Cotidiano

Moradora de São Vicente relata descaso na saúde

Mulher aciona SAMU, mas é orientada a ligar para o Corpo de Bombeiros; Prefeitura nega

Publicado em 27/03/2015 às 19:10

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Desesperada, a confeiteira Erika Souza Mascarelly, moradora do Jardim Rio Branco, em São Vicente, tenta contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas é orientada a ligar para o Corpo de Bombeiros. Outras duas tentativas de conseguir uma ambulância, mas sem sucesso. Era noite do último dia 14, e a filha de 18 anos acabara de sofrer um acidente doméstico: aproximadamente seis litros de óleo quente caíram sobre o pé direito da jovem.

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“Trabalho com salgados e estávamos fritando quando tudo aconteceu. Liguei para o Samu duas vezes e o atendente disse que não iria buscar e pediu para ligar para o Corpo de Bombeiros. O bombeiro me orientou por telefone como proceder com a queimadura e pediu que novamente ligasse para o Samu, mas nada. De novo liguei para os Bombeiros e eles vieram. Foram muito prestativos e fizeram o primeiro atendimento corretamente, nos levando para o Crei (Hospital Municipal)”, relatou Érika.

Com os pés em um balde de água, para que mantivesse o local atingido hidratado, a filha de Érika deu entrada no hospital por volta das 20h40. Foi atendida por uma plantonista, que constatou queimadura de primeiro grau. “Achei estranho o diagnóstico e comentei com ela, afinal era muito óleo e a temperatura estava extremamente alta. A médica estava na companhia de dois estagiários. Minha filha sentia fortes dores e ela disse que era normal, pois era sinal de que outro órgão não havia sido atingido. Receitou um soro com medicamentos para dor e realizou curativo com vaselina, dando receita para fazer o mesmo no posto de saúde”, disse a confeiteira. A prescrição feita pela médica indica a realização de curativo diário com vaselina por 10 dias. Também foram receitados analgésicos para dor.

Acontece que, ao chegar a unidade de saúde de seu bairro, Érika foi orientada a procurar um especialista, devido a gravidade da queimadura. “Elas fizeram o que podiam. Fomos bem atendidas, mas não quiseram mexer. Não tenho carro e não tinha condições de ir até o Crei. Peguei as faixas e procedi o curativo conforme a indicação médica, mas fiquei desesperada ao ver a situação do pé da minha filha”, afirmou.

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No posto de saúde agendaram atendimento em outra unidade, mas a moradora do Jardim Rio Branco decidiu levar a filha direto para Pronto Socorro Central de Santos. “Uma amiga enfermeira que trabalha na Santa Casa disse que eu teria que ir até lá, que o caso era grave”. Nas imagens registradas por Érika desde o ínicio é possível ver a alteração da queimadura que, quase uma semana depois, encontrava-se com uma enorme bolha com líquido infeccioso.

“Em Santos, a médica disse que a queimadura da minha filha era de segundo grau e não de primeiro, como havia falado a médica do Crei. Que se tivesse sido tratada corretamente não teria provocado o processo infeccioso. A minha sorte foi que não esperei e corri em busca de outro atendimento”, explicou. Desde então, a jovem tem feito curativos na unidade de Santos. Também foram prescritos antibióticos para conter a infecção. “Na segunda-feira, eles vão avaliar se ainda há necessidade de continuar o tratamento por lá ou se já poderá ser feito em uma UBS de São Vicente”.

Inconformada com o atendimento que obteve desde a primeira ligação, Érika desabafa: “A base do Samu fica ao lado de casa. Não entendi porque não quiseram atender. No Crei não havia cadeiras de rodas, improvisaram uma cadeira de banho para que a minha filha fosse levada para tomar a medicação. Não quero ser injusta, nem dinheiro e nem fama. Quero apenas ser tratada dignamente”.

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Primeiro atendimento foi feito no Hospital Municipal; segundo moradora, não havia cadeira de rodas (Foto: Matheus Tagé/DL)

Sem chamado

Procurada para se manifestar sobre o relato da moradora do Jardim Rio Branco, a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde, informou que tem uma base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), na Avenida Ulisses Guimarães, ao lado da Subprefeitura, no Jardim Rio Branco, e que não registrou chamado de socorro para queimadura no dia 14 de março. A unidade atende toda a Área Continental da Cidade e cerca de 50 chamados por dia.

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Em relação ao atendimento médico realizado no Hospital Municipal, a Secretaria da Saúde informou que o procedimento foi correto, já que o profissional orientou a paciente e familiares, fornecendo receita médica e a encaminhando para curativos no posto de saúde. Ainda segundo a nota, o tratamento para queimadura de segundo grau não inclui o uso de antibióticos, só em caso de infecção secundária.

A Secretaria da Saúde esclarece ainda que, para o tratamento de queimaduras graves, a Santa Casa de Santos é referência no atendimento e que no Hospital Municipal há cirurgião plástico que, em caso de internação por queimadura, acompanha o paciente até a sua alta médica ou transferência.

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