Cotidiano

Livraria que marcou época no litoral de SP tem história resgatada por ex-funcionário

Jut´z Som, que funcionou por 39 anos, foi um ponto de encontro para os amantes da leitura e da música

Nayara Martins

Publicado em 02/11/2024 às 07:36

Atualizado em 02/11/2024 às 09:53

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A Jut´z Som foi montada em 1974 e se tornou a única loja de discos e livros, em Itanhaém / Nayara Martins/DL

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A história da livraria Jut´z Som faz parte da memória afetiva da população de Itanhaém. Durante 39 anos, a livraria foi um verdadeiro ponto de encontro para moradores e veranistas que eram amantes da música e dos livros na Cidade. 

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Quem conta essa história é o livreiro Elói Marques, de 69 anos, que atuou por 45 anos em Itanhaém. Ele relembra a sua trajetória desde o início da livraria Jut´z Som, em 1974, a primeira livraria e loja de discos na

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Cidade e que encerrou em 2013.

No ano de 1968, começou a funcionar a livraria e editora Frei Gaspar, de São Vicente, na rua João Mariano, no centro de Itanhaém. Elói foi chamado para trabalhar na livraria. E após dois anos, ela foi vendida para outro proprietário. 

“Na época as livrarias vendiam apenas livros didáticos. A intenção era vender os livros para estudantes da escola estadual Cene, a única que oferecia o antigo colegial aos alunos, hoje, o ensino médio”.
Em fevereiro de 1974, segundo Elói, nasceu a ideia de montar uma loja de discos em Mongaguá.

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Inicialmente, os proprietários da Jut´z Som eram Elói Marques, Antônio Wilson Pontes Quintas e João Carrasco. No mesmo ano eles montaram uma filial, na mesma rua João Mariano, no centro de Itanhaém. 

O nome Jut´z Som surgiu com um comercial de TV, protagonizado por Chico Anísio, que apelava aos consumidores para adquirir as legítimas Havaianas e não as fajutas. Os três amigos passaram a chamar um ao outro de “fajuta”, depois “jutas” e assim surgiu a “Jutz”.  

Com as saídas de Quintas e de Carrasco, Elói se tornou o único dono do comércio em 1977, em Itanhaém. 
Na época, os produtos mais procurados pelos clientes eram os discos de vinil, as revistas e jornais e, por último, os livros. 

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“A fita K7 também foi uma novidade ao público. Acredito que foi uma das mais importantes para a música popular brasileira. Anos depois veio o CD, que acabou com o vinil e o K7”, lembra.

A procura pelos livros foi aumentando. “A loja tinha muitos clientes que vinham de outras cidades para Itanhaém. Havia pessoas que vinham somente para ler”, ressalta. 

“Inclusive, um dos clientes veio morar em Itanhaém porque ele era apaixonado pela Biblioteca da Cidade.

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Uma parte do acervo da biblioteca foi doada por ele”.
Elói lembra ainda que entre os anos de 1970 e 1980, havia maior dificuldade de viajar a Santos ou a São Paulo. A Jut´z Som era a única livraria na região do litoral sul. 

Os gêneros mais procurados na loja eram os romances e os policiais.  

Ponto de encontro

A Jut´z Som se tornou um verdadeiro ponto de encontro aos amantes da música e dos livros. 

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“A loja era uma referência e virou um ponto de encontro de estudantes e pessoas que saiam da escola e do cinema. Todos tinham um carinho especial pela loja”, frisa.

“Para o turista nas décadas de 70 e 80, as únicas opções eram as leituras de jornais revistas ou ir ao cinema”. 

Um dos clientes especiais e grande amigo foi o escritor e poeta Paulo Bomfim – que dá o nome à Biblioteca Municipal. Ele lançou alguns livros na Jut´z Som, como o “Tecido de lembranças”, em 2005.

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Outro cliente fiel foi o advogado e ex-procurador do município, Albertino de Almeida Batista, de Itanhaém. 
Um dos primeiros lançamentos feitos na Jut´z Som foi o livro “Itanhaém histórica”, do escritor André Caldas.

Outro livro lançado foi “Alfaces e Carvalhos”, do ex-prefeito de Itanhaém João Carrasco.

Ele também promoveu bailes na Cidade até o ano de 1979. Os bailes aconteciam no Clube Itapoan, em Mongaguá, no antigo Mini Golf e no Clube Náutico, em Itanhaém. 

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Público jovem

No período entre 2005 e 2013, os títulos mais procurados eram os infanto-juvenis. 

“O público jovem era o grande diferencial da loja. Um dos mais famosos foi a coleção do Harry Porter, da autora J. K. Rowling. O jovem leitor, hoje, lê muito mais do que o adulto”, afirma.

Elói ainda foi distribuidor da Editora Abril durante 25 anos em Itanhaém. 

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A editora decidiu encerrar o contrato no mesmo ano em que ele fechou a livraria, em 2013.

Ao encerrar suas atividades, a Jut´z Som deixou registrada boas histórias, risadas e recordações na memória da população itanhaense.  

Hoje Elói participa de ações na área cultural da Cidade, como na Associação Pró-Divino (Aprodivino) e no Conselho Municipal de Cultura. E ainda do Coletivo de Fotógrafos de Itanhaém (Cofit) e de clubes de fotografia de Santos.

“Continuo lendo bastante e comprando os livros nas livrarias. Na última semana, comprei dois livros – de Machado de Assis e da Clarice Lispector, para presentear minha nora da Polônia”, conclui.

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