Cotidiano

Moradores do Bolsão Nove pedem mais segurança e melhores condições em escolas

Pais de alunos e vizinhos criticam situações enfrentadas em duas unidades do bairro. Entre as denúncias estão o roubo de equipamentos, assaltos a funcionários, além do uso de drogas

Publicado em 16/07/2015 às 11:17

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Segurança, funcionários e manutenção. Esses são alguns dos pedidos de moradores do Bolsão Nove, em Cubatão, em relação às duas escolas estaduais do bairro: a Waldomiro Mariani e a Parque dos Sonhos 9A.

As reclamações foram ouvidas pelo vereador Ricardo Queixão (PMDB), durante visita ao local. A questão da segurança é mais ressaltada pelos pais de alunos e vizinhos das duas unidades escolares, que ficam uma atrás da outra. Entre as denúncias por parte dos munícipes estão o roubo de equipamentos, assaltos a funcionários, além do uso de drogas e de menores pilotando motos em alta velocidade na rua em frente aos colégios.

“Muita gente desistiu de estudar à noite por causa da segurança e da bagunça. Um dia meu filho estava aqui e tinha um garoto quebrando a classe. Ele foi falar com o rapaz para ele parar só que ele acabou sendo agredido por isso”, contou a líder comunitária Valéria Gonçalves de Araújo.

Segundo uma moradora, durante a festa junina em uma das unidades, traficantes chegaram a invadir o local e transitavam entre as crianças portando armas e vendendo drogas.

“Professores são roubados na porta do colégio. Vem para cá trabalhar e passam por humilhação. São xingados por alunos. Vem para serem esculachados. A hora em que uma professora perder a cabeça e machucar um aluno, os pais vão aparecer para querer tirar satisfação”, comentou Gesner Arakake, vizinho à unidade.

Segundo moradores, crianças desistiram de estudar na Waldomiro Mariani (Foto: Luiz Torres/DL)

Um dos pedidos dos munícipes foi para que uma base móvel da Polícia Militar ou uma viatura ficasse em frente às unidades durante todo o período de aulas.

Ainda sobre a segurança, outra situação preocupa os pais de alunos. As grades que cercam as escolas são baixas e permitem que alunos saiam da escola e a entrada de pessoas estranhas ao local. Algumas mães chegam a orientar os filhos para irem ao banheiro somente nos intervalos, quando há maior movimentação, para evitar alguma abordagem.

“As mães ficam preocupadas porque a cabeça fica na escola. Ficamos preocupadas se as crianças estão bem, se estão com problemas”, comentou Valéria.

Segundo Adriana Risalva da Silva, vice-presidente da Associação de Melhoramentos dos Conjuntos Habitacionais Imigrantes I e II (Amocrim), a escola Waldomiro Mariani conta com apenas um inspetor, que não consegue dar conta de toda a unidade. Além disso, as caixas d’água apresentam pontos de vazamento e a passagem entre os prédios dos colégios fica alagada por isso.

Adriana explicou que, por duas vezes, o dirigente regional esteve no local e ouviu as reclamações. “Juntamos um grupo de mães, fizemos reuniões dentro da escola, chamamos o dirigente. Ele veio aqui duas vezes, conversou conosco, disse que ia resolver os problemas, mas até agora nada. A estrutura do prédio é muito boa. Possui cinco andares, elevador. Falta mesmo estrutura do Governo. Eles largaram a escola desde que construiu e não tem manutenção nenhuma”.

Entre outros relatos estão agressões a professoras, carros arranhados de funcionários e até um caso de fogo ateado em um armário. “As profissionais que estão aqui são guerreiras por toda situação que elas enfrentam”, disse Adriana.

Outras reclamações dos moradores foram em relação aos postes de luz que ficam acesos durante o dia e a vegetação alta ao redor das unidades, que já encobriram brinquedos e uma pista de skate que ficam ao lado dos prédios, e que favorecem a entrada de animais como cobras e lesmas dentro das unidades.

 Passagem entre escolas está alagada (Foto: Luiz Torres/DL)

Obras ‘travam’ em licitações

Segundo o dirigente regional de ensino de Santos, João Bosco Arantes Braga Guimarães, existe a previsão de obras para aumentar a segurança nas unidades. Entretanto, após abrir o processo de licitação, não apareceram interessados.

