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O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) anunciou neste domingo, 22, que vai promover uma nova ocupação na cidade de São Paulo por semana de atraso na votação do Plano Diretor. O texto que define o planejamento urbano para os próximos 16 anos está à espera da segunda votação na Câmara Municipal paulistana. "A cada semana de atraso na votação do Plano Diretor, uma nova ocupação nascerá na cidade", afirmou o movimento em nota enviada ontem à imprensa.
Na madrugada de sábado, o MTST invadiu um terreno particular no Morumbi, na zona sul. Até as 18h de ontem, mil barracos já haviam sido montados e 3 mil sem-teto estavam na área. O aviso de novas invasões também foi publicado na página do grupo no Facebook. "Recado do MTST aos vereadores de São Paulo: a cada semana de atraso na votação do Plano Diretor, uma nova ocupação nascerá na cidade. Ontem foi no Morumbi. A luta é para valer!", afirmou o texto, em ameaça direta aos parlamentares. A área pertence à construtora Even e fica na Rua Doutor Luís Migliano. O metro quadrado na região está avaliado em R$ 8 mil e há apartamentos cujo valor está acima de R$ 1 milhão.
O número de sem-teto, desde o início da invasão, não para de crescer. "O limite é o terreno, que visualmente é muito grande", disse o secretário nacional do MTST, José Afonso. Desde o início da invasão, em menos de 48h, a quantidade de barracos já quintuplicou. Segundo o militante, a demanda da região acabou sendo muito maior do que a esperada. "Na área, há pequenas comunidades, mas há mais gente do que imaginávamos."
"O movimento cumpriu a sua parte, falta o governo cumprir a dele Há vários terrenos na cidade simplesmente reservados para especulação imobiliária", disse Afonso. O MTST pede que o terreno da Ocupação Copa do Povo, em Itaquera, seja transformado em Zona Especial de Interesse Social (Zeis) e receba o Minha Casa Minha Vida.
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Vizinhança
O autônomo Fábio Guidi, morador do Condomínio Boulevard Morumbi, a poucos metros do terreno invadido, assistiu ao início da ocupação. "Vi alguns policiais pela janela do meu apartamento, agora estou ligando os pontos", disse. Morador do bairro há dez anos, ele evita julgar os sem-teto. "Não sei se é direito deles, mas eles buscam moradia. Eles precisam, não têm, vão invadindo." Segundo Guidi, o bairro tem diversos terrenos abandonados. "Depois que invade é difícil tirar, vai fazer o quê?"
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A Even informou, por meio de nota, que ficou indignada com a invasão e tomará as medidas legais necessárias para a reintegração. A empresa disse que a construção de um empreendimento no terreno depende da aprovação da Prefeitura. "O projeto para a construção de um empreendimento residencial foi protocolado imediatamente após sua aquisição. O lançamento será feito após sua aprovação", informou a nota.
Segundo a Prefeitura, a aprovação de um projeto depende do atendimento das legislações municipais. A Secretaria Municipal de Licenciamento afirmou, porém, que vai levantar hoje o andamento da documentação do empreendimento.
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