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Apesar das chuvas registradas nos meses de fevereiro e março, a situação hídrica da Região Sudeste continua crítica, na avaliação do professor Paulo Carneiro, do Laboratório de Hidrologia do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Além das chuvas, a região também foi beneficiada com o fim da influência do bolsão térmico, que impedia a entrada de frente fria e de umidade da Amazônia. Com a proximidade do fim do mês de março, entretanto, é esperado que as chuvas fiquem escassas e que entre um período mais seco.
“Na bacia do Paraíba do Sul, por exemplo, a situação continua crítica do mesmo jeito. Vamos entrar em um período seco com os reservatórios ou no volume morto ou próximo disso. A situação ao longo do ano tende a ser crítica”, avaliou.
“A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) vão ter de continuar a fazer restrições de vazões em Santa Cecília [estação elevatória localizada em Barra do Piraí, no sul fluminense], tanto para transposição para atender à Bacia do Guandu, quanto para atender ao restante da bacia do baixo curso do Rio Paraíba do Sul”
Na avaliação do pesquisador, não há expectativa de que o nível dos reservatórios da Região Sudeste se normalize antes de 2016.
“Não há previsão possível para saber se e como choverá no final do ano de 2015. A expectativa é que 2016 possa ser um ano melhor, mas também pode ser muito crítico. Não dá para ter garantia sobre isso”, comentou.
Segundo Paulo Carneiro, a crise hídrica não é o único motivo para a falta de água em alguns locais do Rio de Janeiro. Segundo ele, em áreas da região metropolitana do estado, da Baixada Fluminense e da zona oeste, o problema de abastecimento é antigo. “Existem várias áreas da região metropolitana do Rio de Janeiro que não recebem água com frequência onde não há água permanentemente na torneira. Existe uma parte da população do Rio de Janeiro que recebe água full time, mas uma parte enorme que não recebe e não é de agora. É de muito tempo”, disse.
O pesquisador destacou que o sistema opera em déficit porque falta investimento. “Falta adutora, reservatórios que façam a setorização do saneamento. Falta uma série de coisas, há perdas muito altas nos sistemas.”
Para o professor, mesmo com as campanhas para a redução dos gastos de água e com exemplos de economia por parte da sociedade não existe uma pesquisa que comprove o grau de comprometimento das pessoas com a diminuição do desperdício. “Era necessário que um instituto de pesquisa financiado pelos governos fizesse uma enquete para saber qual a percepção, se realmente as pessoas mudaram os hábitos, se controlam mais os seus gastos com água”, apontou.
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Entre os projetos já levantados pelo governo do Rio para aumentar a oferta de água destinada ao abastecimento está o processo de dessalinização da água do mar. O professor do Programa de Engenharia Química da Coppe Cristiano Borges destacou que, pela localização geográfica da cidade, é possível desenvolver o projeto de forma eficiente.
Apesar de ser favorável à ideia, o professor reconheceu a existência de dificuldades para a implantação. “As nossas dificuldades como país estão na infraestrutura, na organização e na vontade política, porque as unidades de dessalinização são de construção relativamente simples e de demanda diária baixa. Temos mar próximo ao Rio de Janeiro que pode ser a fonte de captação”, esclareceu.
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