“No início do ano passado, montamos um processo de licitação para que algumas medidas de segurança fossem realizadas. O resultado deu vazio e vamos autuar o processo novamente. As medidas são a instalação de grades de proteção dentro dos dois prédios para evitar que as pessoas se desloquem dos andares inferiores para os superiores, instalação de câmeras de monitoramento, vigias dentro do prédio e alarmes. O processo está novamente tramitando e pretendemos sucesso na licitação para que esse serviço seja realizado”.

Sobre o quadro de funcionários, Guimarães garantiu que a escola Parque dos Sonhos 9A está com quadro completo. Já no colégio Waldomiro Mariani, novos profissionais devem ser contratados em até dois meses.

“Com o advento da remoção que houve no mês de junho, nós tivemos saída de funcionários na Waldomiro Mariani. A Secretaria da Educação já está, nos próximos meses, com a licitação de um processo seletivo para o preenchimento do quadro de funcionários. Acredito que nos próximos dois meses a gente já tenha o preenchimento do quadro de funcionários. E não temos somente um profissional, mas três que cuidam da inspetoria”.

Em relação aos vazamentos nas caixas d’água, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo irá realizar o conserto de um cano, que quebrou após parte do terreno ceder. “O terreno cedeu no setor do estacionamento, há um desnível, e um cano da caixa d’água deu início ao vazamento. Vamos corrigir e ajustar esse cano. Com isso, o vazamento cessa. Nós solicitamos junto a São Paulo, um acionamento de garantia para que se reveja a questão do calçamento. Vamos tirar as pedras que compõem o calçamento, preencher com terra e areia, e depois realizar o calçamento novamente. Com isso, o problema é sanado”.

O diretor regional também comentou sobre os casos de vandalismo e de má conservação de alguns equipamentos, como cadeiras quebradas. “Acredito que esse é um problema de educação. Tanto da escola quanto do bairro. Precisamos que a comunidade passe a respeitar a escola como um local sagrado. Não queremos transformar a escola em penitenciária, com grandes grades e muros. Realizamos um trabalho para que a população conviva de maneira sadia com duas escolas. Temos ONGs atuando aos fins de semana e até missas sendo realizadas aos finais de semana na Waldomiro. É um contato sadio com a sociedade”.

Já sobre a iluminação, Guimarães comentou que há uma orientação para o uso consciente da eletricidade. “Orientamos um trabalho consciente de uso de todo o serviço público. Estamos fazendo alguns trabalhos na diretoria de ensino e solicitando que as escolas reproduzam esses trabalhos. Afim dos alunos, funcionários e equipes escolares trabalharem essa questão da economia dos recursos naturais”.

Já a Prefeitura de Cubatão disse que a Secretaria Municipal de Manutenção Urbana tem uma programação de roçada em todas as escolas, praças e demais áreas verdes do município. A equipe irá verificar o local citado e, se houver urgência, o local será priorizado.

Polícia garante rondas

Em nota, a Polícia Militar informou que as escolas Waldomiro Mariani e Parque dos Sonhos estão inseridas no Cartão de Prioridade de Policiamento (CPP) das rondas escolares, que efetuam patrulhamento diário com rondas no período da manhã, tarde e noite. A qualquer momento as Rondas Escolares podem ser acionadas para registros de ocorrências nos estabelecimentos de ensino, fora do período das rondas.

A PM ressaltou que conta com duas equipes de policiamento escolar nos períodos diurno e noturno, que compreende das 7 às 23h, contando ainda com o patrulhamento Força Tática, Rádio Patrulhamento e ROCAM.

Ainda segundo a Polícia, 10 pessoas foram presas na região (2º DP de Cubatão) nos cinco primeiros meses do ano. A PM esclarece que o policiamento preventivo e ostensivo é reavaliado semanalmente, baseado nos estudos estatísticos, utilizando-se as ferramentas de inteligência e os registros de ocorrências nos bairros.

A Polícia ressalta que é de grande importância a participação da população, podendo ser por meio do telefone de emergência 190 ou disque-denúncia 181, fornecendo informações importantíssimas e de grande utilidade no combate à criminalidade e solução de conflitos, garantindo uma sociedade mais justa e segura.

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