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Ao procurar um estúdio de tatuagem, você procura saber a marca da tinta que o artista utiliza? A preocupação mais constante é sobre a higiene, mas o tipo de tinta usado também deve estar no check list para a escolha do tatuador. Na última sexta-feira, dia 21, o Ministério Público denunciou o empresário Agnelo Honório Fernandes de Oliveira, fabricante da tinta Supreme, por não ter registrado o produto na Anvisa.
Segundo a denúncia do promotor de Justiça de São Paulo, Cassio Conserino, a tinta não é registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, de acordo com laudo pericial do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a composição das tintas de tatuagem Supreme contém metais pesados altamente tóxicos, tais como: titânio, chumbo, cádmio, mercúrio e nióbio.
"Absolutamente relevante destacar que tais metais, uma vez aplicados na derme entram na corrente sanguínea e são absorvidos ao longo do tempo sendo que o destino final é o cérebro onde ficam acumulados podendo, por conseguinte, gerar danos cerebrais. Conforme informações obtidas em literaturas médicas num período de 10 a 15 anos (dependendo do tamanho da tatuagem, cor e quantidade de tinta usada), a pessoa pode desenvolver sérios problemas de saúde, como demência, psicoses, doenças degenerativas, problemas de memória, coordenação, raciocínio, fala e até cegueira. Em casos de mulheres grávidas tatuadas, os metais pesados podem passar, inclusive, para o feto. É da literatura médica, ainda, que os metais pesados são prejudiciais ao sistema nervoso e que uma vez que ingressam no corpo não saem mais", acrescenta o promotor ao processo.
O farmacêutico Walber Toma, professor na Universidade Santa Cecília, confirmou os problemas apontados no processo. "Os metais pesados têm facilidade para penetrar em células humanas, o que pode acelerar o desenvolvimento de um câncer, além dos distúrbios celebrais", comenta. Toma afirma ainda que é importante sempre buscar locais confiáveis. "Se um estúdio é higiênico já dá para perceber que o local é preocupado com a qualidade", aconselha.
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A tatuadora de Santos, Thatyane Alves, afirma que, mesmo com um valor mais em conta, não confiava na tinta Supreme. "Conheço a tinta, porém nunca a utilizei, pois prefiro usar produtos regulamentados pela Anvisa. A diferença de preço entre as tintas regulamentadas e a Supreme é muito pouca. A Supreme custa R$ 10 e as outras na faixa de R$ 30", garante.
Segundo Thatyane, após a denúncia do Ministério Público, os clientes estão mais preocupados com a qualidade da tinta. "Os meus novos clientes estão me perguntando nas avaliações qual tinta utilizo", comenta.
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Revenda
Wilson Rosa é revendedor de tintas para tatuagem e trabalhava com a marca Supreme. "A matéria foi totalmente comprada e direcionada a uma única marca de tinta. Temos, pelo menos, mais nove no mercado brasileiro na mesma situação", acredita.
O revendedor afirma ainda que não é só a Supreme que contém metais pesados na composição. "Todas, sem exceção, das tintas no mundo que são usadas para tatuagem contém praticamente os mesmos componentes na fórmula. Se forem feitas as análises que fizeram na Supreme nas demais tintas, inclusive as com registro da Anvisa, os resultados serão surpreendentes e assustadores. Nenhuma tinta é livre desses componentes", garante.
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As tintas eram revendidas em todo o País. Em agosto, PMs apreenderam 1.941 frascos da tinta na empresa Tseva. Na Galeria do Rock, no centro de São Paulo, foram apreendidos 339.
Com a apreensão dos produtos, os revendedores ficaram no prejuízo. "Estamos acionando o plano B com outros materiais e marcas", conta Rosa. Segundo o revendedor, a tinta era muito procurada e era vendida para todo País pela internet. Apenas três tintas para tatuagem são registradas pela Anvisa: Starbrite Colors, Electric Ink e Iron Works Brasil Ltda.
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