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Maria, Julio e Valquiria. Os três têm em comum a saída do aluguel, a nova vida em um conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, na Vila Ema, em São Vicente, e a renda familiar de até R$ 924,00 por mês. Segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilios (PNAD), divulgada em 2012, 77,84% da população brasileira se declara viver com essa renda. Em geral, o rendimento médio do brasileiro é de R$ 1.002,00. E o que fazer para o dinheiro ‘esticar’?
Julio Cesar Ferreira é vendedor de balas. Há 26 anos trabalha no mesmo local, em um semáforo da Avenida Conselheiro Nébias, em Santos. O cadeirante, que ganha em média R$ 900,00 por mês, vive com a esposa e uma filha. Na nova casa gastará com despesas fixas (condomínio, prestação do apartamento e energia elétrica) cerca de R$ 300,00.
Para mobiliar o apartamento, Ferreira utilizou o cartão Minha Casa Melhor, concedido pela Caixa Econômica aos beneficiários do programa Minha Casa Minha Vida. O vendedor utilizou o crédito total (R$ 5 mil), oferecido pelo banco, na compra de móveis e eletrodomésticos, e pagará durante dois anos prestações de R$ 119,00. A iniciativa foi planejada e, segundo ele, não atrapalhará o orçamento doméstico.
“Vai sobrar um dinheiro ainda. Só de ter saído do aluguel, o que vier de despesa é só alegria”, comenta.
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Mais cautelosa, Maria Aparecida Santana, ainda pretende estudar a utilização total do cartão. No apartamento da pensionista, que recebe um salário mínimo por mês (R$ 724,00), moram mais quatro pessoas. A renda é complementada com o artesanato que a cadeirante faz e vende no Centro de São Vicente. “Comprei as coisas mais necessárias (fogão, geladeira e micro-ondas). Gastamos muito com alimentação. Às vezes nem sobra”, ressalta.
A encarregada de Serviços Gerais Valquiria Vasconcelos recebe R$ 900,00 por mês. Ela, que mora com a filha, conta que se desdobrava para pagar o aluguel, e mal sobrava para comer. “Dependia muito da ajuda dos outros. Passei fome, inclusive”, comenta.
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Valquiria também mobiliou o apartamento com o cartão. Ela conta que tinha apenas a roupa do corpo e alguns móveis velhos quando se mudou. Para manter em dia as contas, a encarregada prioriza as despesas fixas e a compra de alimentos básicos como arroz e feijão. “Se sobrar, a gente compra uma ‘mistura’”, afirma. Com o que já conseguiu economizar, a encarregada instalou um ‘box’ no banheiro.
Dicas
O economista Jorge Pinheiro diz que a grande questão é ficar atento ao que se gasta, e não ao que se ganha. “Muitas pessoas gastam sem planejamento e sem ter de onde tirar o pagamento, principalmente com a facilidade do crédito. Daí as dívidas vão se avolumando, acordos para pagamento são feitos, mas novamente por falta de planejamento também não são quitados”, afirma. Ter como base o ganho líquido (o que se tem de fato para gastar) é um bom começo.
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Pinheiro ressalta que é necessário se ter a noção exata de quanto se gasta mensalmente. Os principais gastos estão relacionados às despesas fixas. O especialista destaca que as compras do supermercado ‘abocanham’ outra parte considerável dos rendimentos.
O economista define um pequeno roteiro com quatro itens que podem ajudar a manter o controle do orçamento, e evitar dor de cabeça: calcular o que se tem a disposição para gastar; listar o tipo de gasto; objetivos e sonhos e planejar os prazos que pretende realizá-los; poupar recursos para atingir os objetivos, mesmo que sejam pequenos valores.
Para os que dispõem de pouco recurso para poupar, como Maria, Joaquim e Valquiria, o economista diz que não é necessário começar com grandes somas, mas tem que ser algo constante. ”Uma pessoa que reserve todo mês R$ 30,00, ao final de um ano, e sem considerar os juros de uma aplicação na poupança, conseguirá juntar R$ 360,00. Com esse dinheiro é possível fazer uma ceia de Natal, ou comprar uma roupa, calçado ou o que se ache interessante, como fez Valquiria que instalou um box no banheiro com o que poupou”, conclui.
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