Cotidiano

Ministério Público responsabiliza EMTU por enchentes em São Vicente

'Nós somos contrários ao uso do dinheiro público em benefício de um único empreendimento', diz a promotora Almachia Acerbi

Publicado em 11/06/2015 às 11:06

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O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) deve convocar uma reunião com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) para tratar da questão das enchentes no bairro do Itararé, em São Vicente.

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Segundo a promotora de Justiça Almachia Zwarg Acerbi, que integra o Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), a empresa responsável pelas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) tem responsabilidade pelas cheias que, segundo moradores, não ocorriam no bairro há 12 anos.

“Eu estou esperando o laudo do engenheiro para falar o que precisa ser feito. Mas, pela resposta formal da EMTU, ainda não conversei com eles após a vistoria, entendi que eles não têm boa vontade para fazer as obras necessárias. Eles estão jogando tudo para a Prefeitura de São Vicente. Independente de quem será cobrado, entendo que a EMTU tem responsabilidade porque, com a obra, a empresa deveria resolver vários problemas e não fazer como aquilo que está feito. Vamos aguardar o que precisa ser feito pelo engenheiro e marcar a reunião. Se a EMTU não fizer o que a gente entende que deve ser feito, serão tomadas medidas judiciais”.

Para Almachia, a EMTU deveria ter pensado nos reflexos causados pelas obras do VLT. “A obra acabou com a drenagem natural. Eles não fizeram novas galerias. Está tudo assoreado, com lixo. A Prefeitura tem que limpar as galerias. São necessárias várias medidas, mas é uma obra que já deviam ter pensado nos problemas que poderiam resultar. Infelizmente, se não tiver essa boa vontade da empresa com relação a esse pedaço da obra, eu não vou deixar os moradores dali assim. Eu vou ter que entrar com uma medida judicial”.

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Para promotora, EMTU deveria ter previsto problemas em São Vicente (Fotos: Matheus Tagé/DL)

VLT em Santos segue parado

Já as obras do VLT em Santos seguem paralisadas por decisão judicial. Segundo a promotora, o MP entende que o desvio do traçado proposto pela EMTU não tem justificativa.

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“É um desvio que custa muito dinheiro. Estima-se em mais de R$ 20 milhões, sem nenhuma justificativa. Pelo contrário, parece que piora o trânsito. Por que a EMTU faz um desvio somente em um trecho de dois quilômetros? A gente não encontra justificativa para esse desvio. A única é não prejudicar a entrada e saída do empreendimento (Centro de Convenções). Não se justifica gastar o nosso dinheiro para fazer essa alteração. Se tecnicamente for comprovado que seria melhor, o juiz que irá decidir. Não temos um prazo para essa decisão”.

De acordo com Almachia, a empresa entrou com um recurso e, no último dia 22, o relator acabou cassando os efeitos da liminar. No entanto, o MP informou outros dados ao relator e o próprio se retratou da decisão. A promotora também questionou as mudanças no discurso da EMTU sobre o traçado do VLT em Santos.

“Sobre o desvio, antes, eles falaram que nunca houve mudança. Depois, eles falavam que iriam para o meio da avenida desde o Canal 1 (Avenida Senador Pinheiro Machado). Quando eles foram fazer a obra descobriram os dutos da Sabesp no meio da avenida. Voltaram para a linha da máquina e o desvio será somente no Canal 2 (Avenida Bernardino de Campos).

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Eu queria saber qual estudo que eles possuem porque o apresentado mostrava o traçado só na linha da máquina. É difícil a gente ficar rebatendo uma mentira. Está nos autos, tanto que a liminar está vigorando. Talvez eles neguem a alteração do traçado para ver se isso passa a ser verdade. Eu não sei, não entendo”.


Não há previsão para a retomada das obras (Foto: Matheus Tagé/DL)

Por fim, Almachia esclareceu que o MP não é contra o VLT e que apenas visa o bom uso do dinheiro público. “Fica uma história confusa. Infelizmente, não é passado para a população a real intenção do desvio. Fica como se a gente (MP) fosse contra o VLT, e não é isso. Nós somos contrários ao uso do dinheiro público em benefício de um único empreendimento”. 

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'EMTU se prontificou a fazer drenagem’
 
Questionada sobre os problemas dos moradores do Itararé, denunciados na edição de sábado do Diário do Litoral, a Prefeitura de São Vicente informa que, em 2014, “a Codesavi (Companhia de Desenvolvimento de São Vicente) elaborou um relatório apontando os problemas na Rua da Constituição e arredores”.

A Administração garante ainda que, em março do ano passado, “a EMTU se prontificou a realizar a drenagem das galerias e desassoreamento do canal da Linha Vermelha”. Além disso, a Prefeitura esclarece que notificou a empresa no começo deste mês a realizar os serviços necessários. Na última segunda-feira, dia 8, engenheiros da EMTU e os moradores do bairro acompanharam a vistoria do assistente técnico indicado pela Promotoria. “A Prefeitura tem que trabalhar em conjunto com a EMTU e ela é a responsável pela drenagem do local”, explica o engenheiro Miguel Garcia Sobrinho, após verificar as obras do VLT no bairro, as galerias assoreadas e as valetas construídas pela EMTU.

Para os engenheiros da EMTU, o problema de infraestrutura é bem maior. “Estamos aqui para ajudar a resolver o problema, mas não depende só de nós. A Prefeitura também precisa estar presente”, afirma o engenheiro civil responsável pela obra, Andrison Ribeiro. Também respondendo por parte da EMTU, o engenheiro civil Osamo Okumura vai mais além. “O problema começa na captação da água que desce o morro. Ela vem superficialmente. Ela precisa ser captada corretamente e ser encaminhada para um sistema de tubulação”, explica.

Com relação à Rua Coaracy Paranhos, que recebe toda a água que desce do morro em dia de chuva, a Secretaria de Habitação (Sehab) da Prefeitura informa que o projeto para as encostas está em fase de conclusão. “O início da obra está previsto para agosto”, avisa.

 

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