Cotidiano

Ligação de tremores com rompimento de barragem é pequena, diz USP

Um relatório produzido pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo afirma que não é possível, por ora, apontar os tremores como causa da ruptura

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 09/11/2015 às 17:53

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Pequenos tremores de terra ocorrem praticamente todos os dias no Brasil, e a probabilidade de coincidência entre os sismos registrados na região das barragens da Samarco, em Mariana (MG), no início da tarde de quinta-feira (5), e o rompimento das estruturas, pouco tempo depois, é muito pequena.

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Um relatório produzido pelo Centro de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo), após a tragédia, afirma que não é possível, por ora, apontar os tremores como causa da ruptura. "É possível que os tremores tenham contribuído, mas isso é pouco provável", afirma o sismólogo e professor de geofísica da USP Marcelo Assumpção.

Na quinta-feira (5), a Rede Sismográfica Brasileira, localizada entre 150 e 400 km do subdistrito de Bento Rodrigues, devastado pela lama das barragens, registrou seis tremores entre as 13h01 e as 15h59. O mais intenso deles, sentido às 14h13, marcou 2,6 pontos de magnitude. Tremores iguais ou menores a 3 normalmente não são sentidos a mais de 20 km.

"A região leste de Minas tem histórico de sismos (...). O maior tremor nesta parte de Minas Gerais, que se tem registro até hoje, não ultrapassou magnitude 4 na escala Richter", afirma um trecho do relatório.

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A ligação de tremores com rompimento de barragem é pequena, segundo a USP (Foto: Agência Brasil)

Para o professor da USP, o máximo que tremores como os registrados em Mariana podem causar são rachaduras em paredes de casas. "Não há registro de que sismos como esses tenham causado no Brasil alguma ruptura como essa", diz Assumpção. Em estruturas e construções, de acordo com o relatório, os tremores menores que 3 não causam danos e são "sentidos apenas levemente".

O trabalho, porém, sugere que se investigue "condições especiais" que poderiam apontar uma maior interferência dos tremores, como a existência de hipocentros dos sismos bem rasos e próximos às barragens, fatores anteriores que já haviam causado instabilidade na estrutura, pequenas fissuras antes do rompimento total e liquefação do material da barragem.

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"Cada uma dessas possibilidades precisa ainda ser investigada mais a fundo com estudos técnicos apropriados, antes de se chegar a qualquer conclusão útil", diz o estudo.

Mortos

A polícia confirmou nesta segunda (9) o nome da segunda vítima fatal do rompimento de duas barragens na zona rural de Mariana (MG). Com a identificação, há ainda 25 pessoas desaparecidas após a tragédia.

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Segundo o delegado Rodrigo Bustamante, a família de Sileno Narkievicius de Lima, 47, identificou o corpo. Ele era motorista da Integral Engenharia, empresa que prestava serviços à Samarco, mineradora responsável pelas barragens.

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