Cotidiano
Os líderes se comprometeram a seguir sete pontos, como "progressiva normalização da fronteira" e a coexistência dos "modelos econômicos, políticos e sociais de cada país"
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Os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Juan Manuel Santos (Colômbia) definiram um plano nesta segunda-feira (21) para pôr fim à crise bilateral deflagrada há quatro semanas pela decisão de Caracas de fechar parte da fronteira comum e expulsar mais de 1.600 colombianos, sob pretexto de combater o contrabando.
Os líderes se comprometeram a seguir sete pontos, entre os quais está a "progressiva normalização da fronteira" e a coexistência dos "modelos econômicos, políticos e sociais de cada país".
Os embaixadores colombiano e venezuelano retornarão a seus postos na nação vizinha, como forma de mostrar o reatamento diplomático -eles haviam sido chamados para consultas por Bogotá e Caracas em 27 de agosto.
Também estão previstas reuniões de ministros para debater "temas sensíveis" -a primeira prevista já para esta quarta (23), em Caracas- e a continuidade da mediação do Equador e do Uruguai.
Foi o primeiro contato pessoal entre os presidentes desde o início da tensão. A reunião ocorreu em Quito, na residência do presidente equatoriano, Rafael Correa, e teve participação do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez.
O Brasil, apesar de reiteradas ofertas de mediação, não participou das conversas.
Ao final do encontro, Maduro, Santos, Correa e Vázquez posaram para uma foto em que se davam as mãos, simbolizando a parceria e a unidade entre os países.
"Foi uma reunião franca, em meio a um clima de irmandade", disse o presidente venezuelano, segundo o jornal "El Tiempo". Para Maduro, o diálogo marcou "um novo início" de relações com a Colômbia, "baseadas na cooperação e no respeito".
Também o presidente colombiano saudou o encontro. "Estamos unidos na luta contra criminosos, o contrabando e o narcotráfico. Nos une também o propósito de levar o bem-estar aos habitantes da fronteira", disse Santos.
Histórico da crise
Em 19 de agosto, Maduro fechou a fronteira no Estado de Táchira, decretou estado de exceção em cinco cidades da região e passou a deportar colombianos. Outros 16 mil fugiram por se sentir pressionados pelo Exército venezuelano.
O estado de exceção e o fechamento da fronteira foram estendidos há duas semanas ao Estado de Zulia.
Maduro alegava que a medida era uma retaliação a um ataque, atribuído por Caracas a contrabandistas e paramilitares colombianos, que feriu três militares venezuelanos à bala na fronteira.
O presidente dizia que as atividades ilegais estavam por trás do desabastecimento na Venezuela. No entanto, economistas defendem que a escassez é fruto do controle de preços e da perseguição ao setor privado.