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A polêmica sobre o estado de saúde de Nelson Mandela ganhou mais um adendo no começo da tarde desta quinta-feira (4) após documentos do tribunal terem mostrado que o ex-presidente está sendo mantido vivo com a ajuda de aparelhos e enfrenta "morte iminente".
A saúde de Mandela está "por um fio" e ele está sendo mantido vivo com a ajuda de aparelhos. A afirmação faz parte de documentos preenchidos no tribunal no caso que resultou no retorno dos restos mortais de três filhos do ex-presidente ao túmulo original. Um dos netos de Mandela, Mandla, havia transferido em 2011 os corpos (entre eles o de seu pai) de Qunu para sua residência de Mvezo, mas sem o consentimento da família, o que levou o caso à justiça.
Ontem (3), um juiz ordenou que Mandla Mandela, de 39 anos, devolvesse os restos a Qunu e poucas horas depois a polícia foi a sua propriedade em Mvezo para recuperá-los. Membros da família e os mais velhos da comunidade participaram da cerimônia na propriedade de Mandela, em Qunu, o povoado onde o ex-presidente sul-africano passou sua infância e onde ele pediu para ser enterrado. Testes forenses foram feitos para confirmar se os restos mortais eram mesmo dos filhos de Mandela.
Quinze membros da família de Mandela entraram com uma ação na justiça na semana passada pedindo que o neto devolvesse os corpos para onde eles foram enterrados originalmente. Mandla afirmou em conferencia com a imprensa que "seu avó, como ele mesmo ficaria altamente desapontado com o que este desfecho".
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Nos papeis preenchidos no tribunal consta que "a antecipação de sua morte eminente tem como base fundamentos reais e substanciais".
Um jovem colocado em ventilação mecânica - ajuda mecânica - pode ser retirado da máquina e se recuperar, mas isso se torna difícil ou impossível para uma pessoa mais velha. Quando mais tempo a pessoa passa na ventilação mecânica, menos chance de recuperação ela tem, afirmou o executivo-chefe da Consulting Physicians of South Africa, Adri Kok, que não tem qualquer conexão com o tratamento de Mandela. "A ventilação mecânica leva um prognóstico muito pobre para a recuperação porque significa que ou ele está muito fraco ou muito doente para respirar por conta própria", explicou Kok. "Geralmente, se águem precisa deste tipo de ajuda significa que sua doença é grave, não importa se é um jovem ou um velho", completou Kok.
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A rixa entre a família começou após Mandela ter voltado ao hospital, onde permanece em condições críticas há quase um mês, para tratar de uma infecção pulmonar recorrente.
Mlawu Tyatyeka, especialista na cultura Xhosa da família de Mandela, disse que a decisão do tribunal no caso dos restos mortais de filhos do líder foi rápida porque a família sabe que ele não vai viver por muito mais tempo.
"Não se trata de querer que ele morra, mas sim de garantir que seu desejo será cumprido após sua morte", explicou Mlawu. "Temos uma crença que diz que se o desejo de uma pessoa no leito de morte for ignorado, tudo de ruim se volta contra você."
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Mais cedo nesta quinta-feira, o porta-voz do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, desmentiu a notícia de que Mandela encontra-se em estado vegetativo. "Claramente não existe um estado vegetativo", disse o porta-voz Mac Maharaj. O ex-presidente da África do Sul continua em "estado crítico, mas estável" após quase um mês de internação num hospital em Pretória, mas não encontra-se em estado vegetativo.
A declaração desmente informação distribuída pela agência AFP de que documentos judiciais com data de 26 de junho afirmavam que Mandela estaria em estado vegetativo e que os médicos recomendavam que os equipamentos que mantinham o Nobel da Paz vivo fossem desligados.
"Não há nada desse tipo, isso não aconteceu", disse Maharaj quando questionado sobre médicos terem recomendado que as máquinas fossem desligadas. Maharaj, entretanto, apressou-se a acrescentar que não poderia confirmar se Mandela está sendo mantido vivo por meio de equipamentos, citando regras de confidencialidade entre médico e paciente.
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O presidente Jacob Zuma visitou Mandela hoje, mais cedo, no hospital de Pretória, onde o ex-presidente está internado desde 8 de junho. Após a visita, Zuma afirmou que não houve qualquer mudança na condição "séria, mas estável" de Mandela.
Durante evento do qual participou hoje, em Johanesburgo, a esposa de Mandela, Graça Machel, disse que o ex-presidente está desconfortável, mas raramente sente dor nesse período em que está hospitalizado.
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