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A ministra da Cultura, Marta Suplicy, minimizou nesta quarta-feira, 02, a crítica feita pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung à presença de apenas um negro (Paulo Lins, de "Cidade de Deus") e um indígena (Daniel Munduruku, autor de 43 livros) entre os 70 escritores levados para a Feira do Livro de Frankfurt, que homenageia o País e acontece na próxima semana: "O Brasil vive um momento de transformação, e nas próximas gerações teremos número maior de negros participando. Hoje, infelizmente, não temos", disse.
Em texto publicado em agosto, o jornal sugeriu racismo na escolha dos escritores. A ministra lembrou que a prioridade foi dada a autores já traduzidos, para que o público da feira tenha acesso às obras depois dos debates: "Toda lista tem um recorte que provoca discussão. O critério não foi étnico, mas a qualidade estética e a tradução. A Feira de Frankfurt é comercial". A coordenadora do Centro Internacional do Livro da Biblioteca Nacional, Moema Salgado, afirma que é um pedido da feira que os escritores convocados tenham livros traduzidos para outras línguas.
Seis dias antes da abertura do evento, Marta foi ao Rio para dar entrevistas sobre ele. Ressaltou as 442 bolsas oferecidas para estimular editoras estrangeiras a traduzir autores brasileiros - o número contabiliza trabalhos feitos desde 2010, quando o Brasil foi anunciado como homenageado. Marta garante que as dificuldades e atrasos provocados pela troca de gestores em sua pasta, na Biblioteca Nacional e no Itamaraty foram superados, e que todas as contratações foram concluídas. "Tivemos problemas, mas viramos a página." As últimas licitações, de hospedagem (que sairá por R$ 92.164), contratação de assessoria de comunicação para divulgar o Brasil (R$ 81.739) e de empresa para fazer a produção de 26 eventos na cidade (R$ 517.710) foram encerradas na semana passada.
"Se a nossa literatura não circula no Brasil, não é por falta de autores", disse o escritor Nei Lopes à reportagem. "Ela tem sido estudada e publicada no exterior, na Alemanha, na Inglaterra, nos EUA e em outros países. Se o MinC acha que literatura boa é a que vende milhares de livros, só tenho a lamentar. E dizer que continuo fazendo a minha parte."
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