Lixo em quantidade exagerada pela calçada e proteção improvisada (uma carcaça de um automóvel coberta com pano) para quem quer usar droga, especialmente crack, sem ser incomodado. O cenário descrito é o da Rua Alexandre Negrine, no Rádio Clube, Zona Noroeste, e persiste há pelo menos dois meses.
Segundo relatam moradores da região, é fácil encontrar usuários de crack no local. E não só à noite. A Reportagem do Diário do Litoral percorreu a estreita rua, por volta das 13 horas de ontem, e flagrou o consumo do entorpecente por parte de dois jovens. Quando viram o carro do jornal, eles se muniram de pedras para intimidar a equipe.
Em um dos lados da via, há uma espécie de local protegido para o consumo do crack: um carro totalmente incendiado, com colchão na parte interna, e “fechado” por panos e cobertores. Não se pode falar em local esquecido pelo Poder Público. A poucos metros do cenário descrito acima, uma viatura da Polícia Militar passava pela Rua Francisco Di Domenico. O local também fica perto do Hospital Arthur Domingues Pinto, onde os usuários poderiam receber o primeiro atendimento.
Também não é possível citar esquecimento, porque o vice-líder do Governo João Paulo Tavares Papa (PMDB), Geonísio Pereira Aguiar, o Boquinha (PMDB), voltou a destacar o aumento do consumo de crack na Cidade, durante a sessão de segunda-feira (05).
Ele foi superlativo no tom das críticas: “Nos últimos quatro anos, nada foi feito pelos moradores e rua e usuários de crack”. Inflado pela presença rápida em plenário de Carlos Teixeira Filho, responsável pela Secretaria de Ação Social (Seas) nos últimos três anos e meio e vereador eleito em Santos, Boquinha elogiou o corpo técnico da pasta, mas reclamou: “parece que eles estão proibidos de executar as ações como deveriam”.
O secretário de Segurança de Santos, Cláudio Trovão, afirmou que nos últimos dois meses foram feitas três ações conjuntas entre Guarda Municipal, polícia e profissionais da Secretaria de Saúde para buscar atender os usuários daquela rua. Trovão suspeita de que tenha ocorrido uma migração do local escolhido para uso do entorpecente, citando que antes a equipe do Consultório na Rua, voltado a atender usuários de drogas, costumava encontrar o pessoal no canal da Avenida Hugo Maia e nas proximidades da divisa entre Santos e São Vicente.
“Estamos monitorando. O grupo é o mesmo, de dez a quinze pessoas, só rapazes e homens. Não há registro de mulheres”, assinala o secretário municipal, explicando que nessas ações é verificado não somente o porte de entorpecente, mas o de uso de armas brancas. No monitoramento, verificou-se que a maioria dos usuários é morador do Rádio Clube e alguns não têm residência fixa.
Ele informa que esta semana deve ocorrer mais uma ação conjunta para atender os usuários. “A última foi no final de semana, mas eles retornaram”. Segundo Trovão, a Secretaria Municipal de Saúde está tentando viabilizar outro veículo do Consultório na Rua para aumentar o número de atendimentos.