Cotidiano

Legado de Irmã Dolores é lembrado no Grito dos Excluídos

Madre espanhola que fez história na Baixada Santista foi precursora do ato

Publicado em 07/09/2015 às 01:06

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Excluído: aquele que está às margens da sociedade. Esquecido, invisível, sem voz e sem vez. Ela dedicou a vida ao próximo. Combateu a fome, a miséria, a ignorância e as injustiças sociais. Deixou um legado de amor, esperança e transformação. No último dia 30 de agosto, completou sete anos da morte de Irmã Dolores, madre espanhola que fez história na Baixada Santista, em especial no município de São Vicente. Hoje, quando ocorre o Grito dos Excluídos em todo o País, a lembrança de sua trajetória fica mais forte.

“A Irmã Dolores (na Área Continental) e o Padre Cláudio (no Vila Margarida) foram grandes precursores deste ato em São Vicente. Os dois juntos articulavam lideranças de outras religiões, movimentos sociais e políticos de esquerda, e promoviam atos com meses de antecedência encontros de preparação regados à muita fé, numa outra realidade para os Direitos Humanos no Brasil”, disse Rosana Andrade Leite, assistente social. Ela integrou a Pastoral da Juventude e conheceu, ainda criança, a madre, no Parque das Bandeiras, bairro onde morava na Área Continental.

A assistente social contou que o Grito dos Excluídos era a “menina dos olhos” de Irmã Dolores, pois o evento dava visibilidade às questões sociais do País e a realidade da Região. “Um ônibus recolhia os fiéis no Parque das Bandeiras e passava no Jardim Rio Branco. Outro saia do Humaita. Nos encontrávamos na igreja católica da Vila Margarida e íamos a pé até a Praça Tom Jobim, na Biquinha. Ela, a irmã, fazia questão do Grito percorrer o máximo possível a orla da praia para ‘acordar os ricos’”.

As lembranças de Rosana remetem à influência de Irmã Dolores na formação e na transformação das vidas de muitos jovens, inclusive a dela. “Foi a partir da Pastoral da Juventude, e com o empurrãozinho da Irmã Dolores, que descobri a minha vocação profissional. Ela influenciou muita gente. Hoje são professores da rede de ensino estadual, assistente sociais, advogados, filósofos, padres. Tudo gente que saiu das periferias, das comunidades mais longínquas”. A assistente social é servidora pública e atua na Prefeitura de São Vicente.

Sobre a importância do Grito dos Excluídos e da mensagem deixada por Irmã Dolores, a assistente social é contundente: “Irmã Dolores era incansável em dizer que um outro mundo é possível. Que não devemos nos calar diante das dificuldades. Ela dizia também que Cristo está em cada cidadão excluído desse mundo, esperando que façamos uma sociedade mais justa e inclusiva”.

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Assistente social guarda recordação do Grito dos Excluídos de 1999, ao lado de Irmã Dolores (Foto: Divulgação)

O legado

Foi na Área Continental de São Vicente que Irmã Dolores deixou a sua marca mais forte. Ajudou a consolidar o Jardim Quarentenário, no início da década de 1990, lutando junto com a população por melhorias. No bairro que hoje leva o seu nome, sua memória está presente em um restaurante popular, uma unidade de saúde básica e outra da Mulher (antes Casa de Parto), cinco capelas, uma escola de Ensino Fundamental, uma entidade de ensino profissionalizante e na vida de milhares de pessoas, em especial daquelas que conviveram com ela.

“Ela organizou a população para que fizessem reivindicações. Não tinha nada no Quarentenário. As pessoas foram chegando, colocando quatro paus e uma lona, e formaram suas moradias. Conquistou a Casa de Parto, as capelas, o Bom Prato, a unidade de saúde, a escola Raul e fundou uma escola profissionalizante “, disse Cleuza Maria Coelho da Silva, administradora da Associação Promocional Irmã Dolores.

Grito surgiu em 1994

O Grito dos Excluídos surgiu no Brasil em 1994 e o primeiro ato foi realizado em 1995, com o objetivo de aprofundar o tema da Campanha da Fraternidade daquele ano. A atividade acontece anualmente no dia 7 de setembro e é um espaço aberto a qualquer pessoa, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais.

O tema do Grito dos Excluídos deste ano é “Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”. Em Santos, as atividades têm início às 14 horas, na Paróquia Santa Margarida Maria. Logo em seguida os participantes saem em caminhada para a Paróquia Sagrada Família, no Jardim Rádio Clube, onde será realizada uma missa campal.

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