Cotidiano

Macacos utilizam cérebro para mover braços virtuais

A técnica consiste em captar e decodificar os comandos cerebrais que os macacos utilizam para movimentar os próprios braços, transformando-os em comandos eletrônicos

Publicado em 07/11/2013 às 11:03

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Treze anos depois de publicar um estudo pioneiro, mostrando que macacos eram capazes de movimentar um braço robótico apenas com o "poder da mente", o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke, apresentou ontem, 6, a primeira versão "ambidestra" dessa tecnologia, mostrando que é possível controlar dois braços virtuais - um direito e um esquerdo - simultaneamente, por meio de comandos cerebrais integrados.

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Os resultados, publicados na revista Science Translational Medicine, elevam o nível de sofisticação das tecnologias de interface cérebro-máquina (ICM) e abrem a perspectiva de que, no futuro, pessoas paralisadas por lesões medulares poderão controlar braços robóticos - externos ou acoplados ao seu corpo - como se fossem seus próprios membros, apenas pensando sobre os movimentos.

"Aplicações futuras de interface cérebro-máquina voltadas para a restauração de mobilidade em pacientes paralisados poderão se beneficiar enormemente da incorporação de múltiplos membros", escrevem os pesquisadores, da Universidade Duke e da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça.

A técnica consiste em captar e decodificar os comandos cerebrais que os macacos utilizam para movimentar os próprios braços, transformando-os em comandos eletrônicos que podem ser usados para comandar os membros de um macaco virtual em tempo real.

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Miguel Nicolelis apresentou a primeira versão "ambidestra" dessa tecnologia, mostrando que é possível controlar dois braços virtuais (Foto: Divulgação)

Andar de Novo

A técnica usada no estudo não é a mesma que será empregada no projeto Andar de Novo, que tem como objetivo colocar um paciente brasileiro paraplégico para caminhar e dar o chute de abertura da Copa do Mundo de 2014, usando uma veste robótica (exoesqueleto) controlada pelo cérebro.

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O projeto, liderado por Nicolelis, recebeu R$ 33 milhões do governo federal e está sendo desenvolvido em parceria com a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

Segundo o diretor executivo da AACD, João Octaviano Machado Neto, a técnica usada no projeto será não-invasiva, com o uso de eletrodos externos ao crânio. "O paciente vai usar um capacete com sensores; não haverá implante de chips no cérebro", disse Machado Neto à reportagem. "Isso está definido desde o início. A AACD não concordaria com um procedimento desse tipo nesse momento."

O processo de seleção de pacientes, segundo ele, já começou. A ideia é selecionar quatro voluntários que farão testes com o exoesqueleto e, dentre eles, um que será o protagonista da demonstração na abertura da Copa, daqui a sete meses. Os testes serão realizados num novo laboratório, que deverá ficar pronto no final deste mês.

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Procurado pela reportagem, Nicolelis não quis dar entrevista.

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