ela ficou em 15º lugar entre os candidatos à Câmara mais votados. Por conta do coeficiente eleitoral, não se elegeu e ficou como 1ª suplente do partido. No final de dezembro, a surpresa: o vereador Marcelo Del Bosco, eleito e ocupante de cadeira na Casa pelo PPS, foi chamado para o comando da Secretaria de Defesa da Cidadania por Paulo Alexandre. Com isso, Fernanda continua representando o sexo feminino com a única vaga ocupada por uma mulher no Legislativo, entre os 21 vereadores santistas. Além da área da saúde, a vereadora conta que pretende atuar, principalmente, em ações preventivas de violência contra a mulher. Entre as prioridades da parlamentar estão a criação de uma Vara Especial de Violência Doméstica e a implantação de uma equipe multidisciplinar dentro da Delegacia da Mulher do Município. Confira a entrevista:
Diário do Litoral - Como você recebeu a notícia de que iria assumir a vaga de Marcelo Del Bosco?
Fernanda Vannucci - A ausência de uma mulher na Câmara gerou uma discussão muito grande após a eleição e, por conta do coeficiente eleitoral, eu acabei perdendo essa vaga, mesmo ficando em 15º lugar. Com o Marcelo (Del Bosco) aceitando o convite do Paulo (Alexandre Barbosa), recebi a notícia de que assumiria como vereadora com muito entusiasmo e também com uma responsabilidade muito grande. Foram quase três mil votos, eu vou estar lá representando essas pessoas, não só mulheres, mas homens, crianças, uma sociesociedade como um todo.
DL - Qual a diferença que a mulher faz na política?
Fernanda - A sensibilidade. A mulher tem uma perspectiva de família, de trabalho, completamente diferente do homem. Por isso seria importante a igualdade dentro da Câmara, com 50% de homens e mulheres eleitos. Só assim teríamos uma sociedade mais justa, mais igualitária, porque aí você vai conseguir atender tanto aos anseios dos homens quanto das mulheres. Uma mulher sabe o que é sair de um centro cirúrgico sem uma mama. O homem pode saber a importância de uma reconstrução mamária, mas a mulher sabe o quanto é para ela doloroso não ter essa reconstrução na hora. E aí, com mais mulheres no poder, a gente mudaria esse tipo de lei. Hoje, a gente tem uma lei que obriga a reconstrução mamária, mas não automaticamente.
DL - Quais são seus principais projetos para os próximos quatro anos?
Fernanda - São muitos. Trabalho a gente tem pela frente, eu acho que a Cidade ainda tem muitos desafios. Eu atuei muito forte na questão da violência doméstica, foi um trabalho que eu desenvolvi na Coordenadoria da Mulher, quando a própria vereadora Cassandra (Maroni, PT) acabou nos ajudando. Eu mostrei para ela um projeto de lei, que ela acabou apresentando e hoje é lei na Cidade a Semana do Basta, que é uma semana de discussão da violência doméstica. Eu acho que os desafios vão ser não só na questão de legislar, mas poder articular com o prefeito uma parceria entre o Município e o Estado, por exemplo, para termos uma equipe multidisciplinar dentro da Delegacia da Mulher. Há uma demanda muito grande para isso. A mulher, quando chega na delegacia, tem que ter uma assistente social, uma psicóloga, um advogado para ampará-la. Outra coisa muito importante é a vinda de uma Vara Especial de Violência Doméstica. Santos, hoje, tem uma demanda para isso.
DL - Que projeto você considera emergencial?
Fernanda - A Vara Especial contra Violência Doméstica não é um projeto de lei, mas precisamos buscar um convênio para a Cidade. Santos necessita da vara e da equipe multidisciplinar. Eu vou trabalhar muito essa questão da violência doméstica.
DL - Sendo da base do Governo, como você lidará com as propostas do Executivo na Câmara?
Fernanda - De uma forma geral, nenhum vereador que é da base está na Câmara para dizer sim a todos os projetos que vão vir. É claro que a gente acredita no Paulo, mas o vereador tem a obrigação de fiscalizar o Executivo. Acho que a Cidade também vai ganhar muito com o Paulo, é um cara mostra vontade de governar. Toda demanda que eu levei para ele, ele atendeu. Estamos movimentando a Cidade.
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