A Refinaria Presidente Bernardes Cubatão (RPBC) não foi incluída no Estudo de Viabilidade que antecede a construção de um hub de hidrogênio (H2) da Petrobras / Digulgação/Agência Petrobras
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A Refinaria Presidente Bernardes Cubatão (RPBC) sequer foi incluída no Estudo de Viabilidade que antecede a construção do primeiro hub de hidrogênio (H2) da Petrobras no País. Em dezembro, a estatal decidiu que a futura unidade de produção desta fonte de energia limpa e renovável ficará no Estado de São Paulo. Porém, a Petrobras resolveu priorizar as refinarias que operam no Vale do Paraíba, na Região de Campinas e no ABC.
O futuro hub de hidrogênio receberá aporte de cerca de US$ 1 bilhão do fundo internacional Climate Investments Funds – Industry Decarbonization (CIF-ID). Essa linha de crédito tem o aval de seis instituições internacionais de fomento, incluindo o Banco Mundial, e o H2 é considerado uma das mais promissoras fontes de energia na substituição dos derivados de petróleo.
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Em nota divulgada nesta semana, a Petrobras afirmou que a localização do futuro hub ainda não foi confirmada e que o objetivo principal “é fornecer soluções para descarbonização da indústria”.
Questionada pela agência de notícias Eixos, especializada no setor energético, a empresa disse ainda que “além das próprias refinarias da Petrobras no Estado, que são consumidoras de hidrogênio de baixo carbono, São Paulo se destaca como o principal polo industrial do País, com potencial demanda de indústrias de difícil descarbonização, a exemplo dos setores químico e de cimentos”.
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O futuro hub da Petrobras foi um dos projetos selecionados na chamada aberta pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para concorrer a recursos de um fundo internacional de fomento à transição energética. E a chamada integra as diretrizes do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), que tem como meta consolidar polos de hidrogênio de baixa emissão no Brasil até 2035.
Entre os critérios de seleção das refinarias de Mauá (Recap), Paulínia (Replan) e São José dos Campos (Revap) adotados pela Petrobras foram analisados a capacidade de produção da molécula (H2) associada à demanda para seu uso industrial. Também pesa a facilidade no fornecimento de insumos e equipamentos para o empreendimento.
Ao excluir a RPBC do Estudo de Viabilidade, a Petrobras optou por priorizar a produção do H2 a partir do biometano e da biomassa da cana-de-açúcar, em detrimento do gás natural disponível na Bacia de Santos.
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O gás produzido na Bacia de Santos tem sido levado para o Estado do Rio de Janeiro, onde vem promovendo o desenvolvimento do parque industrial fluminense, com a consequente geração de empregos e de renda, além de aumentar a arrecadação das prefeituras locais.
E a Refinaria Henrique Lage, que fica às margens da Rodovia Presidente Dutra, em São José dos Campos, teria a capacidade de abastecer com H2 o corredor que interliga os dois maiores parques industriais do País, na Grande São Paulo e no Grande Rio.
E seria uma alternativa, também, para produção do hidrogênio renovável, matéria-prima para produção de combustíveis sintéticos, como o SAF (combustível sustentável de aviação) e o e-metanol (combustível marítimo verde).
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Hoje, a Revap abastece 80% da demanda de querosene de aviação no mercado paulista e 100% do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Mas, a partir de 2027, entram em vigor as metas para descarbonização do transporte aéreo internacional e de voos domésticos.
Abundante no Interior Paulista, a biomassa da cana é um subproduto da produção de etanol e açúcar. Nesse aspecto, a proximidade com os canaviais pode indicar prioridade para a Refinaria de Paulínia, que fica na Região Administrativa de Campinas.
Mas, oficialmente, a Petrobras não se comprometeu com nenhuma rota tecnológica específica, se limitando a dizer que apostará em qualquer alternativa que demonstre viabilidade técnica e operacional.
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E afirmou que o Estado demonstra potencial tanto para produção de H2 a partir da eletrólise da água, quanto utilizando captura de carbono e biometano, gerado com lixo doméstico ou dejeto de granjas, entre outras fontes.
O Climate Investments Funds foi criado em 2008 e já investiu mais de US$ 62 bilhões em parceria com empresas e governos de países pobres e em desenvolvimento. Além do Banco Mundial, essa linha de crédito tem o aval do Banco Interamericano de Desenvolvimento e os bancos de Desenvolvimento da Europa, da Ásia e da África.
A expectativa é que o futuro hub de H2 esteja em operação até 2035.
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