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O ministro da Saúde, Arthur Chioro, oficializa hoje (22) dois novos cursos de Medicina na Baixada Santista. Os municípios de Guarujá e Cubatão foram selecionados para a fase do programa Mais Médicos, que prevê a interiorização e a expansão da formação médica no país. Em entrevista exclusiva ao Diário do Litoral, Chioro deu detalhes da iniciativa.
Diário do Litoral - Qual o objetivo da abertura dos novos cursos de Medicina?
Arthur Chioro - Precisamos reestruturar e expandir o ensino superior no país, acompanhado de uma proporcional ampliação da residência médica, para termos também mais especialistas. Neste primeiro momento, nós autorizamos a criação de 39 novos cursos de Medicina em cidades onde não existe graduação nesta área. Os municípios de Guarujá e Cubatão vão receber um curso novo cada. Com isso, teremos médicos se formando fora da capital – e vários deles permanecendo nelas, pois a formação tem papel importante na fixação do médico. O curso de Cubatão usará São Vicente como campo de estágio, ou seja, São Vicente também será beneficiada. Isso vai iniciar um processo de desconcentração da força de trabalho médica, que hoje em dia se aglomera em algumas poucas cidades.
DL - Os cursos são particulares, como se dará a escolha das instituições que vão administrá-los? Haverá incentivo aos estudantes de baixa renda?
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Chioro - As instituições serão selecionadas por meio de critérios a serem definidos em edital específico. Elas deverão se comprometer a abrir um programa de residência médica para dar oportunidade de especialização a seus graduados, bem como investir na rede de saúde do município, uma vez que a estrutura do SUS é usada para qualificar os estudantes ao longo da faculdade de medicina. Para estudantes de baixa renda, o governo federal, por meio do Ministério da Educação, já promove programas muito importantes e bem-sucedidos como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Eles poderão utilizar esses mecanismos também nessas novas faculdades de Medicina.
DL - Os novos cursos vão priorizar a formação voltada a saúde pública?
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Chioro - O programa Mais Médicos está realizando mudanças qualitativas no formato do curso de Medicina, e uma dessas mudanças é o foco na Atenção Básica e na Medicina de Família. Para fortalecermos essa área da atenção, nós precisamos de profissionais que tenham conhecimento e interesse em trabalhar em unidades básicas, próximos das pessoas que mais precisam dele, participando do dia a dia da comunidade, conhecendo melhor seus pacientes. Essa é uma área muito gratificante da medicina, mas, infelizmente, até então pouco explorada na formação do profissional. Agora, os estudantes deverão cursar pelo menos 30% do internato – parte prática do curso – na Atenção Básica. Além disso, para fazer residência, o médico formado deverá cursar de um a dois anos da especialização de Medicina de Família e Comunidade, que passa a ser pré-requisito para qualquer especialidade.
DL - Com a implementação dos novos cursos, e do início dessa nova fase do Mais Médicos, o que o governo espera a curto, médio e longo prazo?
Chioro - No curto prazo, teremos essa ampliação significativa do ensino da Medicina, o que vai dar mais acesso aos estudantes que sonham em se tornar médicos. No longo prazo, colheremos os frutos dessa gradativa expansão, com mais profissionais saindo da graduação preparados para prestar um atendimento de qualidade para a população, e mais profissionais interessados na Atenção Básica. A expansão da residência médica também vai permitir que os interessados em se especializar , após a faculdade, possam obter seu título de especialista na cidade onde se formaram. Seguindo por este caminho, nós iremos, gradativamente, formando o contingente de médicos qualificados e com formação humanizada que o SUS e a população brasileira tanto precisam.
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