Cotidiano

Mantega: sempre há expansão que desemboca em crise

No cenário do momento de crise, segundo o ministro da Fazenda, os emergentes ganharam espaço e já representam hoje mais de 50% do PIB mundial, puxados por Índia e China

Agência Brasil

Publicado em 28/03/2014 às 13:23

Atualizado em 18/03/2022 às 20:53

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na manhã desta sexta-feira, 28, que o movimento da economia é cíclico e que "sempre que há um ciclo de expansão, ele vai desembocar em uma crise" no modelo capitalista. "Até agora os economistas não conseguiram cancelar essa lei inexorável", afirmou.

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Mantega fez os comentários para introduzir uma análise sobre a crise de 2008. "Quando o ciclo expansivo é de euforia como o de 2000 a 2007, os analistas esquecem da crise", afirmou o Ministro. Ele lembrou que, em 2008, projeção do FMI apontava crescimento de 4,1% para a economia mundial, o que não se concretizou. "A maioria dos analistas achava que cresceríamos indefinidamente", disse.

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O ministro destacou que as crises são inesperadas, pegam os países de surpresa e que "tudo desmancha durante a crise". Ele destacou que as piores crises são as financeiras e que "é preciso se precaver". Ele disse que a crise de 2008 foi tão forte quanto a de 1929, mas que foi menos duradoura e "menos virulenta" em termo de consequências.

No cenário do momento de crise, segundo Mantega, os emergentes ganharam espaço e já representam hoje mais de 50% do PIB mundial, puxados por Índia e China. "Tendência é que emergentes continuem ganhando terreno em relação aos avançados", afirmou.

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Recordar é viver

O ministro rememorou a atuação do G-20 desde a crise de 2008 para ressaltar a importância do grupo no enfrentamento da crise financeira. De acordo com Mantega, a atuação do G-20 em 2009 foi importante para possibilitar uma "recuperação rápida dos países", vista em 2010. "Em 2010 achávamos que a crise estava superada, não sabíamos que trajetória da crise é em W e não em V", disse Mantega. Ele afirmou que "agora está faltando a perna do W para dar a recuperação".

O ministro afirmou que, ao assumir a coordenação do G-20, pretendeu torná-lo mais ativo, mas "esbarrou" no Reino Unido. "O Reino Unido preferiu não encampar minhas proposta. O G-7 que coordenava a economia internacional", afirmou o ministro, dizendo ainda que o G-7 não queria a "sombra" de outro organismo internacional.

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Quando estourou a crise de 2008, segundo Mantega, foi possível marcar uma reunião extraordinária do grupo, que contou a presença do então presidente norte-americano George W. Bush. "Bush participou da reunião e demonstrou interesse em estabelecer coordenação internacional", disse Mantega, destacando que "aquela era uma crise que não poderia ser enfrentada isoladamente".

Ele destacou que o ex-presidente americano convidou os países do G-20 para uma reunião de cúpula em Washington, o que projetou o grupo. Ele fez os comentários ao proferir aula magna na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV).

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