Cotidiano
As fortes chuvas do último sábado (19), resultaram em um novo deslizamento nos arredores da obra. É a terceira em curto espaço de tempo
Fortes chuvas no último sábado (19), resultaram em uma terceira cratera ao lado da obra da Patriani / Gabriel Fernandes/DL
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Apesar de terem ocorrido três deslizamentos de solo no entorno da obra da Construtora Patriani, localizada na Rua Carlos Affonseca com a Avenida Galeão Carvalhal, no bairro Gonzaga, em Santos, a Prefeitura de Santos não vê motivos para a interdição do empreendimento, mesmo ainda não havendo qualquer conclusão sobre a causa do ocorrido.
“O espaço não será interditado em face das ações para reconstituição da segurança já estarem sendo executadas. Segundo a Defesa Civil, não há riscos quanto à estrutura e estabilidade dos imóveis vizinhos”, informou a Administração Santista.
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O último deslizamento aconteceu durante as fortes chuvas da noite de sábado (19) e resultou na formação de uma cratera na lateral esquerda da Panificadora Universo, que fica ao lado da obra. Um funcionário da padaria chegou a cair no buraco, sem ter danos físicos graves.
A Secretaria das Prefeituras Regionais (Sepref) intimou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a realizar obras emergenciais para reparar a rede da empresa. Na manhã do último domingo (20), a companhia esteve no local efetuando reparos e retirando a água acumulada.
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A Patriani recebeu uma notificação da Secretaria de Obras e Edificações (Seobe), assinada por Larissa Oliveira Cordeiro, para realizar os serviços de reparo. A empresa se comprometeu a auxiliar na recuperação e acabamento da calçada. Engenheiros da Seobe estiveram no local acompanhando as providências.
Ainda segundo a Prefeitura, o Departamento de Controle do Uso e Ocupação do Solo e Segurança de Edificações (Deconte), está fiscalizando o local desde a noite de sábado (19) e acompanhando os desdobramentos.
Embora o laudo oficial ainda não tenha sido divulgado, na manhã desta quarta-feira (23), fiscais da prefeitura estiveram visitando a obra e fiscalizando os serviços realizados. O órgão também afirma que está em contato com os prejudicados e adotando todas as iniciativas necessárias para resolver os problemas pós-incidente.
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É importante lembrar que, durante a revisão do plano diretor em 2018, foi inserido um artigo na Lei de Uso e Ocupação do Solo na Área Insular (Lei Complementar 1006/2018), que condiciona a execução de subsolos em áreas suscetíveis a alagamentos à análise das autoridades competentes.
À Reportagem, o arquiteto urbanista e ex-funcionário público José Marques Carriço comentou que, nos últimos anos, os subsolos passaram a ocupar todo o terreno das obras.
“Antigamente, quando se construía um subsolo, ele existia apenas em parte do prédio, geralmente onde há jardins ou as rampas das garagens. Para evitar que o terreno desmorone para dentro da obra, constrói-se uma estrutura conhecida como ‘cortina de concreto’, que funciona como uma espécie de muro enterrado”, explicou.
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Ele acrescenta que, por mais que a construtora tome os devidos cuidados, a vibração e até a compactação do terreno podem provocar problemas nos imóveis vizinhos, como os que vêm ocorrendo no entorno das obras da Patriani.
A primeira ocorrência de uma cratera no local, provocada por fortes chuvas, aconteceu em janeiro de 2024. Na ocasião, um veículo ficou com duas rodas pendentes na cratera e um cachorro chegou a cair no buraco, sendo salvo em seguida.
Na segunda vez, o incidente causou transtornos tanto para motoristas quanto para a população, já que resultou na interrupção do fornecimento de energia elétrica e na interdição de vias. O deslizamento ocorreu na esquina da Rua Carlos Affonseca com a Galeão Carvalhal.
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No edifício Ibicaba, localizado em frente à obra, dois elevadores ficaram parados por horas após a água invadir os poços, compartimentos abaixo da primeira parada do elevador que abrigam equipamentos essenciais ao seu funcionamento.
De acordo com a síndica do prédio, Cristiane Aparecida de Toledo, foi necessário o uso de um gerador por 12 horas, o que gerou um custo de R$ 6.800. Em ambas as ocasiões, as crateras e os reparos foram tratados poucos dias após os incidentes.
Em nota, a Construtora Patriani afirma que a obra em si não tem relação com o incidente, pois o impacto ocorreu em um trecho do passeio público vizinho à construção.
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Além disso, a empresa alega que não houve qualquer dano à calçada pertencente ao empreendimento devido às chuvas da noite do último sábado (19).
A Patriani também reforça que a estrutura de contenção do empreendimento permanece intacta, assim como a calçada do prédio.