Cotidiano
Em declarações entregues por escrito ao juiz e depois em interrogatório com o juiz, Odebrecht questionou ponto a ponto as acusações da força-tarefa da Lava Jato
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O presidente da maior empreiteira do País, Marcelo Bahia Odebrecht, negou nesta sexta-feira, 30, envolvimento com o esquema de corrupção e cartel que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014, tentou afastar acusações de que tinha papel atuante na gerência do grupo, explicou não haver ilícitos no conteúdo das suas trocas de mensagens e anotações destacadas na ação e classificou de "inconsistente e absurda" a acusação da Procuradoria da República de que teria feito parte de cartel.
Preso desde 19 de junho, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Erga Omnes - desdobramento da Lava Jato -, Odebrecht foi interrogado ontem pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, como réu em processo por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em nota, a Odebrecht informou que Marcelo Odebrecht "lamentou a prisão absolutamente ilegal imposta a ele há mais de 130 dias. Não há fundamento subsistente para impor essa medida extrema de restrição de liberdade".
Em declarações entregues por escrito ao juiz e depois em interrogatório com o juiz, Odebrecht questionou ponto a ponto as acusações da força-tarefa da Lava Jato. Questionado sobre o cartel, do qual participaria sua empresa, ele negou.
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"Nunca ouvi falar, nem soube desse tipo de atuação de qualquer empresa do Grupo. Além disso, não me parece sequer fazer sentido essa afirmação, considerando que a Petrobras convida participantes de suas licitações que são previamente cadastrados pré-qualificados e define preços", respondeu em declarações que sua defesa apresentou ao juízo, antes dos questionamentos. "A alegação da existência de indícios de cartel com participação da Odebrecht se mostra, portanto, absolutamente inconsistente e absurda."
Odebrecht em seu roteiro de perguntas e respostas apresentado pela defesa no processo, antes do interrogatório, atacou a interpretação do Ministério Público Federal de anotações que sugeririam seu conhecimento e controle de contas secretas da empreiteira fora do País.
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"Concluir, a partir dessas notas, que eu teria 'manifesto' conhecimento, controle e gestão sobre operação de lavagem de dinheiro é, no mínimo, um absurdo, ainda mais quando se verifica que as provas produzidas no processo não autorizam, nem de perto essa disparatada conclusão."
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