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As montadoras no Brasil e na Argentina estão operando com 45% de capacidade ociosa. O dado é calculado pelas multinacionais para os dois países em conjunto em razão da integração entre as cadeias produtivas exigida pelo Mercosul. Isso significa que quase 2,8 milhões de veículos deixarão de ser fabricados neste ano. A capacidade de produção total de Brasil e Argentina é de 6,2 milhões de unidades.
Segundo Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford para América do Sul e ex-presidente da Anfavea (que reúne as montadoras), uma combinação de fatores provocou o aumento da ociosidade. As vendas no mercado interno e as exportações estão em queda. De janeiro a outubro, foram comercializados 8% menos veículos no Brasil na comparação com o mesmo período do ano passado. Em razão do fraco desempenho do mercado externo, principalmente nas exportações para a Argentina, a produção recuou ainda mais: 16% no período.
Além disso, a capacidade instalada do setor não para de subir, porque estão maturando investimentos feitos ao longo dos últimos anos. A expectativa é que Brasil e Argentina tenham capacidade para produzir 6,8 milhões de veículos no ano que vem, o que elevará a ociosidade para 53%. As montadoras vieram para o país atraídas pelo crescimento do mercado na última década, provocado pelo avanço do crédito e pelos incentivos tributários.
Algumas empresas também foram obrigadas a instalar fábricas para fugir do protecionismo do governo, que aumentou os impostos cobrados dos importados. Fábricas da BMW, da Honda, da Toyota e da Fiat e montadoras chinesas estão ficando prontas no meio da crise.
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"O mais impressionante é que o aumento da ociosidade não foi suficiente para reduzir os estoques. Isso é muito preocupante", diz Golfarb. Em outubro, o setor tinha 413 mil veículos em estoque, patamar muito superior aos 297 mil registrados em 2013.
Emprego em risco
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As empresas não admitem publicamente, mas a crise é grave e aumenta o risco de mais demissões no setor. Nos últimos 12 meses, as montadoras dispensaram 12.637 pessoas. Isso significa queda de 7,9% no nível de emprego do setor. Muitas empresas, no entanto, vieram adotando dispensas temporárias para seus funcionários ao longo dos últimos meses.
Se a situação não melhorar, a onda de demissões pode se agravar. Procurada, a Anfavea não se pronunciou. O setor automotivo é um dos principais responsáveis pela queda do emprego na indústria.