Cotidiano
No cenário do momento de crise, segundo o ministro da Fazenda, os emergentes ganharam espaço e já representam hoje mais de 50% do PIB mundial, puxados por Índia e China
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na manhã desta sexta-feira, 28, que o movimento da economia é cíclico e que "sempre que há um ciclo de expansão, ele vai desembocar em uma crise" no modelo capitalista. "Até agora os economistas não conseguiram cancelar essa lei inexorável", afirmou.
Mantega fez os comentários para introduzir uma análise sobre a crise de 2008. "Quando o ciclo expansivo é de euforia como o de 2000 a 2007, os analistas esquecem da crise", afirmou o Ministro. Ele lembrou que, em 2008, projeção do FMI apontava crescimento de 4,1% para a economia mundial, o que não se concretizou. "A maioria dos analistas achava que cresceríamos indefinidamente", disse.
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O ministro destacou que as crises são inesperadas, pegam os países de surpresa e que "tudo desmancha durante a crise". Ele destacou que as piores crises são as financeiras e que "é preciso se precaver". Ele disse que a crise de 2008 foi tão forte quanto a de 1929, mas que foi menos duradoura e "menos virulenta" em termo de consequências.
No cenário do momento de crise, segundo Mantega, os emergentes ganharam espaço e já representam hoje mais de 50% do PIB mundial, puxados por Índia e China. "Tendência é que emergentes continuem ganhando terreno em relação aos avançados", afirmou.
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Recordar é viver
O ministro rememorou a atuação do G-20 desde a crise de 2008 para ressaltar a importância do grupo no enfrentamento da crise financeira. De acordo com Mantega, a atuação do G-20 em 2009 foi importante para possibilitar uma "recuperação rápida dos países", vista em 2010. "Em 2010 achávamos que a crise estava superada, não sabíamos que trajetória da crise é em W e não em V", disse Mantega. Ele afirmou que "agora está faltando a perna do W para dar a recuperação".
O ministro afirmou que, ao assumir a coordenação do G-20, pretendeu torná-lo mais ativo, mas "esbarrou" no Reino Unido. "O Reino Unido preferiu não encampar minhas proposta. O G-7 que coordenava a economia internacional", afirmou o ministro, dizendo ainda que o G-7 não queria a "sombra" de outro organismo internacional.
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Quando estourou a crise de 2008, segundo Mantega, foi possível marcar uma reunião extraordinária do grupo, que contou a presença do então presidente norte-americano George W. Bush. "Bush participou da reunião e demonstrou interesse em estabelecer coordenação internacional", disse Mantega, destacando que "aquela era uma crise que não poderia ser enfrentada isoladamente".
Ele destacou que o ex-presidente americano convidou os países do G-20 para uma reunião de cúpula em Washington, o que projetou o grupo. Ele fez os comentários ao proferir aula magna na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV).
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