Greve

Motoristas de ônibus de SP marcam greve para esta sexta-feira (1º)

Protesto terá início à 0h desta sexta-feira (1º), com manifestações nas 26 garagens que abastecem os terminais da cidade

TULIO KRUSE, MARIANA ZYLBERKAN, BRUNO LUCCA, FRANCISCO LIMA NETO E CLAYTON CASTELANI - Folhapress

Publicado em 30/11/2023 às 20:07

Atualizado em 02/04/2024 às 14:37

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Plano do sindicato é inviabilizar a circulação dos coletivos durante a madrugada / Rovena Rosa/Agência Brasil

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Motoristas e cobradores de ônibus da cidade de São Paulo anunciaram que farão greve nesta sexta-feira (1º). A paralisação é um protesto contra o cancelamento do resultado das eleições do SindMotoristas (sindicato dos motoristas e trabalhadores dos ônibus de São Paulo) pela Justiça e foi convocada pela direção da entidade.

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O protesto terá início à 0h desta sexta-feira (1º), com manifestações nas 26 garagens que abastecem os terminais da cidade. O plano do sindicato é inviabilizar a circulação dos coletivos durante a madrugada. Com isso, os ônibus deverão começar a deixar os terminais por volta das 9h, segundo Nailton Francisco de Souza, diretor-executivo do SindMotoristas.

Porém, ele afirmou também que a paralisação ainda pode ser cancelada, a depender de conversas de representantes da entidade com o poder público. O dirigente não detalhou quais pontos estão sendo negociados.

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A mobilização não foi aprovada em assembleia pela categoria. No último dia 21 de novembro, trabalhadores do sistema fecharam terminais em meio à eleição, na véspera do encerramento da votação.

A chapa que representa a atual diretoria do sindicato, Resgate Raiz (de número 4), afirma que o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) entende que o cancelamento das eleições desrespeita o estatuto da entidade e a Constituição federal. Representantes do grupo reclamam que, no processo judicial que trata da suspensão das eleições, o tribunal teria agendado e cancelado duas audiências de conciliação.

A suspensão do resultado da eleição pela Justiça atendeu a pedido do Grupo Oposição e Luta, que é contrário à atual direção. Segundo a apuração dos votos, a chapa 4 venceu a disputa com cerca de 14 mil dos 20 mil votos contabilizados.

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Três das quatro chapas envolvidas na disputa haviam pedido o adiamento da votação por três meses e a substituição das cédulas de papel por urnas eletrônicas. A chapa 4, por outro lado, ressalta que o estatuto prevê que as eleições sejam realizadas com cédulas impressas.

O adiamento do pleito havia sido aprovado em reunião da categoria no dia 20, mas a Justiça do Trabalho anulou a assembleia e manteve a eleição. Diante dessa decisão, uma das chapas pediu liminar para suspender a votação, e o pedido foi aceito.

O cancelamento da eleição foi confirmado em segunda instância pelo tribunal. Uma multa de R$ 50 mil foi imposta a cada integrante da comissão eleitoral e ao candidato que encabeça a chapa 4, Edivaldo Santiago da Silva.
"A autonomia sindical não está sendo respeitada", afirmou a chapa 4, ao defender a greve desta sexta.
Souza afirma que a paralisação poderá ser suspensa, caso o TRT retome a discussão ainda nesta sexta. Mas caso a

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Justiça não se manifeste, o protesto deve aumentar, segundo ele. "Estamos avaliando levar os ônibus para a porta do tribunal, na rua da Consolação [na região central da capital]", disse.

Em resposta, no fim da tarde desta quinta-feira (30), a Prefeitura de São Paulo recorreu à Justiça para garantir o funcionamento das linhas de ônibus nesta sexta. A ação incluiu pedido de R$ 1 milhão por dia em caso de greve. O pedido de medida cautelar foi protocolado contra o SindMotoristas no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) criticou o anúncio de paralisação da categoria sem anúncio prévio. "Não faz o menor sentido", disse. "A população não pode ser vítima só porque a Justiça suspendeu a eleição", continuou.

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O SindMotoristas, por meio do presidente José Valdevan de Jesus Santos, afirma que não convocou greve ou protesto, que é realizada "pela extinta comissão eleitoral" encabeçada pela chapa 4.

"Qualquer paralisação no sistema de transporte urbano de São Paulo não terá a participação do SindMotoristas e será considerada exploração politica de uma chapa de oposição que busca afrontar o poder judiciário e obter vantagens indevidas explorando a boa fé da categoria profissional", afirma.

Valdevan, também conhecido como Noventa, foi reconduzido ao cargo de presidente do sindicato no dia 10 de novembro por meio de uma decisão judicial. O restante da diretoria, porém, permaneceu nos cargos e é favorável à chapa 4, que convocou a paralisação. O mandato desses diretores se encerra nesta sexta.

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Segundo Valdevan, medidas judiciais serão tomadas, incluindo o pedido de aplicação da multa. O presidente diz ainda que, se insistirem em interferir no sistema de transporte, "será pedida a prisão dos responsáveis por esta paralisação ilegal e indevida".

O SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo) informa que desconhece motivos para paralisação de motoristas dos ônibus urbanos.

"Se o motivo é briga interna sindical e questões judiciais, o que a população usuária e as empresas têm a ver com esses problemas, para serem prejudicadas, tanto na operação como na mobilidade?", questionou o sindicato patronal.

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Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, a paralisação anunciada pela categoria é ilegal.

Nelson Mannrich, professor de direito do trabalho na USP (Universidade de São Paulo), afirma que paralisações desse tipo devem ser anunciadas com, no mínimo, 72h de antecedência, segundo a legislação. Como isso não ocorreu, parar "é um abuso".

"Greve é um direito fundamental de todo trabalhador", ressalta o professor de direito Paulo Renato Fernandes, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), mas "até direitos têm suas regras", pondera.

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Fernandes explica haver um ritual para convocar uma greve. Primeiro, uma assembleia deve aprovar a paralisação, depois os empregadores e usuários devem ser avisados. "Quando isso não ocorre, o ato é abusivo ou ilegal", diz. "Nesse caso, os manifestantes só têm a perder."

Francesca Columbu, coordenadora do curso de direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, corrobora a posição dos colegas. "Caso essa paralisação irregular aconteça, poderá sofrer multa de R$ 50 mil. Este é o valor estabelecido pelo Tribunal Regional do Trabalho a esses casos."

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