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Os ministérios públicos estadual e federal receberam, simultaneamente no início da semana, pedido de apuração sobre as verbas públicas utilizadas na construção e manutenção do Museu Pelé, localizado no bairro do Valongo, Centro de Santos. O responsável por ambos os pedidos é o vereador Antônio Carlos Banha Joaquim (PMDB), alegando ter esgotadas todas as possibilidades de obter esclarecimentos da Administração Municipal.
“Foi apresentado requerimento em março, junho e outro no início de setembro, sem chegar ao gabinete deste vereador qualquer informação sobre o montante dos recursos públicos destinados à AmaBrasil”, afirma o parlamentar nos pedidos. A AmaBrasil é a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que gerencia o equipamento.
Banha questiona vários pontos em torno do equipamento turístico. O vereador revela que a Ama Brasil, embora tenha recebido recursos públicos e privados na ordem de R$ 50 milhões, obteve ajuda de funcionários públicos municipais para finalizar as reformas do prédio que sedia o museu, que mesmo assim apresenta problemas por má execução das obras.
Outro ponto destacado por Banha é o de que o Museu Pelé, mesmo com o forte apelo publicitário do Rei do Futebol e da Copa do Mundo no Brasil, está operando no vermelho desde sua inauguração, em 15 de junho passado.
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“O empreendimento encontra-se em déficit de R$ 70.850,00 a cada 30 dias. Salta os olhos saber que tanto dinheiro público e privado foi administrado por uma entidade que sequer paga impostos ou presta conta dos gastos e destinação dos recursos”, aponta o parlamentar, entre outros questionamentos.
Outro parlamentar
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Além de Banha, outro parlamentar santista, Douglas Gonçalves (DEM), busca informações sobre o Museu Pelé. Gonçalves, em caráter de urgência, está solicitando explicações da Prefeitura de Santos de porque o Museu Pelé — uma das maiores apostas em termos de turismo na região — se encontra em situação insatisfatória.
A maior preocupação do vereador é a de saber “quem paga a conta”. Ao levantar o termo de parceria entre a Prefeitura e a Oscip, o vereador descobriu que 30% do arrecadado com o equipamento é para manter a AmaBrasil, única detentora do acervo do Pelé, “isso quer dizer que ela se auto remunera. Como pode uma Oscip sem fins lucrativos se auto remunerar?”, questiona.
Prefeitura de Santos barateia ingresso
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Semana passada, a Prefeitura publicou decreto barateando a entrada às terças-feiras no museu. Agora, o ingresso custa R$ 9,00 e não mais R$ 18,00 (uma redução de 50%). Conforme revelado, o equipamento precisa de R$ 200 mil por mês para funcionar e, no entanto, arrecada R$ 129.150,00, perfazendo um déficit de R$ 70.850,00.
O decreto mantém isenção aos alunos da rede pública e crianças de até 10 anos e impõem novas regras à AmaBrasil. Demais estudantes (rede particular), idosos (a partir de 60 anos), professores da rede pública e pessoas com necessidades especiais pagam meia-entrada.
Vale a pena ressaltar ainda que Pelé, pela cessão de seu acervo, tem direito a 15% da receita mensal auferida. Portanto, dos R$ 129.150,00 arrecadados com os ingressos por mês, R$ 19.372,50 vão para Pelé.
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A Prefeitura confirmou ao Diário que a AmaBrasil é quem paga a conta (arca com o déficit) e que o custo operacional do museu refere-se ao pagamento de funcionários, equipamentos e manutenção em geral. A Administração enfatiza que, com o museu, o Município ganha desenvolvimento econômico, cultural e turístico, sendo que a Prefeitura não tem prejuízo algum.
Entre a inauguração até 15 de setembro último, em média 337 pessoas visitaram diariamente o Museu Pelé - 10.110 por mês. O equipamento tem capacidade para receber 1.500 por dia. Portanto, o Museu só atingiu praticamente 1/4 de sua capacidade diária até agora. A média diária da bilheteria é R$ 3.354,54.